Avenida do Brasil repaved. But no ambition for public transport

As repavimentações beneficiam o transporte público, mas também podem representar oportunidades perdidas. Na Avenida do Brasil, vai continuar em falta um corredor BUS contínuo para evitar que os autocarros fiquem presos no trânsito, bem como uma solução para os conflitos entre ciclistas, peões e passageiros nas zonas das paragens.

A Avenida do Brasil é um importante eixo de transporte público da cidade (fotografia LPP)

A Câmara de Lisboa está a repavimentar a Avenida do Brasil, um importante eixo de transporte público que liga ao terminal rodoviário do Campo Grande. A avenida receberá um novo piso de asfalto, melhorando o conforto das viagens de autocarro. No entanto, não será criado um novo corredor BUS ao longo de toda a artéria, por onde passam pelo menos 12 carreiras.

Na verdade, os trabalhos de repavimentação não vão alterar o perfil rodoviário da Avenida do Brasil nem interferir com as áreas de passeio, ciclovia e estacionamento. A sinalização horizontal será reposta após a obra, mantendo-se como antes. Segundo a Câmara de Lisboa, “está prevista a repavimentação da Avenida do Brasil e a repintura da sinalização horizontal existente, mantendo o corredor BUS actual no arruamento”.

Na Avenida do Brasil circulam, pelo menos, 12 linhas de autocarro urbanas e suburbanas (fotografia LPP)

Actualmente, a Avenida do Brasil tem um corredor BUS no troço junto à Rotunda do Relógio, mas este termina muito antes do cruzamento com a Avenida 31 de Janeiro. Um corredor BUS contínuo ao longo de toda a avenida aumentaria a velocidade das linhas da Carris e da Carris Metropolitana, muitas das quais passam ou terminam no terminal do Campo Grande, a principal interface rodoviária da cidade. Passam pela Avenida do Brasil sete carreiras da Carris (46B, 717, 731, 750, 755, 767 e 783) e cinco da Carris Metropolitana (2713, 2736, 2795, 2841 e 2842). No total, são 12 serviços com várias frequências por hora. “Neste momento, está a ser avaliada toda a rede de corredores BUS de Lisboa, incluindo este arruamento. Pretendemos, assim,  melhorar o desempenho do transporte público em toda a cidade”, diz o departamento de comunicação do Município ao LPP.

Por agora, não vai haver corredor BUS contínuo na Avenida do Brasil, mas a via mais à direita em cada sentido será repavimentada com um material mais robusto devido ao tráfego elevado de autocarros, garantindo assim uma maior durabilidade do piso.

Repavimentação da Avenida do Brasil (via CML)

Recortes mantém-se, mas com piso mais resistente

Após a repavimentação, a única mudança visualmente significativa na Avenida do Brasil será nos recortes das paragens de autocarro. O pavimento empedrado, irregular e cheio de buracos está a ser substituído por um piso de asfalto, que é, por norma, mais resistente. Isso proporcionará mais conforto aos passageiros e ajudará a preservar os veículos de transporte público, objectivos para os quais a repavimentação completa da avenida também contribuirá.

Não adianta ter autocarros novos se depois estes circulam em estradas com irregularidades, e Lisboa tem muitos pisos em mau estado, fruto de ser uma cidade antiga e com défices de manutenção ao longo dos anos. Note-se que a frota de autocarros na área metropolitana de Lisboa tem sofrido uma renovação substancial nos últimos anos. Os autocarros suburbanos, que ligam Lisboa aos municípios em redor, são todos veículos novos ou relativamente novos desde a entrada em funcionamento da Carris Metropolitana, há dois anos. Já em Lisboa, a frota da Carris tem vindo a ser gradualmente modernizada e actualizada. A repavimentação das vias é importante para a durabilidade destes veículos novos e dos respectivos investimentos públicos, e proporciona ainda conforto aos passageiros durante as viagens.

Transporte público prioritário?

Embora um novo piso na Avenida do Brasil seja uma boa notícia também para o transporte público, a obra poderia ser mais ambiciosa. Além de não estar a ser aproveitada a intervenção para criar um corredor BUS contínuo em toda a avenida, os recortes nas paragens de autocarro vão manter-se, apesar de se saber que esse desenho não favorece a velocidade dos autocarros, como já admitiram técnicos da Câmara de Lisboa em alguns debates públicos. Na Avenida da República, por exemplo, há um corredor BUS e os autocarros param na via, tornando o fluxo destes mais eficiente.

Todavia, segundo o departamento de comunicação da autarquia, “a situação da Avenida do Brasil é distinta da Avenida da República, pois nessa avenida existem corredores contínuos e duas vias de transporte individual, e de via BUS”. No caso da Avenida do Brasil, “foi necessário manter os recortes para garantir um melhor desempenho do transporte público, tendo em conta os inúmeros conflitos existentes”, nomeadamente com o trânsito automóvel, que ficaria bloqueado se um autocarro parasse a meio da via de circulação, que, ao contrário da Avenida da República, não é exclusiva.

Por outro lado, a manutenção dos recortes para os autocarros significa que continuará a haver estrangulamento entre peões e ciclovia em vários pontos da Avenida do Brasil, onde ambos os modos têm de partilhar um espaço estreito entre as paragens e o edificado. Contudo, a autarquia diz estar atenta a este problema e avança que “estão a ser avaliados todos os constrangimentos com o peão e a ciclovia, de modo a minorar o impacto dos conflitos existentes” – conflitos que foram também identificados no âmbito da auditoria de Moedas à rede ciclável.

Semáforos prioritários para autocarros

Um semáforo na Avenida do Brasil (fotografia LPP)

Mesmo sem um corredor BUS contínuo e sem recortes, a Câmara de Lisboa vai melhorar a mobilidade do transporte público na Avenida do Brasil com semáforos a dar prioridade aos autocarros. O projecto-piloto, inserido na iniciativa europeia C-Roads – Cooperative Streets, visa “operacionalizar a prioridade aos veículos de transporte público e veículos de emergência nas interseções reguladas por sinalização luminosa” neste eixo, estando a ser preparado autarquia e pela Carris. Ainda não há datas para a implementação.

“Usando o mesmo princípio, mas aplicando-o de formas distintas, os veículos pesados de passageiros da Carris irão obter prioridade de passagem, consoante a sua prestação e mediante o grau de disponibilidade da intersecção. Por comparação, a prioridade a atribuir a um veículo do Regimento Sapadores Bombeiros (RSB) que circule em emergência será total”, explica a Câmara. “Perspetivam-se benefícios operacionais, quer para a Carris, com o aumento da velocidade comercial, quer para o RSB, com a diminuição do tempo de resposta, factor crucial numa situação de emergência.”

Além da Avenida do Brasil, a Câmara de Lisboa está a repavimentar outros eixos importantes, como a Estrada da Luz, a Calçada da Estrela e algumas ruas em Arroios e Benfica. Estas repavimentações são bem-vindas não só para quem utiliza os transportes públicos, mas também para quem circula de carro, mota e também de bicicleta.

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