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Alcântara-Terra, a estação ferroviária que fecha ao fim-de-semana

Alcântara vai ter uma estação de Metro dentro de três/quatro anos, mas actualmente não tem sequer tem comboio ao fim-de-semana.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Prevê-se que o Metro chegue a Alcântara em 2025/2026 com o prolongamento da Linha Vermelha, aproximando a zona ocidental do centro da cidade. Mas Alcântara já está ligada ao coração de Lisboa através do comboio. Como o seu nome indica, a Linha de Cintura – tantas vezes esquecida – circunda Lisboa, conectando por ferrovia pesada as partes ocidental, central e oriental da cidade. Esta Linha é uma autêntica espinha dorsal da capital; em Alcântara-Terra, a Linha da Azambuja sobrepõe-se à Linha da Cintura. Daquela estação, partem comboios que param em Campolide, Sete Rios, Entrecampos, Roma-Areeiro, Chelas, Marvila, Braço de Prata, Oriente, Moscavide e Sacavém, antes de seguirem em direcção a Castanheira do Ribatejo ou Azambuja. Mas isto tudo só durante a semana. Aos fins-de-semanas e feriados, Alcântara-Terra é fechada e aquela zona da cidade – que no futuro será uma grande interface intermodal – fica mais isolada.

Alcântara-Terra é a única estação ferroviária do país, localizada numa grande cidade, sem comboios fora dos dias úteis. Depois da chegada do último comboio de Castanheira do Ribatejo, à 1h05 de sábado, a estação é fechada e só volta a abrir na madrugada de segunda-feira, com o primeiro comboio a partir às 5h56. Uma corrente e uma mensagem a indicar que o espaço está “interdito a pessoal não autorizado” sinalizam o encerramento da estação. Aos fins-de-semana e feriados, os comboios da Linha da Azambuja ficam em Santa Apolónia, forçando os passageiros que queiram chegar a Alcântara a trocar para um autocarro da Carris e a apanhar a Linha de Cascais no Cais do Sodré. Daqui podem, por fim, sair em Alcântara-Mar ou mesmo seguir para as praias de Oeiras e de Cascais. Como nota o Público, durante a semana, os passageiros vindos da Linha da Azambuja conseguem chegar em 1h30 às praias da linha, mas com os horários de fim-de-semana e o fecho de Alcântara-Terra essa viagem pode ficar bem mais demorada.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

A CP deixou de levar os comboios da Linha da Azambuja a Alcântara-Terra aos fins-de-semana e feriados em 14 de Junho de 2015 por alegada falta de procura. Contactada pelo Lisboa Para Pessoas, a operadora ferroviária explicou que, em 2017, testou um regresso dos comboios a Alcântara-Terra durante o período de Verão, com uma oferta especial aos fins-de-semana no período entre 15 de Julho e 27 de Agosto desse ano. “A procura verificada foi, em média, de cerca de 50 pessoas por comboio”, disse a CP, desconhecendo-se que esforço de comunicação foi feita na altura, podendo influenciar a procura por este serviço. Por outro lado, estes dados baseiam-se apenas nas validações em Alcântara-Terra; segundo o jornal Público, nesta estação há apenas um validador “escondido” atrás da máquina automática de venda de bilhetes que se apresenta várias vezes inoperacional e que normalmente é apenas utilizado por quem compra esses bilhetes ocasionais, e não por quem tem passe mensal.

O encerramento de Alcântara-Terra ao fim-de-semana não afecta só o acesso às praias da linha para quem vem dos lados da Azambuja; com os comboios desviados para Santa Apolónia, os passageiros do norte de Lisboa também ficam perdem a ligação directa às estações centrais da cidade, como Roma-Areeiro, Entrecampos e Sete Rios. Por outro lado, a população de Alcântara fica mais longe de Campolide, onde pode apanhar o comboio da Fertagus para a margem sul (e vice-versa), ou de Sete Rios, onde pode apanhar o comboio de longo curso da CP em direcção ao Algarve. A alternativa para chegar a essas duas estações são os autocarros da Carris ou, no caso do acesso à margem sul, os da Carris Metropolitana, que também param em Alcântara.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

“A actual oferta dos Comboios Urbanos de Lisboa decorre da monitorização permanente da procura, que tem por objetivo identificar as efetivas necessidades de mobilidade das populações e apresentar soluções com o objectivo de incrementar os níveis do serviço prestado”, diz a empresa. A CP admite que efectuar novos estudos de procura aquando da modernização da Linha de Cascais e da futura ligação desta à Linha de Cintura em Alcântara, mas também quando o Metro chegar a esta zona da cidade, “no sentido de ser implementada a oferta mais adequada às necessidades dos clientes”. Certo é que, com o prolongamento da Linha Vermelha, Alcântara ficará ligada à zona central e também oriental da cidade, através das estações do Saldanha e do Oriente, por exemplo. “Actualmente são realizados 70 comboios diários que representam mais de 62 mil lugares oferecidos” na AML, “sendo que a procura diária média nas horas de ponta do inicio e final do dia ronda os 50%, nos restante período do dia é na ordem dos 30%”.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Se todos os planos correrem como previsto, Alcântara vai ser num futuro não muito distante uma grande interface intermodal da cidade de Lisboa. Além dos projectos de requalificação de espaço público previstos, que darão um novo ar a toda aquela zona que hoje é profundamente dominada pela rodovia, está previsto Alcântara receber a Linha Vermelha do Metro de Lisboa, que estará ligado ao futuro metro de superfície LIOS Ocidental, e ainda uma nova estação ferroviária subterrânea, que unirá as Linhas de Cintura e de Cascais e que estará devidamente conectada ao Metro e ao LIOS. Por Alcântara, já passam diversas linhas de autocarro da Carris e da Carris Metropolitana; também se prevê o reforço da rede ciclável e da GIRA nesta zona, com ligações tanto a Campolide, pela Avenida de Ceuta, como a Belém e ao Cais do Sodré pelas avenidas da Índia e 24 de Julho.