A história do semáforo da Rua de Campolide que demorava demasiado tempo para ciclistas

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Fotografía de Mário Rui André/Lisboa For People

Luís Carvalho, jurista, usa a bicicleta como meio de transporte em Lisboa e a Rua de Campolide, que viu ser alargada para passar a avenida, é um dos seus trajectos habituais. A obra criou um novo atravessamento para velocípedes semaforizado, em que para obter verde é preciso pressionar um botão. Por um lado, o semáforo força o trânsito a parar, algo que nem sempre acontecia com a anterior passagem sem semáforo, apesar de o ciclista ter sempre prioridade. Por outro, pode fazer com que a bicicleta tenha de esperar demasiado tempo até poder passar, como costuma acontecer em algumas partes da cidade.

Desde que a obra se realizou que Luís tem feito algumas publicações no grupo de Facebook A bicicleta como meio de transporte, partilhando desabafos em relação à demora do semáforo em dar o verde depois de accionado o botão. Numa das vezes, Luís contabilizou “uns longos 1 minuto e 23 segundos” de espera. “É a evidência de que o botão está lá para enfeitar e fazer de conta que as mobilidades suaves e activas são consideradas. É por isso que a solução para muitos, ciclistas e peões, passa por atravessar com o vermelho correndo riscos desnecessários tamanha é a indignação com tudo isto”, partilhava no grupo a 13 de Maio.

Luís chegou a questionar a opção por semáforos naquele local ao invés de uma passagem sobrelevada, até porque, como observou num outro desabafo, a solução instalada “nem é boa para os automóveis já que para passar uma ou duas bicicletas em três segundos ficam depois dez vezes mais tempo parados para nada”. Ou seja, depois de uma bicicleta esperar um minuto e meio pelo verde, por exemplo, e de passar em três segundos, os automóveis ainda ficavam mais 30 segundos bloqueados no vermelho. “O fluxo de bicicletas não justifica tamanha parvoíce, em que perdem todos”, concluía numa publicação a 4 de Janeiro.

À data deste artigo, o semáforo para velocípedes no atravessamento da Rua de Campolide já está resolvido, dando agora o verde muito rapidamente a quem esteja de bicicleta e não bloqueando o restante tráfego durante tempo a mais. A situação mereceu a atenção do próprio Presidente da EMEL, Luís Natal Marques, que atento à discussão que a publicação de Luís a 13 de Maio gerou comentou simplesmente: “Registado”.

Ao Lisboa Para Pessoas, Luís Carvalho explicou que foi contactado por Bruno Vasconcelos Maia, director de operações da EMEL, que lhe pediu algumas informações complementares. “Depois ele foi ao local com os serviços técnicos, que ajustaram os tempos do botão.”

Luís diz que agora o semáforo já lhe chegou a abrir o verde em apenas cinco segundos e que lhe foi dito que, caso alguém tenha acabado de pressionar o botão para passar, a espera máxima pela pessoa seguinte será de 40 segundos. Também o tempo de vermelho para automobilistas reduziu, depois de Luís ter sinalizado também este problema: passou de 30 segundos – “uma enormidade” – para metade. “Isso mostra que quem anda de bicicleta não está contra os carros. Todos queremos melhor mobilidade, até para os carros.” O Lisboa Para Pessoas teve oportunidade de testar o semáforo da Rua de Campolide antes e depois da rectificação da EMEL e confirma a melhoria para a mobilidade daquela artéria.

Pela cidade fora, é comum encontramos semáforos que para peões e ciclistas demoram demasiado tempo a dar o verde, dando primazia ao automóvel e levando os denominados utilizadores vulneráveis muitas vezes a arriscar o vermelho. Muitas vezes, no entanto, resolver situações como semáforos com tempos de espera excessivos não é fácil. Pode exigir um emaranhado de e-mails, registos na aplicação A Minha Rua ou de outro tipo de burocracias. É notório realçar como é possível descomplicar a resolução de situações simples, principalmente quando se quer captar utilizadores para os passeios e ciclovias.

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