Há lixo acumulado, ervas daninhas, mau cheiro e superfícies sujas nos dois hangares para bicicletas que a Câmara de Lisboa instalou, em 2019/20, em Entrecampos e no Marquês de Pombal. Estruturas custaram cerca de 35 mil euros.
O hangar para bicicletas instalado junto à estação ferroviária de Entrecampos, no final de 2019, pela Câmara de Lisboa, costumava abrir e fechar com uma aplicação para telemóvel e um código: só os utilizadores registados podiam usá-lo. Agora basta puxar o manípulo. E se antes podíamos encontrar este estacionamento relativamente cheio, agora só duas ou três bicicletas costumam estar parqueadas no seu interior.
A Câmara de Lisboa instalou este hangar em Outubro de 2019, no âmbito de um projecto europeu. Com capacidade para oito bicicletas, o equipamento contava com videovigilância, um kit de ferramentas, uma mini estação de medição do ar e alimentação energética através de painéis solares e também de um sistema eólico.
Hoje, o gerador eólico já não existe e os seis painéis solares foram reduzidos a um apenas. Também já não existem ferramentas dentro da estrutura, que apresenta, aliás, sinais de abandono. Há lixo acumulado, ervas daninhas, mau cheiro, vidro sujo e alguns graffitis. Já o sistema tecnológico que antes mantinha o hangar fechado e restringia o acesso a utilizadores registados parece não estar a funcionar – é possível abrir a caixa puxando o manípulo manual para cima e depois fechá-la de igual modo.
O hangar de Entrecampos proporcionava conforto e segurança a quem quisesse combinar o comboio com a bicicleta, deixando esta última em segurança, numa zona coberta, vigiada e longe das condições climatéricas adversas e do vandalismo. Este hangar continua a ser um estacionamento coberto para bicicletas mas que qualquer pessoa pode abrir e fechar – sem registo, sem código, sem aplicação.
Meses depois do hangar de Entrecampos, a Câmara de Lisboa instalou um outro na Rua Mouzinho da Silveira, na zona empresarial do Marquês de Pombal. A infraestrutura, ali colocada em Março de 2020, pouco antes do primeiro confinamento, oferece espaço para pelo menos 10 bicicletas, incluindo bicicletas de maior tamanho e bicicletas de carga. Tal como o de Entrecampos, este hangar funcionava de igual forma: registo gratuito na app PVerde e desbloqueio da porta por bluetooth ou através de um código numérico pessoal.
O hangar do Marquês de Pombal continua operacional através da aplicação, mas o seu interior apresenta sujidade, mau cheiro e algum lixo acumulado – sinais também de abandono. De referir que a app utilizada para aceder a este hangar é a PVerde, que não se encontra sequer traduzida para português, apresentando uma interface pouco intuitiva em espanhol.
No portal Base.gov, está disponível um contrato no valor aproximado de 20 mil com a empresa Easy Cycle, por ajuste directo, para fornecimento do “bike hangar” do Marquês de Pombal. O documento data de Novembro de 2019; a empresa contratada ficou responsável pela instalação do hangar, por suportar os “custos de funcionamento e manutenção do sistema de gestão de acessos” e por entregar à CML toda a documentação do equipamento e acessos à base de dados. Já o hangar de Entrecampos custou 14,8 mil euros, num ajuste directo à empresa espanhola Intelligent Parking SL.
Em 2021, a EMEL apresentou uma rede de 13 BiciParks em 13 dos parques de estacionamento automóvel, disponibilizando um total de 238 lugares cobertos e vigiados para bicicletas. Ao contrário dos hangares instalados pela Câmara de Lisboa na rua, os BiciParks da EMEL funciona com o cartão Navegante e com uma activação mensal do serviço. Os hangars de Entrecampos e do Marquês nunca foram integrados nesta rede de BiciParks e/ou renovados com o mesmo sistema de acesso, facilitando a sua utilização. Parecem deitados ao abandono.