Requalificação da Avenida de Ceuta adjudicada com vários anos de atraso

Obra prevista para o final 2017 deverá avançar até ao Verão. Está previsto um percurso ciclopedonal ao longo de um troço da Avenida de Ceuta.

Avenida de Ceuta (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

A obra para requalificar uma parte da Avenida de Ceuta, integrando-a no planeado Corredor Verde do Vale de Alcântara, vai finalmente avançar – com seis anos de atraso. A empreitada, no valor aproximado de 3,9 milhões de euros, foi adjudicada no final de Janeiro e, segundo a autarquia, o “arranque poderá não ocorrer antes de Abril de 2023”.

O Corredor Verde do Vale de Alcântara foi um ambicioso projecto apresentado em 2016 pelo então Vereador da Estrutura Verde da Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes. O plano passava por criar um eixo pedonal e ciclável, acompanhado por espaços verdes, no Vale de Alcântara; no entanto, e já com um atraso significativo, só ficou executada a parte entre a Radial de Benfica, a estação ferroviária de Campolide, o Aqueduto das Águas Livres e a Quinta da Bela Flor. O percurso termina actualmente numa passagem inferior sob a linha de comboio, que desemboca a meio da Avenida de Ceuta. A conclusão de todo o projecto do Corredor Verde chegou a ser apontada por Sá Fernandes para o final de 2017.

O já existente Corredor Verde do Vale de Alcântara (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

O término do Corredor Verde do Vale de Alcântara está, por isso, dependente da requalificação da Avenida de Ceuta – a última grande fase deste projecto, que inclui a criação de um percurso ciclopedonal num dos lados da avenida, de um curso de água à superfície, no separador central entre as seis vias de trânsito, e ainda de uma nova área verde na Quinta da Cabrinha. O concurso público para a intervenção na Avenida de Ceuta foi lançado no Verão de 2021 e esteve em curso durante o último ano.

Projecto termina na Quinta do Cabrinha

Com a adjudicação da obra à empresa Unikonstrói por 3,9 milhões de euros, com um prazo de execução de cerca de dois anos, poderemos ter o muito aguardado ponto final no Corredor Verde de Alcântara e, finalmente, uma ligação pedonal e ciclável entre Alcântara e o centro da cidade, através de Campolide. “O contrato da empreitada [referente à Avenida de Ceuta] já foi assinado e enviado para o Tribunal de Contas. A obra só poderá ter início após o visto dessa entidade. Sendo assim, o seu arranque poderá não ocorrer antes de Abril de 2023”, explicou a autarquia ao Lisboa Para Pessoas.

O projecto que será executado será o mesmo que estava previsto em 2016 e, por isso, o Corredor Verde vai terminar na Quinta do Cabrinha, antes do bairro de habitação social aí existente. No Verão de 2021, a EMEL chegou a avançar ao Lisboa Para Pessoas que tinha em estudo uma ciclovia bidireccional entre as Docas de Alcântara, junto ao rio, e o troço ciclopedonal na Avenida de Ceuta, passando pelo designado Viaduto de Alcântara, mas não avançou nem datas nem mais detalhes. Agora, a Câmara de Lisboa esclarece que “o estabelecimento de uma ligação ao rio não foi contemplado no projecto do Corredor Verde de Alcântara, pois interfere com a área de intervenção do Plano de Pormenor de Alcântara” e que, por isso, “esse Plano preconizaria a continuidade do percurso proposto até ao rio”.

Avenida de Ceuta (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

De qualquer modo, a execução desse Plano vai depender da chegada da Linha Vermelha do Metro de Lisboa a Alcântara, o que está previsto acontecer até ao final de 2026 com várias implicações ao nível do espaço público no complexo nó rodoviário actualmente existente, nomeadamente junto à estação ferroviária de Alcântara-Terra.

E a proposta do Livre?

Como referido, a intervenção na Avenida de Ceuta vai avançar segundo o projecto original, o que não significa que ideias da proposta apresentada pelo Livre no início de 2022, numa reunião de Câmara, não venham a ser implementadas. “A moção apresentada pelo Livre tem vários objetivos e pressupostos semelhantes aos defendidos na intervenção proposta pelo Executivo [de Carlos Moedas]. Naturalmente, dada a complexidade da intervenção e a necessidade de equilibrar as necessidades de melhoria do espaço público, da mobilidade, do ambiente, existem alguns pontos da moção cuja viabilidade está a ser equacionada e várias soluções serão diferentes quando todas as intervenções estiverem concluídas, esclareceu a autarquia ao Lisboa Para Pessoas.

Proposta apresentada pelo Livre (DR)

“Estão a ser promovidas reuniões de trabalho com vários Departamentos da Câmara Municipal de Lisboa no âmbito do Estudo Integrado do Vale de Alcântara, que inclui a Avenida de Ceuta, que permitirão analisar de forma adequada as pretensões apresentadas na moção do Livre”, acrescentou a Câmara de Lisboa. “Neste momento, estão a ser identificadas as principais dificuldades e oportunidades para ser definido um programa de intervenção. Os principais objetivos serão a melhoria da acessibilidade pedonal e a promoção de formas de redução do risco de cheias e do ruído.”

Em Janeiro de 2022, o Livre apresentou na Câmara de Lisboa uma proposta para a Avenida de Ceuta, aproveitando o contexto da altura em que parte dessa artéria estava cortada ao trânsito. O partido de Rui Tavares defendia a transformação de um dos lados da avenida num corredor exclusivo a transportes públicos com duas ciclovias unidireccionais e zonas pedonais. Propunha ainda tirar a Ribeira de Alcântara do colector subterrâneo, separando as suas águas dos esgotos domésticos, e devolvê-la à cidade.

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