Obras do Metro na Estrela obrigam peões a dar uma grande volta para poucos metros

As obras para a construção da Linha Circular do Metro de Lisboa estão a condicionar a mobilidade pedonal na Praça da Estrela, onde será a futura estação da Estrela. Agora quem quiser sair do Jardim da Estrela e ir em direcção à Calçada da Estrela vai ter de fazer um grande desvio e percorrer uma…

Fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas

As obras para a construção da Linha Circular do Metro de Lisboa estão a condicionar a mobilidade pedonal na Praça da Estrela, onde será a futura estação da Estrela. Agora quem quiser sair do Jardim da Estrela e ir em direcção à Calçada da Estrela vai ter de fazer um grande desvio e percorrer uma distância que será o triplo daquela que antes percorreria.

De acordo com o Código da Estrada, “a realização de obras nas vias públicas (…) que possam (…) colocar restrições ao trânsito dos peões nos passeios só é permitida desde que autorizada pelas autoridades competentes, e com a correspondente sinalização temporária e identificação de obstáculos”. Acrescenta o Regulamento de Sinalização de Trânsito que todas as obras com duração superior a 30 dias têm de ter um projecto ou manual de sinalização temporária “tendo em vista prevenir os utentes das condições especiais de circulação”, transmitindo “as obrigações, restrições ou proibições especiais que temporariamente lhes são impostas”. O Código da Estrada refere também que “no caso de realização de obras que coloquem restrições ao trânsito nos passeios, é obrigatório assegurar a comunicação entre os locais servidos pelo passeio, de forma a garantir a segurança e a circulação”.

As obras para escavar a futura estação de Metro da Estrela iniciaram-se no passado mês de Abril no antigo Hospital Militar. Por enquanto, a intervenção, que está entregue à empresa de construção Zagope, estará a respeitar o Código e o Regulamento mas, apesar disso, a causar um grande embaraço à circulação pedonal, com a sinalização temporária a forçar o peão a dar uma grande volta uma vez que cerca de 70 metros de passeio entre a saída do Jardim e a Calçada da Estrela estão bloqueados.

Se quiser fazer tudo segundo as regras do Código da Estrada, o peão terá agora de atravessar três passadeiras (não rebaixadas) contíguas até à frente da Basílica da Estrela, contornar a Basílica um pouco, atravessar mais uma passadeira, contornar um quiosque e depois um estacionamento numa trajectória circular, passar mais uma passadeira, contornar outro pequeno edifício, esperar num semáforo pelo verde e atravessar mais essa passadeira, chegar finalmente à Calçada da Estrela e, por último, fazer um último atravessamento semaforizado para ir para o lado da Calçada onde se encontrava.

A amarelo o trajecto alternativo seguindo todas as regras do Código da Estrada; a azul o trajecto existente antes das obras (imagem via Google Earth, modificada por Lisboa Para Pessoas)

Todo esse esforço representa cerca de 210 metros, ou seja, o triplo da distância que numa situação normal o peão necessitaria de percorrer. No local, várias pessoas arriscam atravessar em linha recta o longo espaço alcatroado que existe à frente do Jardim da Estrela, apesar da velocidade de alguns automóveis – o Lisboa Para Pessoas viu uma senhora a fazê-lo mesmo com um bebé ao colo. Outras pessoas decidem fazer na estrada os tais 70 metros, apesar da sinalização bem visível a proibir a passagem. O Lisboa Para Pessoas constatou também vários peões baralhados com a proibição e sem saber muito bem por onde ir, mas observou também quem respeitasse o desvio e pelo menos o seguisse nas três passadeiras que permitem o atravessamento para o lado da Basílica, improvisando aí uma travessia pelo meio do estacionamento automóvel.

Dois moradores da zona, ouvidos pelo Lisboa Para Pessoas, contam que nos primeiros dias um agente da PSP que estaria a acompanhar as obras dava instruções aos peões para não atravessarem no caminho que seria para eles mais directo, forçando-os a fazer o desvio completo. Os mesmos residentes lamentam o incómodo causado à mobilidade pedonal, dizendo que se houvesse algum impedimento à circulação automóvel seria criado um desvio cómodo e mais directo. Apelidam a sinalização temporária imposta ao peão de abjecta.

Reconheça-se que outra solução não seria fácil, uma vez que o corte ou o desvio do trânsito ao lado do passeio interdito implicaria transtornos ao eléctrico que ali passa nos carris. Contudo, poderiam ser colocadas umas passadeiras temporárias que reduzissem o transtorno causado à mobilidade pedonal, diminuindo, por exemplo, os sete atravessamentos que uma pessoa terá hoje de fazer (para cumprir o Código da Estrada à risca) para três ou quatro. Está previsto as obras na Praça da Estrela terminarem só no início de 2023, não se sabendo ainda que outras condicionantes à circulação pedonal e viária irão causar.

Exemplo de umas passadeiras temporárias na zona do Saldanha (fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas)
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