“A actual rede da Carris, a chamada Rede7, é da primeira década deste século. Tem praticamente 20 anos. Está na altura de se fazer uma revisão profunda da rede”, referiu o Presidente da Carris, Pedro Bogas, numa entrevista recente.

Foi em 2006, há 16 anos, que a Carris colocou em marcha a sua última grande renovação de rede, conhecida como Rede 7. A mudança resultou numa nova numeração – os autocarros passaram a ser identificados com um terceiro algarismo inicial, o 7 –, na renovação de horários, frequências e percursos, na extinção e fusão de carreiras e também em ajustes na bilhética, com a introdução do cartão 7Colinas, que deu depois origem ao Viva Viagem e, mais recentemente, ao Navegante. Nem todas as carreiras na altura foram integradas na nova Rede 7, mantendo a numeração que tinham; esse passo foi dado dois anos mais tarde, em 2008, na segunda fase da renovação da rede.
A Carris mudou em 2006 e 2008 com a expansão do Metro de Lisboa. Em 1998, a rede do metropolitano tinha ganho duas novas linhas, a Linha Verde (com a desconexão do troço entre Restauradores e Rossio) e a nova Linha Vermelha; também nesse ano, a Linha Azul chegou à Baixa-Chiado. Em 2002, abriu a estação dos Olivais na Linha Vermelha e a Linha Verde foi expandida até Telheiras. Em 2004, a Linha Amarela chegou a Odivelas e a Linha Azul à Amadora. E em 2007, o Metro passou a parar no Terreiro do Paço e Santa Apolónia.
O Metro de Lisboa atravessa agora numa nova fase de expansão. Em 2024, deverá ter novas estações em Estrela e Santos (servindo o bairro da Madragoa); e em 2026, vai chegar a Amoreiras/Campolide, Campo de Ourique, Infante Santo (com elevador para o bairro da Lapa) e Alcântara. Está ainda prevista uma nova linha, a Linha Violeta, em metro ligeiro em Loures e Odivelas. Estas alterações e a “dinâmica e crescimento da cidade” empurram a Carris para repensar a rede, conforme anunciou o Presidente da empresa municipal, Pedro Bogas, numa entrevista recente à Antena 1.
Processo de pelo menos três anos
“A actual rede da Carris, a chamada Rede7, é da primeira década deste século. Tem praticamente 20 anos. Está na altura de se fazer uma revisão profunda da rede”, referiu o administrador à Antena 1. Pedro Borgas entende que, nos últimos anos, foram sendo feitos “ajustamentos à dinâmica e crescimento da cidade” mas que esses ajustamentos de rede – como novas paragens ou alterações pontuais no percursos – são “remendos” apenas e que “há uma altura em que é preciso repensar novamente toda a rede”.
Uma revisão de rede “é um processo complexo, que não pode ser feito de cinco em cinco anos, mas há momento em que ele tem de ser feito”, explicou o Presidente da Carris, adiantando é “um processo que nunca poderá ser feito em menos de três anos”. “Já no próximo ano, vamos começar a contratar os estudos nesse sentido”, disse, referindo-se a um “trabalho mais técnico” de “análise e diagnóstico dos pontos mais fracos da rede” que é preciso fazer. Ou seja, um trabalho de identificação das partes da cidade que a Carris não cobre actualmente como deveria e perceber como colmatar esses pontos mais fracos. “Temos alguma noção, mas precisamos de uma análise mais científica”explicó.
“Depois, consoante esse trabalho, e tendo em conta a dimensão da nossa frota e a oferta que podemos disponibilizar, temos a segunda fase, que é uma fase de comunicação e implementação da nova frota”, sendo que, segundo o responsável, é importante que a transição da rede anterior para a nova seja suave para os passageiros “que estão habituados a um dado serviço e a determinadas carreiras”. Pedro Bogas disse que esta questão está a ser “agora muito visível” na Carris Metropolitana, que resulta de uma revisão de toda a rede de transporte rodoviário ao nível da Área Metropolitana de Lisboa.
Carris podia ter tido intervenção na Carris Metropolitana
O Presidente da Carris admitiu que a escolha do nome ‘Carris Metropolitana’ para a marca do novo serviço metropolitano de transporte público gerou alguma confusão e que a empresa recebeu várias reclamações que deveriam ter sido dirigidas à Carris Metropolitana e à TML, que gere essa marca. “Foi uma opção do passado e uma opção política” e “acho que aos poucos as pessoas se vão apercebendo de que as marcas são distintas e que são geridas por entidades distintas”, acrescentando que a confusão entre os nomes terá sido maior para os passageiros de fora. “A Carris acabou por não ter nenhuma intervenção na Carris Metropolitana. O modelo poderia ter passado por a Carris participar no capital da Carris Metropolitana”, admitiu.
Podes ouvir a entrevista completa do Presidente da Carris, Pedro Bogas, à Antena 1 aquí. Fica com mais alguns destaques da entrevista:
- segundo a Carris, já foram emitidos 50 mil passes gratuitos para maiores de 65 anos e estudantes até aos 23 anos, sendo que 13-14 mil passes são de novos passageiros em comparação com o período pré-pandemia (2019). A ambição é chegar aos 70 mil passes gratuitos até 15 de Novembro;
- a procura na Carris já está a 93% dos valores registados em 2019. Até Agosto, a Carris transportou 81 milhões de passageiros e quer chegar os 135 milhões no final do ano, menos 10 milhões do que em 2019. Pedro Bogas que diz que a Carris está a conseguir tirar 125 mil carros da cidade. Em 2025 espera chegar aos 160 milhões (menos 150 mil carros);
- a Carris espera 100 milhões em receitas tarifárias este ano, com lucros de dois milhões – uma diminuição relativamente a 2021, devido a um aumento dos custos com energia. O investimento vai atingir os 20 milhões de euros este ano, mais 3 milhões que em 2021;
- a tarifa de bordo e o restante tarifário ocasional da Carris não vai aumentar em 2023, acompanhando o não aumento dos passes, decretado pelo Governo;
- en 2023, 50% da frota da Carris será alimentada por energias limpas (electricidade e gás natural). No próximo ano, vai dar prioridade à substituição dos pequenos autocarros das Carreiras de Bairro que ainda circulam a diesel por veículos elétricos Até 2030, a meta é chegar aos 100% de energia limpa;
- Carris disponível para oferecer seguro de saúde e passe Navegante Metropolitano gratuito a todos os seus trabalhadores.