A Estrada Florestal, na Costa da Caparica, já é ciclável. A nova ciclovia permite apanhar o barco em Lisboa, sair na Trafaria e chegar às praias da Fonte da Telha sem trânsito nem outras confusões. A nova infraestrutura ciclável serve também todos os residentes da Costa que queiram deslocar-se de bicicleta em segurança.

Numa segunda-feira de manhã, no início de Verão, a Costa da Caparica é dos caparicanos. A invasão de veraneantes seduzidos pelas praias da Costa ainda está para se dar e, sendo ainda por cima dia útil, são muito mais os locais que se vêem na rua. E não é por isso e por não estarmos no pico do Verão que a nova ciclovia da Estrada Florestal, obra recentemente concluída pela Câmara de Almada, não tem utilização. Antes pelo contrário.
Construída a pensar nos veraneantes, são vários os caparicanos que já aproveitam a nova infraestrutura, circulando de bicicleta por uma artéria onde as velocidades de circulação dos automóveis nem sempre são compatíveis com a da mobilidade suave. Como qualquer zona com tradição de mar e de pesca, a bicicleta é um elemento presente no seu dia-a-dia. E a Costa não é excepção. A nova ciclovia vem oferecer um corredor segregado do por vezes violento trânsito rodoviário, servindo todos os que querem circular de bicicleta em segurança. E são muitos os que o faziam, pelo menos, no dia da visita do LPP: vimos bicicletas de mobilidade, bicicletas de recreio e outras dos novos serviços privados de partilha, de que falaremos mais adiante. Vimos pessoas a ir à praia, pessoas a ir ao café com os amigos, pessoas a transportar compras. Vimos pessoas de diferentes idades.

A nova ciclovia percorre a Estrada Florestal e torna também possível ir de Lisboa às praias da Costa e, em particular, as da Fonte da Telha de bicicleta, trotineta, skate, patins… Da Trafaria, onde chega o barco vindo de Belém (com capacidade para 30 bicicletas), já existe rede ciclável desde 2008, que liga ao paredão das praias da Costa (também ciclável) e agora a esta nova infraestrutura. Ao lado da ciclovia foi deixado espaço para peões.
A Câmara de Almada colocou sinalética numa tentativa de dissuadir o estacionamento abusivo que se regista, por vezes, nesta nova infraestrutura ciclável. Apesar de não haver pilaretes nem outros bloqueios físicos, a autarquia esperará que assim os condutores se inibam de parar em cima da ciclovia e da área pedonal adjacente – como fazem noutras partes do concelho de Almada, tão fustigado pelo estacionamento em passeios. Os sinais apresentam a mensagem “não estrague um bom dia de praia com um mau estacionamento” e mostram uma fotografia de carros a serem autuados e rebocados por estarem na infraestrutura destinada às bicicletas; as coimas podem ir dos 60 aos 300 euros.








Certo é que Almada precisa também de ter a ciclovia desimpedida porque a mesma serve também para viaturas de emergências acederem rapidamente às praias, escapando ao trânsito que, nos fins-de-semanas e durante a época balnear costuma ser bastante denso. Tal como acontece na Almirante Reis, em Lisboa, no caso de uma ambulância ou de outro veículo de emergência precisar de passar, os ciclistas e demais utilizadores da via terão de se desviar nesse momento, ao ouvirem a sirene ou avistarem a viatura de emergência.
Como referido, a nova ciclovia da Estrada Florestal liga com o paredão marítimo e com a ciclovia já existente ao longo da Avenida Afonso de Albuquerque, e que permite chegar à Trafaria. Ou seja, em teoria, já é possível percorrer toda a frente marítima da Costa de bicicleta, sem trânsito nem outras confusões. A ligação entre as diferentes ciclovias (a Florestal, a do paredão e da Trafaria) não é sempre a mais imediata, sendo precisos alguns truques. Vindo da Trafaria, é seguir pelo percurso que ainda está assinalado e, à chegada à Avenida Afonso de Albuquerque, virar para a zona do mar numa das primeiras intersecções. Depois do paredão, para chegar à Estrada Florestal e aceder às praias da Fonte da Telha, é preciso fazer um pequeno troço por entre um pequeno e sossegado arruamento local.
Apesar do investimento da Câmara de Almada na nova ciclovia, não existem planos para a recuperação da primeira rede ciclável da Costa da Caparica, que permite liga a cidade ao terminal fluvial da Trafaria e, por aqui, à cidade de Lisboa. Apesar de ser um trajecto plano e, por isso, acessível, com um bom desenho no geral, a ciclovia encontra-se de tal forma degradada que o seu uso pode ser desconfortável. O pavimento está gasto, há buracos e a sinalização da via está também desgastada. Essa ciclovia tem seis quilómetros pertenceu a um primeiro projecto de uma rede ciclável em Almada, o PACicla – Plano Almada Ciclável, lançado em 2003-05, e nunca concretizado na totalidade. O PACicla previa 223 km de vias destinadas essencialmente a bicicletas e peões por todo o município.






