Depois de tornar circular a Linha Verde (encurtado a actual Linha Amarela), de expandir a Linha Vermelha e de criar a Linha Violeta com uma solução ligeira, o projecto de expansão do Metro de Lisboa passa por levar a Linha Amarela de Telheiras até Benfica. O LIOS também está nos planos.

A Linha Verde vai ser circular, prevendo-se que as obras estejam concluídas em meados de 2024. Existirão duas novas estações – Estrela e Santos –, que fecharão o anel entre Rato e Cais do Sodré; no Campo Grande, dois novos viadutos permitirão ligar as actuais linhas Verde e Amarela, sendo que esta última passará a terminar em Telheiras. No entanto, o plano é que, num futuro próximo, a Linha Amarela chegue a Benfica.
O prolongamento da Linha Amarela de Telheiras até Benfica não é novidade, mas apareceu de forma clara pela primeira vez numa exposição que o Metro de Lisboa promoveu na Praça do Comércio para assinar o seu 75º aniversário. Nesta expansão da Linha Amarela, estão previstas pelo menos duas novas estações: S. Francisco, na Praça de São Francisco de Assis, no final da Avenida das Nações Unidas; e Benfica, com localização prevista nas traseiras da Estrada de Benfica, junto ao Palácio Baldaya. Pelo caminho, a Linha cruzará a actual estação Colégio Militar/Luz, ligando-se à Linha Azul e ao terminal rodoviário.

No mapa em cima, pode ver-se ainda o traçado da expansão da Linha Vermelha de São Sebastião até Alcântara, obra que terá de ficar concluída até ao final de 2026 sob risco de perder o financiamento comunitário. Observa-se também a Línea Violeta, que levará uma solução de metro ligeiro aos concelhos de Loures e de Odivelas, com interface com a Linha Amarela em Odivelas, e que também terá de estar feita até ao final de 2026 (ambas as empreitadas são financiadas com o PRR – Plano de Recuperação e Resiliência).
Podemos ainda notar no LIOS, que consistirá também numa solução de metro de superfície e que será dividido em dois – o LIOS Ocidental, que ligará Lisboa (Alcântara) a Oeiras; e o LIOS Oriental, que ligará a capital (Santa Apolónia) a Loures (Sacavém). À semelhança do prolongamento da Linha Amarela para Benfica, o LIOS não têm ainda prazos nem financiamento. No entanto, o traçado do LIOS já está numa fase adiantada de definição; está a ser estudada a viabilidade do projecto e seguir-se-á o estudo prévio e a Avaliação de Impacte Ambiente (AIA). Da extensão da Linha Amarela, existe apenas um esboço.
Movimento cívico tem outra proposta

No entanto, desejo de prolongar o Metro a partir de Telheiras é expressado numa petição popular que conta, à data deste artigo, com mais de 3,6 mil assinaturas e que foi colocada a circular pelo Movimento Metro Telheiras Carnide. A petição conta com o apoio de várias juntas de freguesia, nomeadamente as juntas de Carnide, Lumiar e Santa Clara, no concelho de Lisboa, e também a Junta da Encosta do Sol, em Odivelas.
A proposta deste movimento cívico é diferente da que o Metro de Lisboa tem nos planos: em vez de levar a futura Linha Amarela de Telheiras para Benfica, este grupo de cidadãos propõe o seu prolongamento até Carnide para que “as inegáveis carências de transporte público experienciadas em Telheiras, no Parque dos Príncipes, na Quinta dos Inglesinhos, na Horta Nova e no Bairro Padre Cruz fossem definitivamente supridas” – escrevem os peticionários num e-mail com o Lisboa Para Pessoas.
“Ao longo deste eixo da cidade localizam-se não apenas diversos equipamentos de ensino (entre os quais o Jardim de Infância de Telheiras, a Escola Básica 1 de Telheiras, a Escola Básica de São Vicente de Telheiras, a Escola Secundária Vergílio Ferreira, o Colégio Militar, o Externato da Luz, o Jardim de Infância da Horta Nova, a Escola Básica Prista Monteiro e ainda o campus da Universidade Europeia) como também inúmeras empresas, muitas das quais sediadas no Pólo Tecnológico de Lisboa (LISPOLIS), bem como no campus da Agência Para a Competitividade e Inovação (IAPMEI)”, justificam.
A proposta do Metro de Lisboa passa por colocar uma estação próxima de alguns desses equipamentos – a estação S. Francisco servirá o Bairro da Horta Nova, a Quinta dos Inglesinhos, o LISPOLIS e também, de certo modo, o Bairro Padre Cruz. Por outro lado, como notou a Time Out Lisboa, a futura estação Benfica ficará afastada da estação ferroviária daquela freguesia, onde poderia nascer uma importante interface de transportes. Em resposta àquela revista, o Metro de Lisboa disse que “ainda é prematuro” anunciar o “exacto traçado” deste prolongamento da Linha Amarela, acrescentando que a localização das estações previstas “resulta de uma ampla e exigente ponderação para a adopção de uma solução equilibrada, assente em estudos técnicos e na consulta de diversas entidades da especialidade de reconhecido mérito e competência”.

Dinheiro europeu acaba em Dezembro
Entretanto, a construção da Linha Circular vai, a partir de 1 de Janeiro de 2024, ser assegurada “exclusivamente por recursos nacionais”, uma vez que o financiamento europeu ao abrigo do programa operacional POSEUR termina no final deste ano mas a obra não estará concluída a tempo. Quem o disse foi Helena Azevedo, gestora do POSEUR, recentemente na Assembleia da República, na subcomissão dedicada aos fundos europeus.
Foi a primeira vez que uma responsável pública admitiu que as derrapagens no calendário das obras da Linha que criará um anel circular na cidade de Lisboa vão fazer o país perder o dinheiro europeu previsto para a obra. Recentemente, o executivo liderado por António Costa também admitiu atrasos na Linha Violeta e um aumento do custo, revelando que irá através do Orçamento do Estado assegurar o excedente.