Lisboa vai ter uma nova linha de eléctrico em condições similares a um metro de superfície. O 16E substitui o projecto do LIOS Oriental e irá ligar o centro da cidade ao Parque das Nações. O início da operação está apontado para 2028.

“É um eléctrico?”, pergunta um rapaz aos amigos, enquanto passam de bicicleta à frente de um eléctrico amarelo da Carris estacionado no meio da Alameda dos Oceanos. “Não, é um metro”, corrige um deles. Na verdade, será um eléctrico em condições similares a um metro de superfície. A Carris apresenta, esta terça-feira, a futura carreira 16E, uma linha de eléctrico em via dedicada entre a Praça do Comércio e o Parque Tejo. O projecto, que substitui o LIOS Oriental, tinha sido revelado no final de 2023 pelo Vice-Presidente da Câmara de Lisboa.
35 minutos de viagem
O 16E vai permitir uma ligação entre o centro da cidade e a zona oriental, prolongando o corredor ribeirinho de eléctrico já existente com o 15E, entre a Praça do Comércio e a zona ocidental (Belém/Algés). A linha 16E vai ter 12 quilómetros, 18 paragens e promete ligar em 15 minutos a Praça do Comércio à zona sul do Parque das Nações (22 minutos à zona central do Parque das Nações). Já uma viagem completa até ao Parque Tejo, deverá demorar 35 minutos, em vez dos actuais 60 minutos.

O percurso do 16E passará pelas frentes ribeirinhas de seis freguesias: Santa Maria Maior, São Vicente, Penha de França, Beato, Marvila e Parque das Nações. Segundo a Carris, irá garantir “destinos directos a todas as áreas adjacentes e interfaces com os transportes públicos perpendiculares ao rio”, como as linhas Verde, Azul e Vermelha do Metro, as estações de comboio de Santa Apolónia, Braço de Prata, Oriente e Sacavém, e ainda com o futuro BRT de Loures.
Prevê-se que estas sejam as 18 paragens do 16E: Terreiro do Paço; Terminal de Cruzeiros; Santa Apolónia; Mouzinho de Albuquerque; Xabregas; Fábrica de Unicórnios; Marvila; Poço do Bispo; Braço de Prata; Matinha; Parque das Nações Sul; Oceanário; Estação Oriente; Torre Vasco Gama; Alameda Oceanos Norte; Rotunda da Colômbia; Parque Tejo; Parque das Nações Norte.

De acordo com a Carris, o eléctrico funcionará em canal dedicado, atravessando a cidade sem depender do trânsito e sem barreiras no percurso. Ao contrário do que acontece com o 15E, este novo eléctrico terá prioridade semafórica para permitir que os horários definidos sejam cumpridos e o tempo de deslocação na cidade seja reduzido ao longo do seu percurso. Nas passadeiras mais utilizadas também vão ser utilizados semáforos.
Eléctrico em toda a linha ribeirinha de Lisboa
O 16E, que garante a continuidade da linha ribeirinha de Algés ao Parque das Nações, vai “oferecer uma cadência garantida e frequente e contribuir para posicionar Lisboa como uma cidade mais sustentável, com mais mobilidade e ligações mais rápidas”. “Este empreendimento vem no seguimento do projecto do troço oriental da linha de eléctricos rápidos de Lisboa, em estudo há mais de 30 anos”, says Carris. “A infraestrutura ferroviária ligeira apresenta maior fiabilidade, um período de vida útil mais alargado e é indicada para esta tipologia de linha estruturante na cidade de Lisboa, captando segmentos de procura mais vastos.”

O estudo de procura já realizado prevê que esta nova linha venha a transportar 7,6 a 8,1 milhões de passageiros por ano. No âmbito deste estudo estima-se que entre 16 a 18% dos passageiros sejam novos utilizadores de transporte público. Prevê-se que o 16E custe 160 milhões de euros, o que inclui não só a construção da linha mas também a aquisição de material circulante. Os benefícios do 16E estão estimados em 298 milhões de euros.
Entre 2023 e 2024, foram realizados os primeiros estudos de procura e viabilidade do projecto. Neste momento, ainda estão em estudo várias opções de traçado para a passagem do eléctrico; a melhor opção será escolhida com base no estudo de impacte ambiental, que está a ser desenvolvido em simultâneo com o programa base. Independentemente dos estudos, a solução a implementar vai ter em consideração os eixos arbóreos existentes. Quer o programa base, qer a avaliação de impacto ambiental deverão ficar prontos este ano para que em 2026 se possa fazer o concurso público para contratação da empreitada. Prevê-se que a construção da linha de eléctrico em 2027 e que em 2028 se dê início à operação.
16E é o antigo LIOS Oriental
A construção do 16E substitui o anterior projecto do LIOS Oriental, que previa uma linha de eléctrico de superfície entre Santa Apolónia e o Parque das Nações. Nesse projecto, o 15E seria prolongado até Santa Apolónia, ligando-se aí ao LIOS Oriental, que faria ligação ao concelho de Loures, nomeadamente às zonas de Sacavém e da Portela. Em cima da mesa, estão agora dois projectos: o 16E na zona de Lisboa e Loures com uma solução de BRT.

O Presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão (PS), já tinha mostrado a sua discordância com o traçado proposto do LIOS Oriental por servir apenas Portela e Sacavém, onde existe proximidade com o comboio. O BRT de Loures vai passar por dentro dos bairros de Portela, Sacavém, Bobadela e São João da Talha, maioritariamente em canal dedicado (corredores BUS), e fará a ligação às estações de Sacavém (e aí ao 16E também) e da Bobadela. Leão defende ainda o prolongamento da Linha Vermelha do Metro de Lisboa até à Portela e Sacavém, como já chegou a estar previsto.
A apresentação da linha 16E acontece nesta terça-feira, 1 de Abril, à tarde na pala do Pavilhão de Portugal. O eléctrico vai ficar em exposição no Parque das Nações até dia 12.











