Carlos Moedas irá governar a autarquia lisboeta sem maioria absoluta, com uma maioria de esquerda e sem nenhuma coligação natural.

As primeiras projecções que saíram às 21 horas deste domingo davam conta de um empate entre Medina e Moedas, mas o primeiro tinha a vantagem de todas as sondagens e que lhe davam vitória. Já a meio da a noite soube-se que a coligação encabeçada por Moedas tinha ganho freguesias-chave como Arroios, Alvalade e Lumiar, que pertenciam ao PS. Moedas aproximava-se da vitória, mas esta só chegou de madrugada, depois das duas da manhã: votos todos contados, Moedas ganhava a presidência da Câmara Municipal de Lisboa.
A vitória de Carlos Moedas é conseguida com 83 121 votos, ou seja, com 34,25%. Fernando Medina – que governou Lisboa nos últimos seis anos e que nas eleições de 2017 já tinha saído fragilizado sem a maioria absoluta que Costa lhe tivera deixado – sai, desta vez, derrotado com 80 822 votos, ou seja, 33,30%. Ambos vão conseguir eleger sete vereadores.
Carlos Moedas ganhou com a coligação Nuevos tiempos, que agregou o PSD, o CDS, a Aliança, o MPT e o PPM (em 2017, PSD e CDS concorreram separados com este último a juntar o MPT e o PPM na candidatura). Já Fernando Medina concorria a mais um mandato pela coligação Más Lisboa, que juntava o PS, o Livre e ainda as associações Cidadãos por Lisboa e Lisboa é Muita Gente. Em terceiro lugar, ficou a CDU com a cabeça-de-lista João Ferreira e 10,52% dos votos, seguida do BE (6,21 %), do Chega (4,41%), da Iniciativa Liberal (4,23%) e do PAN (2,73%).
Na Assembleia Municipal, a distribuição é semelhante: Nuevos tiempos à frente mas a partilhar o mesmo número de deputados municipais do Más Lisboa – 17 deputados. A separar as duas candidaturas no que à Assembleia Municipal diz respeito estiveram apenas 886 votos. A CDU vai ter seis deputados, seguindo-se o BE com quatro. Já a Iniciativa Liberal (que aqui ficou ligeiramente à frente do Chega com 5,95% dos votos) vai ter cinco deputados – o mesmo número que o Chega (5,35 %). Por fim, o PAN elege um deputado.
No que toca às Assembleias de Freguesia, o PS/Livre assegurou 13 freguesias (Ajuda, Alcântara, Campo de Ourique, Misericórdia, Santa Maria Maior, São Vicente, Penha de França, Beato, Marvila, Benfica, Campolide, Olivais e Santa Clara); o PSD/CDS ficou com 10 (Arroios, Belém, Estrela, Santo António, Parque das Nações, Avenidas Novas, Areeiro, São Domingos de Benfica, Alvalade e Lumiar); a CDU mantém a sua histórica freguesia de Carnide.
O resultados completos podem ser encontrados aquí.


Os próximos passos
Carlos Moedas é agora Presidente eleito da Câmara Municipal de Lisboa – eleito porque ainda terá de tomar posse, algo que deverá acontecer no final do mês de Outubro, início do de Novembro. Caberá agora ao Presidente da Assembleia Municipal cessante proceder à instalação do novo executivo municipal, de acordo com a Lei nº 169/99, o que deve acontecer no prazo de 20 dias a contar do apuramento definitivo dos resultados eleitorais. As próximas semanas servirão para fazer a transição entre os executivos camarários, tendo Medina já assegurado que colaborará na mudança das pastas e dos assuntos da Câmara.
Moedas irá governar uma cidade sem maioria absoluta, com maioria de esquerda e sem nenhuma coligação natural. A coligação PSD/CDS terá de negociar, tanto nas reuniões de Câmara como na Assembleia Municipal – com uma maioria formada, em teoria, por um PS, CDU e BE em acordo. Do seu lado, Moedas terá, ainda assim, várias freguesias importantes, como as Avenidas Novas, Arroios, Alvalade, o Lumiar, o Parque das Nações e São Domingos de Benfica, que eram do PS – da cor do seu partido já eram as freguesias da Estrela, Santo António, Belém e Areeiro, que se mantém como tal. Ainda assim, o PS mantém freguesias grandes como os Olivais, Benfica, Marvila e a Penha de França, ou Campo de Ourique, que só assegurou com uma diferença de 25 votos em relação à coligação Nuevos tiempos.
Nas freguesias, note-se a entrada dos partidos mais pequenos em algumas delas. A Iniciativa Liberal elegeu representantes em Alcântara, Alvalade, Areeiro, Arroios, Santo António, Lumiar, Estrela, Campo de Ourique, Parque das Nações, Campolide, São Domingos de Benfica, Avenidas Novas e Belém; o Chega passou a estar representado em Benfica, Beato, Arroios, Alvalade, Lumiar, Avenidas Novas, Olivais, Penha de França, Santa Clara e Marvila..
Enquanto Presidente, Carlos Moedas terá de definir agora o seu executivo, que será composto por 16 pessoas além de si. Ou seja, como a coligação Nuevos tiempos elegeu sete vereadores, Moedas terá necessariamente um executivo muito dividido com o PS e com maioria de esquerda. O Presidente é que atribuirá o pelouro a cada um dos vereadores, isto é, as “pastas” temáticas (Habitação, Mobilidade, Finanças, Urbanismo, Espaços Verdes, etc). Pode haver vereadores sem pelouro. Não se sabe se Moedas dará pastas a vereadores do Más Lisboa.
A coligação PS/Livre elegeu Fernando Medina, Inês Lobo, Inês Ucha e Miguel Gaspar pelo PS, Rui Tavares pelo Livre e ainda Paula Marques e João Paulo Saraiva pela associação Ciudadanos por Lisboa. Ainda não se sabe se todos aceitaram o cargo de vereador, caso não o façam os cargos serão atribuídos por ordem da lista. Uma das principais dúvidas é com Fernando Medina, que não clarificou se iria ficar como vereador na Câmara de Lisboa. O PCP mantém os dois vereadores que tinha, incluindo João Ferreira, e o BE fica com uma cadeira ocupada na Câmara, que será preenchida pela cabeça-de-lista Beatriz Gomes Dias. Moedas elegeu Filipe Anacoreta Correia, Joana Almeida, Filipa Roseta, Diogo Moura, Angelo Pereira e Laurinda Alves.
Em 2017, nas últimas eleições, houve 493 534 inscritos, dos quais votaram 252 449, ou seja, registou-se uma abstenção de 48,85%. Nesta ronda eleitoral, a abstenção foi mais elevada, de 49,06% – ou seja, com 476 750 inscritos, os votantes foram 242 843.