Avenidas da Liberdade e Almirante Reis com cortes durante 2 anos para “preparar Lisboa para o futuro”

A execução do Plano Geral de Drenagem de Lisboa é essencial para o futuro da cidade, apesar dos inconvenientes que obra vai trazer à circulação das pessoas nas avenidas da Liberdade e Avenida Almirante Reis, e também em Santa Apolónia, Beato, Chelas, Campolide e Santa Marta.

Lisboa Fotografía Para Personas

A Avenida da Liberdade e a Avenida Almirante Reis vão sofrer cortes parciais durante dois anos para a construção de túneis de drenagem, que irão captar água na cidade e a transportá-la para o rio. Esses túneis – que serão invisíveis no nosso dia-a-dia pois estarão enterrados – permitirão evitar cheias e inundações em Lisboa, sendo, por isso, essenciais ao funcionamento da cidade.

Na Avenida da Liberdade, o corte será no quarteirão abaixo da Rua Alexandre Herculano, nas laterais da avenida. Primeiro, será cortada a lateral esquerda, que actualmente tem sentido descendente; aí, o estaleiro de obra ocupará tanto a via lateral como a área de estacionamento, e o passeio central. Só ficará disponível o passeio junto às lojas. Sem especificar como, a Câmara de Lisboa garante que a circulação ciclável está garantida (a Avenida da Liberdade tem corredores 30+bici nas laterais). A lateral direita, que tem sentido descendente, vai ter um estaleiro mais pequeno e durante menos tempo. A obra na zona da Avenida da Liberdade decorrerá entre Setembro de 2022 e Maio de 2024.

Assinalados os dois estaleiros previstos para a Avenida da Liberdade (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

Na Avenida Almirante Reis, o corte vai ser mais significativo. Acontecerá na zona do Intendente no sentido descendente da avenida, para onde está prevista a nova ciclovia (no projecto divulgado está identificada a área do estaleiro). O estaleiro irá obrigar ao encerramento da parte final da Rua Antero de Quental e da sua ligação à Almirante Reis.

Uma vez que todo o lado descendente da avenida será cortado, o trânsito será desviado para o lado ascendente num modelo partilhado (30+bici). O carril do eléctrico vai também ser movido para o lado ascendente da avenida, evitando-se interromper a circulação do 28, que permanece com dois sentidos. Recorde-se que o projecto da nova ciclovia da Almirante Reis vai limitar a velocidade máxima em toda a avenida a 30 km/h.

Assinalados os dois estaleiros previstos para a Avenida Almirante Reis (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

A Rua Antero de Quental ficará para estacionamento exclusivo a residentes de forma minimizar o impacto numa zona da cidade consolidada. Também vai ser criado um estaleiro mais pequeno no Largo do Intendente, entre Novembro de 2023 e Abril de 2024, mas que não obrigará a cortes de trânsito automóvel, apenas a breves desvios pedonais. No seu todo, a obra na Almirante Reis decorrerá entre Setembro de 2022 e Julho de 2024.

Impactos também em Santa Apolónia, Beato, Chelas, Campolide e Santa Marta

As avenidas da Liberdade e Almirante Reis não serão as únicas a sofrer intervenções de drenagem. Também estão previstas em Santa Apolónia, no Beato (entre a Avenida Infante Dom Henrique, Rua do Açúcar e Rua Amigos de Lisboa), em Chelas (perto da Picheleira), na Rua de Campolide, nas ruas de Santa Marta e Barata Salgueiro. No total serão sete frentes de obras que vão ter, inevitavelmente, impacto na cidade pelos constrangimentos que causarão ao nível da mobilidade, mas que são necessários para o futuro de Lisboa.

  • Rua de Campolide: entre Maio de 2022 e Janeiro de 2025
  • Avenida da Liberdade: entre Setembro de 2022 e Maio de 2024
  • Rua de Santa Marta / Rua Barata Salgueiro: entre Julho de 2022 e Junho de 2024
  • Avenida Almirante Reis / Rua Antero de Quental: entre Setembro de 2022 e Julho de 2024
  • Santa Apolónia: entre Junho de 2022 e Janeiro de 2025
  • Chelas: entre Junho de 2022 e Janeiro de 2025
  • Beato: entre Junho de 2022 e Janeiro de 2025

Em Santa Apolónia, vai estar uma das frentes de obra mais complicada e, por isso, também a empreitada vai ser dividida nessa zona em quatro fases. Nas quatro fases, que decorrem entre o próximo mês de Junho e Janeiro de 2025, a circulação pedonal e ciclável está garantida – na Avenida Infante Dom Henrique vai haver um desvio a pensar nas bicicletas, segundo a Câmara de Lisboa. Entre cada uma das fases, vão ser realizados diferentes desvios de trânsito, sem comprometer também a rede de transportes públicos na zona. A Rua do Museu da Artilharia vai estar fechada ao trânsito durante todo o período. À medida que a empreitada se aproximar da fase final, o desenho viário em Santa Apolónia vai ficar mais parecido com a sua versão definitiva – para esta zona, está prevista uma praça verde no centro da actual Avenida Infante Dom Henrique, que encontrará aqui uma rotunda. Esta obra de espaço público só poderá avançar depois das obras de drenagem.

