
“Estejam na cozinha ou na garagem, nós levamo-los para reciclagem” é o mote de um projecto-piloto desenvolvido pela Câmara de Lisboa e pela associação de gestão de resíduos Electrão, que tem como objectivo promover a recolha de equipamentos eléctricos volumosos, directamente em casa dos cidadãos. Este projecto, pioneiro em Portugal, e que por enquanto, abrange três freguesias de Lisboa – Ajuda, Alcântara e Belém, tem início a 1 de Julho e prolonga-se até 31 de Dezembro.
Os residentes nas freguesias de Ajuda, Alcântara e Belém podem solicitar, a partir de agora, a recolha dos equipamentos eléctricos através do número 808 20 32 32 da autarquia. Uma equipa de recolha assegurará a movimentação do equipamento entre a casa, arrecadação ou garagem até ao veículo de transporte, bem como o seu correcto encaminhamento para reciclagem. Durante o serviço, totalmente gratuito, serão cumpridas todas as normas de higiene e segurança definidas pela Direcção-Geral de Saúde, nomeadamente a utilização de equipamento de proteção individual.
Esta iniciativa pretende testar um serviço de proximidade ao cidadão para recolha de resíduos, que será um complemento à oferta de locais de deposição disponibilizados pelo Electrão, e que podem ser consultados neste site. Este projecto visa também complementar o serviço de recolha de lixo volumoso que a Câmara de Lisboa disponibiliza a todos os munícipes, garantindo, através dos próprios meios, a movimentação dos equipamentos eléctricos volumosos desde o interior da habitação. A diferença é que neste novo serviço existe um encaminhamento dos electrodomésticos para o seu destino final ao nível da reciclagem.
Desde 2015 que a Câmara de Lisboa tem aumentado a quantidade de REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos) encaminhados para destino final, sendo que, entre 2018 e 2020, registou um aumento de mais de 40%, passando de 245,74 toneladas para 438,09. Nos primeiros seis meses deste ano, já recolheu 194,65 toneladas de electrodomésticos e outros resíduos electrónicos.
Proteger o ambiente e combater o mercado paralelo
Cada família acumula, em média, 11 equipamentos eléctricos que já não usa, de acordo com um estudo recente da Organização das Nações Unidas. Esta acumulação, feita pelos cidadãos, impede o aumento dos níveis de reciclagem de equipamentos elétricos, não só em Portugal, como em toda a Europa. “Ao contrário do que acontece com as embalagens e com as pilhas, que podem ser facilmente transportadas pelos consumidores, os grandes equipamentos elétricos, como frigoríficos ou máquinas de lavar, podem colocar problemas a alguns cidadãos que, por várias razões, não têm capacidade de os carregar até um local de deposição. Esta é uma das barreiras que queremos ultrapassar com este serviço”, explica o director-geral do Electrão, Pedro Nazareth, numa nota enviada às redacções.
Esta solução visa ainda dar resposta a um dos grandes problemas que está associado a este tipo de resíduos: o mercado paralelo. Muitos equipamentos eléctricos de grandes dimensões, que são colocados na via pública para serem transportados pelos serviços municipais, acabam por ser desviados do circuito oficial antes da chegada da viatura da autarquia. Esta situação é preocupante tendo em conta que muitos equipamentos usados acabam por não ser descontaminados com prejuízos para a saúde humana e para o ambiente.
O serviço inovador pretende também colmatar algumas lacunas que se verificam ao nível da logística reversa, ou seja, a recolha de um equipamento usado quando se efetua a compra de um novo. “O projeto piloto vai garantir que os equipamentos elétricos recolhidos, alguns dos quais com materiais perigosos, vão ser encaminhados para reciclagem em unidades licenciadas para o efeito, contribuindo para o cumprimento das metas nacionais de recolha a que Portugal está obrigado”, sublinha Pedro Nazareth.