Transtejo anunciou que não vai fazer as ligações fluviais entre Cais do Sodré e Cacilhas durante a noite de quarta, quinta e sexta. À tarde também há carreiras suprimidas. Situação arrasta-se há dias.

A Transtejo Soflusa (TTSL) não vai realizar ligações nocturnas de barco entre o Cais do Sodré e Cacilhas nesta quarta, quinta e sexta, dias 20, 21 e 22, devido à “falta de recursos humanos operacionais”, indicou a empresa. O Governo, pela voz do Ministro do Ambiente, diz que “é absolutamente inaceitável” e promete que vai tentar resolver o problema.
“Por motivo de falta de recursos humanos operacionais, o serviço regular de transporte é interrompido no período noturno” entre o Cais do Sodré e Cacilhas, lê-se num aviso no site da TTSL. A empresa tinha primeiro anunciado a suspensão das carreiras nocturnas nos dias 20 e 21, mas acrescentou depois o dia 22 e também uma série de carreiras durante a tarde de quinta e sexta, dias 21 e 22, pelo mesmo motivo de “recursos humanos operacionais”.
Sentido | Carreiras suprimidas (dias 21 e 22) |
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Cacilhas > Cais do Sodré | 13h35, 14h05, 14h35, 15h05, 15h33, 16h05, 16h30, 17h05, 17h35, 18h05, 18h32, 18h57, 19h25, 19h52 |
Cais do Sodré > Cacilhas | 13h50, 14h20, 14h50, 15h20, 15h47, 16h17, 16h45, 17h20, 17h50, 18h20, 18h45, 19h10, 19h40, 20h05 |
Sentido | Últimas carreiras antes da interrupção |
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Cacilhas > Cais do Sodré | dia 20: 20h55 | dia 21: 20h38 | dia 22: 20h38 |
Cais do Sodré > Cacilhas | dia 20: 21h15 | dia 21: 20h50 | dia 22: 20h50 |
As ligações da capital ao Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, asseguradas pela Transtejo, vão realizar-se como habitualmente, assim como a ligação entre Lisboa e o Barreiro, a cargo da Soflusa. “Lamentamos os incómodos causados e agradecemos a compreensão”, escreve a empresa, que dá conta de que, no dia 23, as primeiras carreiras partirão às 0h05 de Cacilhas e às 0h20 do Cais do Sodré.
Não é a primeira vez
Esta não é a primeira vez que a TTSL suprime carreiras alegando limitações dos seus recursos humanos. No dia 18 de Outubro, um aviso dava conta de que “apenas é possível garantir o serviço regular de transporte fluvial até às 21h” entre o Cais do Sodré e o Seixal, sendo oferecida “uma alternativa de mobilidade” através de Cacilhas e com transporte rodoviário entre Cacilhas e o destino original, Seixal. O mesmo já tinha acontecido no dia 15 de Outubro. Também neste dia houve supressão de carreiras no período matinal entre Cacilhas e o Cais do Sodré. No dia 16, só houve ligações garantidas entre Lisboa e o Montijo a partir das 8 horas; e no dia 14, não foram garantidos barcos no percurso do Seixal a partir das 21 horas.
João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente, comunicou esta quarta-feira, à margem de uma conferência sobre mobilidade, ser “absolutamente inaceitável a decisão da empresa” de suspender carreiras. “Eu soube hoje de manhã. Aquilo que a empresa sugere é absolutamente inaceitável e, por isso, vou trabalhar hoje a tarde toda para que isso não venha a acontecer”, disse o governante aos jornalistas.
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) aponta que a supressão de carreiras é “uma questão estrutural decorrente da falta de trabalhadores que não são admitidos”. “Não são supressões devidas a qualquer conflito laboral, mas devido à falta de respostas às reivindicações dos trabalhadores, nas quais se incluem a admissão de novos trabalhadores para substituir os que faltam, mas que o Governo continua a ignorar e os navios não funcionam sem trabalhadores”, refere a FECTRANS, em comunicado. Para a federação, que se coloca ao lado da força operacional da TTSL, esta empresa “não pode continuar refém” da falta de respostas do Governo, devendo responder às reivindicações dos trabalhadores, que são “essenciais para a prestação de um serviço público de qualidade”.
Os trabalhadores da Transtejo e da Softlusa fizeram várias greves parciais durante este ano, a última das quais a 21 de Setembro, devido a falhas nas negociações salariais entre a administração da empresa e os sindicatos, tendo o Ministério do Ambiente reunido igualmente com os sindicatos na tentativa de desbloquear a situação. Na semana passada, decidiram marcara mais cinco dias de greve parcial, não tendo ainda definido datas.