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Cicla: um registo para que a tua bicicleta possa ser localizada em caso de roubo

Dois amigos lançaram a Cicla com a ambição de criar uma base de dados nacional de velocípedes – para que seja possível acompanhar o percurso de vida de uma bicicleta do início ao fim, como já acontece com os automóveis.

Em 2018, Eduardo decidiu converter a maioria das suas viagens entre o trabalho e casa. Do habitual carro para bicicleta. Era uma opção com lógica económica e ajudaria a melhorar os índices físicos e mentais. Para isso, investiu numa bicicleta eléctrica. Utilizou-a durante oito meses até que o veículo foi roubado à porta do seu escritório, onde tinha ficado tantas vezes estacionada antes.

O roubo de bicicletas é uma realidade em Lisboa, tal como o é noutras capitais e cidades. E a inexistência de um sistema centralizado e nacional de registo de bicicletas leva a que muitas vezes, mesmo que reportem o furto às autoridades, os donos não consigam recuperar os seus veículos. Em França, por exemplo, passou a ser obrigatório a 1 de Janeiro de 2021 que todas as novas bicicletas vendidas o sejam com um número de registo, regra que se passou a aplicar também a bicicletas usadas desde 1 de Julho desse ano. Para velocípedes anteriores a 2021, o registo tornou-se recomendado.

Com essa base de dados nacional, as autoridades francesas ou compradores conseguem facilmente identificar bicicletas furtadas que sejam postas à venda em plataformas como o OLX ou em feiras de rua, e facilmente localizar os proprietários originais ou reportar o caso à polícia. França decidiu apostar neste sistema de registo como parte do plano do Governo para aumentar a utilização da bicicleta no país.

Eduardo Ferreira e o seu amigo Daniel Rita, entusiasta das duas rodas como lazer, decidiram lançar o Cicla no Dia Mundial da Bicicleta, que se assinalou a 3 de Junho – uma nova plataforma que tem a ambição de se tornar um “registo nacional de bicicletas” em Portugal. No Cicla, qualquer pessoa com uma bicicleta é convidada a criar uma conta e a registar o seu pertence (P.S. – não o faças com o Google/Facebook porque dá erro). Uma vez feito o registo, podes imprimir e aplicar o código identificador no teu velocípede – a Cicla diz que reduzes o risco de roubo se tornares visível que usas a plataforma.

A Cicla (captura de ecrã por Lisboa Para Pessoas)

De acordo com a Cicla, o registo da bicicleta é vitalício, ou seja, se a bicicleta for vendida ou oferecida, a mesma pode ser transferida para o novo proprietário através do site, na opção “Transferir Bicicleta”; o novo dono irá receber uma notificação da transferência e deve aceitar a propriedade da mesma, introduzindo um código de transferência, e a bicicleta passará a constar no perfil do novo utilizador. Contudo, o histórico completo dessa bicicleta no portal Cicla fica sempre disponível para o proprietário original da bicicleta. Paralelamente, a Cicla pretende trabalhar com parceiros como lojas que registem as bicicletas vendidas directamente na plataforma.

A ideia por detrás da Cicla é a existência de uma base de dados nacional de velocípedes para que seja possível acompanhar o percurso de vida de uma bicicleta do início ao fim, como já acontece com os automóveis. A Cicla quer ajudar a combater as transações de bicicletas roubadas e os furtos, ajudando na identificação de bicicletas e seus proprietários.

Além da criação de uma conta e do registo da sua bicicleta própria, as pessoas podem recorrer à Cicla para registar uma bicicleta roubada – os infortunados podem reportar o infeliz acontecimento e respectiva localização do sucedido na Cicla, adicionar detalhes e fotografias do veículo, e esperar que a sua companheira de duas rodas seja encontrada. A Cicla tem ainda uma secção dedicada à compra e venda de bicicletas.

Em comunicado, Eduardo e Daniel dizem que o objectivo com a Cicla é que “nenhum roubo fique por reportar e nenhuma transação seja feita sem garantir a real proveniência e o respectivo proprietário” e acreditam que, “se todos os utilizadores de bicicleta utilizarem esta plataforma, os roubos irão reduzir substancialmente”.

Se a Cicla se vai tornar no “registo nacional de bicicletas” por excelência em Portugal não sabemos ainda, mas a ambição existe e pelo menos o primeiro passo está dado. Os próximos passos também dependem da adesão das pessoas à plataforma.