Almada adere às bicicletas e trotinetas partilhadas de privados
A partir de 4 de Junho ficaram disponíveis em Almada bicicletas e trotinetas partilhadas sem docas de quatro operadores privados: Pájaro, Perno, Cal e Whoosh. Os serviços estão disponíveis no eixo marítimo da Costa da Caparica, entre a Trafaria e a Fonte da Telha, mas também na cidade da Costa, bem como na cidade de Almada, entre Cacilhas e o Monte da Caparica. Ao longo do território, foram estabelecidos pontos de estacionamento, maioritariamente em zonas pedonais mas alguns também em áreas antes destinadas ao carro.
Para fomentar uma convivência saudável com esta nova oferta, será obrigatório parquear estes veículos de mobilidade suave nas docas virtuais definidas para o efeito, assinaladas nas apps dos operadores e identificadas no local. Tendo em consideração que o espaço público é partilhado por todos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida, crianças e idosos, a Câmara de Almada pretende que desta forma que o parqueamento destes veículos partilhados seja feito de forma organizada e responsável. O não parqueamento nos locais assinalados para o efeito implicará em custos para os utilizadores, uma vez que não será possível “concluir a viagem“, continuando assim a pagar o serviço.


Os operadores Pájaro, Perno, Cal e Whoosh disponibilizam viagens contabilizadas ao minuto, com ou sem tarifa de desbloqueio, mas também passes diários que podem ir dos 5 aos 10 euros. São serviços pensados numa utilização ocasional e não frequente. No eixo da Costa da Caparica, as primeiras docas estão junto ao terminal fluvial da Trafaria e no final da ciclovia da Estrada Florestal; no eixo de Almada, os primeiros locais de estacionamento estão junto à interface intermodal de Cacilhas e junto ao campus da Faculdade Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova, no Monte da Caparica.

Segundo a autarquia almadense, de modo a garantir a segurança dos utilizadores, foram definidas zonas de circulação proibida, em função dos volumes de tráfego pedonal e de potencial risco acrescido, assim como zonas de circulação condicionada, como em vias pedonais ou mistas, assinaladas no mapa de acordo com o seguinte critério. Nas zonas de circulação condicionada, a velocidade está limitada a 10 km/h, como é o caso do paredão da Costa; nas de circulação proibida, o motor das bicicletas e trotinetas desliga-se.
Zonas de Circulação Condicionada 🟡 | Zonas de Circulação Proibida 🔴 |
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– troço pedonal da rua Capitão Leitão, Almada – Zona Central de Almada (entre a Praça S. João Baptista, o Largo Gabriel Pedro e a Rua Lourenço Pires de Távora) – Rua Cândido dos Reis, Cacilhas – Paredão da Costa da Caparica – Praça da Liberdade, Costa da Caparica | – Rua dos Pescadores, Costa da Caparica – Parque da Juventude, Almada |