Carlos Moedas ganha em Lisboa, reforçado. Maria das Dores Meira reconquista Setúbal, apesar de não ter ficado muito longe do adversário do PS. Há mais dois movimentos independentes a liderar câmaras na região e, na Margem Sul, o Chega esteve taco a taco com a CDU em Sesimbra e Palmela.

O mapa político da região metropolitana de Lisboa mudou, mas não tanto quanto se esperava. Carlos Moedas ganha em Lisboa, ficando perto da maioria absoluta. Maria das Dores Meira reconquista Setúbal, apesar de não ter ficado muito longe do adversário do PS. Há mais dois movimentos independentes a liderar câmaras na região e, na Margem Sul, o Chega esteve taco a taco com a CDU, perdendo, ainda assim, para os comunistas.
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Os concelhos mais importantes

Em Lisboa, Carlos Moedas ganhou mais um vereador, passando de sete para oito. A esquerda ficou com sete vereadores (incluímos a coligação Viver Lisboa e a CDU nesta análise), tendo perdido três vereadores em relação a 2021. Aliás, a CDU tinha dois vereadores e fica com apenas um eleito. Já a coligação do PS tinha, em 2021, conseguido sete vereadores e o BE um; agora, a coligação Viver Lisboa (que incluiu o BE) fico com seis vereadores. Portanto, de 10 vereadores de esquerda na Câmara de Lisboa, ficam agora sete. O Chega estreia-se no executivo municipal com dois vereadores. Na Assembleia Municipal, a CDU mantém o mesmo número de deputados, seis. De resto, há poucas alterações.
As projecções avançadas às 20 horas deram um empate técnico entre Carlos Moedas e Alexandra Leitão, criando um impasse durante toda a noite em Lisboa. Mas, à medida que as horas avançaram, os socialistas foram percebendo que seria difícil ganharem a autarquia:
| Candidato | RTP | SIC/TVI |
|---|---|---|
| Carlos Moedas (PSD) | 37% – 42% | 37% – 42% |
| Alexandra Leitão (PS) | 37% – 42% | 34% – 39% |
| João Ferreira (CDU) | 8% – 11% | 9% – 12% |
| Bruno Mascarenhas (CH) | 7% – 10% | 8% – 11% |
Em Sintra, ganhou Marco Almeida, do PSD, que se candidatava pela terceira vez aquela autarquia. Teve 33,86% dos votos, à frente de Ana Mendes Godinho (PS/Livre) com 31,67%. Rita Matias, do Chega, conseguiu apenas 23,38%, aumentando os vereadores de um para três. A CDU deixou de ter representação nesta Câmara.
As projecções deixaram alguma esperança para Ana Mendes Godinho, mas a vitória de Marco Almeida era mais provável:
| Candidato | RTP | SIC/TVI |
|---|---|---|
| Marco Almeida (PSD) | 33% – 37% | 32% – 37% |
| Ana Mendes Godinho (PS) | 32% – 36% | 30% – 35% |
| Rita Matias (CH) | 19% – 22% | 19% – 24% |
A CDU perdeu Setúbal, como se previa. Maria das Dores Meira ganhou com 29,91%. Foi à justa. Fernando Jorge, do PS, teve 27,48%, ou seja, menos 1 338 votos. Na Assembleia Municipal, há praticamente um empate entre as listas de Dores e do PS – estão separadas por apenas 43 votos. Voltando à Câmara, a CDU conseguiu apenas um vereador, o que significa que perdeu quatro: André Martins, actual Presidente da Câmara, vai assim deixar esse cargo e passar a ser um mero vereador.
| Candidato | RTP | SIC/TVI |
|---|---|---|
| Maria das Dores (Ind) | 29% – 34% | 27% – 32% |
| Fernando José (PS) | 27% – 31% | 26% – 31% |
| António Cachaço (CH) | 16% – 21% | 16% – 20% |
| André Martins (CDU) | 10% – 13% | 9% – 13% |
CDU segura Margem Sul, mas Chega aproxima-se

