Uma livraria comunitária na “rua mais verde” de Lisboa

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A auto-baptizada Rua Verde, mais conhecida nos mapas como Rua da Silva, passou a contar com uma livraria comunitária: uma estante onde todos podem deixar livros e onde todos podem recolher livros para ler em casa, num jardim ou na própria rua. O projecto não é único na capital mas a multiplicação de iniciativas deste género ilustra como numa grande cidade é possível manter um espírito de comunidade, partilha e respeito pelo bem comum.

A estante pode ser encontrada logo no início da rua, vindo do Largo do Conde Barão (actualmente em obras). É fácil nem darmos por ela dado estar encostada a um edifício, num pequeno canto, e geralmente tapada. Mas quem ali passar com tempo e com um olhar mais desperto vai talvez ficar curioso com o que estará atrás de uma pequena cortina de madeira.

Há por ali livros de ficção, livros mais técnicos e até colecções inteiras. Na verdade, pode haver por ali tudo. D’Os Lusíadas às Mulherzinhas, da nossa Constituição a uma gramática de português, esta livraria comunitária vive do que a comunidade ali deixa e ali pega. Na conta de Instagram @livrariagreenstreet é possível ir conhecendo o catálogo da estante da Rua Verde. “Um livro acaba por ser mais assuntos para a mesa, mais conversa para se ter com vizinhos, mais sorrisos nas crianças. Queremos promover a partilha de livros e de conhecimento”, conta-nos Nuno Alóvia de Almeida, que decidiu meter em marcha este projecto na Rua Verde, onde é proprietário de uma loja.

A Rua Verde (Green Street) nasceu e mantém-se por vontade de quem nela vive ou trabalha. Aos poucos, a estreita rua localizada na zona de Santos foi sendo preenchida com vasos e plantas, tornou-se verde, mais fresca e um ponto de interesse para as câmaras fotográficas dos turistas. No ano passado, a Rua da Silva, ou Rua Verde, foi abrangida pelo programa municipal A Rua É Sua, que, no contexto pandémico, procurou alargar o espaço pedonal e as áreas de esplanada em algumas partes estratégicas da cidade.

O corte ao trânsito deu-se apenas durante os fins-de-semana de Verão, mas Nuno diz que a pedonalização da Rua Verde é agora permanente. “A poluição sonora dos carros e motas que passavam nesta rua era um problema, mas os residentes e lojistas com o apoio da Junta Freguesia da Misericórdia ja conseguiram por fim a essa realidade. Temos agora todas as condições para juntar amantes ou curiosos de literatura neste pequeno bairro verde.”

Nuno conta que a estante encheu-se de livros mal a deixou vazia na rua. “Foi muito gratificante ver a comunidade a partilhar e a se relacionar entre si usando os livros como elo de ligação”, diz, desabafando o desejo de ver mais livrarias comunitárias deste género em mais bairros e por mais cidades.

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