Em vários locais, a habitual calçada está a ser substituída por pavimentos lisos e antiderrapantes, com o objectivo de melhorar a segurança e o conforto de quem anda a pé. As intervenções estão a acontecer em áreas mais inclinadas ou de grande circulação.

Um pouco por toda a área metropolitana de Lisboa há calçada a ser substituída por pavimentos mais lisos e confortáveis. Na Rua Almeida Garrett, em Carnaxide, Oeiras, estão a ser colocadas lajes antiderrapantes em substituição das habituais pedras brancas de calcário. Uma intervenção que já tinha sido feita ali numa praceta e que será realizada noutros arruamentos semelhantes. O objectivo é dar mais conforto e segurança a quem se desloca a pé, principalmente às pessoas que têm a sua mobilidade condicionada como idosos.
“Estamos a substituir a [calçada de vidraço] um pouco por todo o concelho por estas placas antiderrapantes”, disse Isaltino Morais, Presidente da Câmara de Oeiras, num vídeo recentemente publicado nas redes sociais. As ruas Almeida Garrett, Antero de Quental e Eça de Queirós “são ruas aqui de Carnaxide onde tem havido muitas reclamações em relação à calçada de vidraço, sobretudo nas zonas inclinadas, onde as pessoas mais idosas têm uma tendência realmente para cair porque tropeçam ou escorregam. Não é por acaso que a esta calçada, embora de calcário, lhe dêem nome de vidraço. Vidraço porque com o uso acaba por ficar muito escorregadia”.
Segundo o Presidente da União de Freguesias de Carnaxide e Queijas, Inigo Pereira, “a população desta zona tem vindo a pedir [esta intervenção] já há alguns anos”. “No ano passado avançámos ali para a Praceta Barbosa do Bocage”, explicou o autarca no mesmo vídeo, acrescentando que está a ser dada prioridade às zonas mais inclinadas e que “estas intervenções são muito importantes para a segurança da nossa população”. Isaltino referiu que “isto é justamente cuidar do conforto urbano”pero “tem de ser um trabalho muito rigoroso e bem feito, porque se as placas não ficarem bem colocadas, basta que levante um bocadinho, que temos o mesmo problema: [a pessoa] bate na esquina, tropeça e cai”.
Um passeio especial em Benfica
Não é só em Carnaxide que se está a trabalhar em passeios lisos e confortáveis. Em Benfica, Lisboa, a Junta de Freguesia requalificou recentemente alguns arruamentos de maior movimento pedonal da freguesia, colocando lajes de betão para dar mais conforto a moradores e visitantes.
Na Estrada de Benfica, entre o Fonte Nova e o coração comercial da freguesia, passando por locais como a escola Pedro de Santarém ou o Palácio Baldaya, passou a existir uma faixa de pavimento confortável, contínuo e antiderrapante. Anteriormente, já tinha sido colocado este pavimento confortável na Avenida do Uruguai. Segundo a Junta, seguem-se agora intervenções na Avenida Gomes Pereira, até à Estação de Comboios, e a conclusão da Estrada de Benfica até às Portas de Benfica.
Na Avenida do Uruguai, o passeio confortável é também uma homenagem àqueles que mais contribuíram para a riqueza cultural do bairro. O designado Passeio Ulmeiro foi criado para assinalar a reabertura da Livraria Ulmeiro e tem nele várias figuras culturais desenhadas. Do filósofo e poeta Agostinho da Silva, ao escritor António Lobo Antunes, passando pelo incontornável Zeca Afonso ou pelo compositor e guitarrista Carlos Paredes, sem esquecer a escritora Natália Correia. A obra estende-se no caminho entre a antiga morada da livraria (Avenida do Uruguai, 13A) e a nova (agora no número 19B).
Este passeio cultural tem um contexto. Desafiando a sua localização periférica na capital, a freguesia de Benfica tem procurado ganhar centralidade, não só em relação a Lisboa, mas também à Amadora. Na verdade, Benfica não quer ser um mero dormitório e a Junta de Freguesia tem feito da cultura um dos seus vectores estratégicos. O Auditório Carlos Paredes, o Palácio Baldaya, o recém-aberto Teatro Turim e a futura Biblioteca Municipal de Benfica, com o espólio de António Lobo Antunes, compõem a panóplia de espaços culturais que confirmam esse investimento. E, recentemente, com o apoio da Junta, o bairro ganhou um novo membro na família – ou um regresso à família – a histórica livraria Ulmeiro, que voltou a Benfica, depois de há alguns anos se ter mudado para a Fábrica Braço de Prata, em Marvila.
A calçada continuará a ter lugar nas cidades e localidades portuguesas, mas em zonas históricas e noutros locais onde faça sentido mostrar a verdadeira calçada portuguesa – isto é, a calçada com tons diferentes e ornamentos. E essa calçada deve ser protegida. A calçada simples, com pedras brancas de calcário, pode ser substituída por pavimentos mais lisos e confortáveis em zonas residenciais, comerciais e áreas com grande circulação de pedestres, promovendo maior segurança e acessibilidade, especialmente para idosos e pessoas com mobilidade reduzida.