Sobre os resultados na região, na Margem Norte, o PS manteve Vila Franca de Xira, Loures, Amadora e Odivelas. O PSD ficou com Cascais, Sintra e Lisboa. Mafra mantém-se no actual Presidente, um independente que saiu do PSD.
- em Loures, o socialista Ricardo Leão reforçou a sua liderança, com o PS a conquistar mais dois vereadores em relação a 2021 e a conseguir 23,88% dos votos. O Chega passou a ser a 2ª força política com 20,67% e dois vereadores; a CDU perde três vereadores, ficando com apenas um;
- na Amadora, Vítor Ferreira, o actual Presidente de Câmara, conseguiu a reeleição, destronando a candidata do PSD, Suzana Garcia. Ainda assim, a distância encurtou em relação a 2021, quando Suzana Garcia também se candidatou: agora, PS e PSD ficam com quatro vereadores (33,00% e 30,01%, respectivamente); em 2021, o PS tinha eleito sete vereadores (43,88%) e o PSD três (24,55%). O Chega elegeu dois e a CDU um;
- em Oeiras, a coligação Evoluir Oeiras (Livre, BE e Volt) sai da composição da Câmara Municipal. A vereadora Carla Castelo não conseguiu, assim, a reeleição, mas a coligação continuará representada na Assembleia Municipal com dois deputados (perdeu um). Já Isaltino Morais reforçou a sua votação no concelho;
- em Cascais, o PSD ganhou, sem grandes surpresas, e o independente João Maria Jonet conseguiu eleger dois vereadores, tendo ficado em terceiro lugar com 14,71% e mais de 13 mil votos. Ficou muito perto do PS, que conseguiu o segundo lugar com 16,18% e 1 317 votos de diferença. O resultado acabou com a maioria absoluta do PSD no concelho;
- em Mafra, o actual Presidente da Câmara, Hugo Moreira Luís, um ex-PSD que concorria como independente, foi reeleito ainda que com uma muito curta diferença em relação ao seu adversário do PSD – apenas 146 votos. Hugo conseguiu 33,49% e quatro vereadores, e o PSD 33,15% e três vereadores.
Na Margem Sul, o PS mantém Almada, Barreiro e Alcochete, sem surpresas. O Chega teve um crescimento expressivo na Moita, em Palmela e em Sesimbra, aqui mais concretamente na Quinta do Conde, mas não ganhou câmaras. O Montijo passou para um independente.
- na Moita, o PS conseguiu segurar a câmara, apesar da subida gigante do Chega neste município. Ficou com 35,60%, uma descida em relação aos 37,63% de 2021, mas mantém os mesmos quatro vereadores. A CDU passa para terceira força, ficando com dois vereadores (metade em relação a 2021), e o Chega ganha o estatuto de segunda força, aumentando de um para três vereadores. Na Assembleia Municipal, o jogo de forças é parecido;
- no Montijo, ganhou o movimento independente Montijo com Visão e Coração (MVC), encabeçado por Fernando Caria, pondo fim a 28 anos de PS no concelho. Ganhou com 27,48%, perto dos 24,79% do Chega, a segunda força política. O MVC conseguiu três vereadores e o Chega dois; já o PS, que em 2021, tinha três vereadores, ficou reduzido a um; o PSD perdeu um dos dois vereadores que tinha; a CDU deixou de estar representada na câmara, tendo perdido os seus dois vereadores. Na Assembleia Municipal do Montijo, ganhou o Chega com mais 53 votos que o MVC;
- a CDU conseguiu manter Sesimbra, Seixal e Palmela, esta um dos seus bastiões. Em Sesimbra, foi por pouco: o Chega surge em segundo com apenas menos 147 votos; em terceiro, está o PS com menos 279 votos que a CDU. A freguesia de Quinta do Conde é onde o Chega mais cresceu em Sesimbra e onde conseguiu este resultado. Na Assembleia Municipal, Chega aparece em primeiro, seguido do PS e da CDU, ainda que com poucas diferenças de votos;
- em Palmela e no Seixal, o Chega tornou-se também a segunda força política, ficando à frente do PS. Na Assembleia Municipal de Palmela, o Chega também venceu. No Seixal, a distância da CDU para o Chega é superior.
Moedas perde Arroios
Olhando para as Assembleias de Freguesia, a votação mantém, de uma forma geral, os resultados de 2021 com duas excepções: a coligação liderada pelo PSD ganhou Campo de Ourique e Campolide ao PS (Campo de Ourique fica laranja e Campolide é a primeira freguesia presidida pela IL). Já a a coligação de esquerda, comandada pelo PS, reconquistou Arroios à coligação de direita de Moedas. Isto significa que a centrista Madalena Natividade, Presidente da Junta de Arroios nestes quatro anos, perdeu para o independente João Jaime Pires, ex-director do Liceu Camões que encabeçou a lista da coligação do PS, Livre, BE e PAN.
Em 2021, Arroios tinha passado para a coligação de Carlos Moedas, numa altura em que a ciclovia da Almirante Reis era uma polémica acesa e em que a anterior presidente, do PS, se viu envolvida numa controvérsia relacionada com a utilização abusiva de recursos da junta – nomeadamente a contratação de serviços e despesas de representação –, o que levantou dúvidas sobre a sua gestão e acabou por fragilizar a sua posição política.
Noutra nota: Carnide mantém-se CDU, apesar de a votação para a Câmara e Assembleia Municipal ter sido, desta vez, na coligação liderada pelo PSD e não na do PS.












