
Serão 10 os barcos eléctricos que a partir de Abril de 2022 reforçarão a oferta de transporte fluvial na Área Metropolitana de Lisboa, substituindo os antigos navios a diesel. O contrato entre a Transtejo e o estaleiro asturiano Gondán, vencedor do concurso para a construção de 10 navios, foi assinado no dia 29 de Janeiro, segundo anunciou o Ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, numa audição parlamentar.
“Apesar dos atrasos provocados pela contestação de um concorrente, o tribunal considerou improcedente a reclamação, podendo assim avançar a assinatura do contrato. Falta o visto do Tribunal de Contas para a encomenda avançar. Prevemos que, apesar do atraso provocado por esta acção, os primeiros navios possam ser entregues em Abril de 2022”, comentou o governante, citado pelo jornal ECO. A austríaca Gondán venceu o concurso público internacional lançado em Fevereiro de 2020 no valor global de 52,4 milhões de euros.
Em comunicado, a Transtejo explica que o tribunal “reconheceu o interesse público da adjudicação de navios eléctricos pela Transtejo, levantando o efeito suspensivo da impugnação judicial apresentada pelos Estaleiros Navais de Peniche, em meados do mês de Dezembro de 2020”. A operadora refere que o investimento numa frota de navios eléctrico vai ao encontro da estratégia nacional para a descarbonização – em 2019, o consumo de gasóleo foi de cerca de 5,3 milhões de litros correspondente à emissão de 13,1 mil toneladas de CO2.
“Os 10 navios de propulsão eléctrica serão especificamente concebidos para as necessidades de operação da Transtejo, ou seja, serão resultado de um projecto de execução específico”, lê-se na nota de imprensa. “Aliás, esta tem sido a regra em todos os navios da TTSL, desde os Cacilheiros construídos por projecto específico para a Transtejo nos anos 70 do século XX, passando pela frota Damen que opera diariamente na ligação fluvial do Barreiro, até aos últimos dois ferrys construídos, também, de acordo com um projecto específico dos Estaleiros da Navalria/Grupo Martifer, há menos de 10 anos.”
A ideia para substituir os velhinhos cacilheiros a diesel do Tejo tem mais de cinco anos, tendo começado por um primeiro concurso para construir barcos a gás natural que acabou por não avançar. A tecnologia eléctrica ganhou entretanto maturidade. A propulsão dos navios será do tipo Battery System, “baseado em acumuladores e motores eléctricos, com capacidade suficiente de carga para permitir uma operação diária com carregamentos nos terminais”. A TTSL estima receber o primeiro navio até final de Abril de 2022, três navios até final de 2022, outros quatro navios ao longo de 2023 e os restantes dois navios até ao final do primeiro trimestre de 2024.
Mais lugares sentados na frota actual
As oito embarcações que ligam Lisboa e o Barreiro pelo Tejo vão ser renovados, um a um, nos estaleiros do grupo TTSL até ao final do ano, com o objectivo de aumentar em mais de 100 o número de lugares sentados. A notícia é avançada pelo Dinheiro Vivo, que escreve que esta é a resposta da operadora ao aumento do número de passageiros registado em 2019 devido à redução do preço dos passes de transportes – foram registados em 2019 9,1 milhões de utentes na viagem entre os terminais do Barreiro e do Terreiro do Paço, um crescimento de 8,3% em relação ao ano anterior.
Fabricados em Singapura e a navegar no Tejo desde 2003, os catamarãs Damen contam com 600 lugares sentados mas esta lotação era “frequentemente atingida” mesmo com viagens a cada cinco minutos nas horas de ponta da manhã e da tarde, indicou ao Dinheiro Vivo fonte oficial da TTSL. Não sendo possível colocar mais navios em operação “para garantia de segurança da navegação”, a operadora optou por aumentar o número de bancos em cada embarcação num investimento total de 800 mil euros, financiado pelo Fundo Ambiental. Continuará a existir espaço para bicicletas, cadeiras de roda e carrinhos de bebé.
O reforço de lugares sentados foi acompanhado pela acompanhada pela compra de mais duas jangadas, cada uma com 51 assentos, para garantir a retirada dos passageiros em caso de emergência. Todavia, enquanto a pandemia perdurar, os navios da TTSL continuarão a operar com dois terças da sua capacidade total.