As diferentes fases em Santa Apolónia (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

Na zona do Beato, a obra vai afectar num primeiro mês (entre Junho e Julho) apenas o corredor central da Avenida Infante Dom Henrique. Só em Agosto e até Março de 2024 é que será encerrado o cruzamento da Rua do Açúcar com a Rua Amigos de Lisboa, e feito um estreitamento de faixa na Avenida Infante Dom Henrique. A circulação pedonal, ciclável e viária está garantida nesta avenida pela autarquia, tal como a rede de transportes públicos.

A obra invisível

A autarquia chama-lhe “a obra invisível que prepara Lisboa para o futuro” porque, na verdade, é isso mesmo. O Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) traduz-se “num conjunto de acções que visam proteger Lisboa das cheias e inundações, preparando-a para os desafios do futuro, associados a fenómenos extremos de precipitação”, lê-se numa brochura informativa da CML, onde também se explica que a Baixa Lisboeta e o eixo Algés-Alcântara são as principais zonas ameaçadas por cheias e inundações. “Estes fenómenos têm tendência a agravar-se devido à crescente ocupação do território e ao efeito das alterações climáticas.”

O PGDL foi criado para controlar o problema na origem através da construção de bacias de retenção que permitam à água da chuva infiltrar-se no solo, mas também com a construção de túneis que sirvam para levar a água das bacias para o rio. Já existem bacias de retenção construídas na Ameixoeira (2018), Alto da Ajuda (2019) e Parque Eduardo VII (2021), e outra infraestrutura realizada – o PGDL resulta de um investimento de cerca de 250 milhões de euros a 15 anos (de 2016 a 2030), estando executado cerca de 8,4 milhões.

A CML produziu uma brochura para melhor explicar à população o PGDL (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

As sete frentes de obra que irão afectar a cidade entre 2022 e 2025 vão servir para a construção de dois túneis de drenagem que irão levar água para o rio: um entre Monsanto e Santa Apolónia e outro entre Chelas e o Beato, num investimento superior a 132,9 milhões de euros que estará a cargo do consórcio Mota Engil / SPIE Batignolles Internacional.

Os dois túneis terão 5,5 metros de diâmetro interno e desenvolver-se-ão a uma profundidade média de 30-40 metros; vão captar a água recolhida em dois pontos altos (Monsanto e Chelas) e em pontos intermédios ao longo do seu percurso, nomeadamente na Avenida da Liberdade, em Santa Marta e na Avenida Almirante Reis, conduzindo essa água para o rio. Dessa forma, a água que provocaria cheias e inundações em picos de chuva é desviada. O túnel Monsanto – Santa Apolónia terá cerca de 5 km de extensão e o de Chelas – Beato 1 km.

Em conjunto com os túneis, vão ser estabelecidas bacias antipoluição que permitirão captar e armazenar as primeiras águas da chuva – as mais poluídas por trazerem resíduos depositados na superfície dos pavimentos; as águas recolhidas por essas bacias são reencaminhadas para ETARs para um tratamento de decantação, isto é, para “limpeza” antes de serem entregues ao Tejo. Vai igualmente ser criada canalização para, através dos túneis de drenagem, expandir a rede de água reciclada da cidade, para que não se use água potável em actividades como regas, combate a incêndios e lavagem de pavimentos.

A CML produziu uma brochura para melhor explicar à população o PGDL (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

Com três frentes, esta megalómana obra de drenagem na cidade de Lisboa vai mobilizar cerca de 800 trabalhadores no seu pico. Os prazos estabelecidos e anunciados deverão ser cumpridos, mas podem sofrer imprevistos relacionados com a geologia e hidrologia dos terrenos, com questões arqueológicas, com a remediação de solos contaminados, e com a conjuntura nacional e internacional, que pode interferir nos preços e disponibilidade de materiais de construção e mão de obra, refere a Câmara de Lisboa.

A autarquia vai disponibilizar em breve toda a informação sobre as obras do Plano Geral de Drenagem de Lisboa no microsite planodrenagem.lisboa.pt. A CML tem vindo a preparar campanhas informativas direccionadas para os serviços e empresas municipais, para as Juntas de Freguesia, para as forças vivas da cidade (como autoridades, estabelecimentos de ensino, operadores de transporte e associações) e para o público em geral.

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