Reveladas as primeiras imagens do novo SATUO

Já são conhecidos os detalhes do novo SATUO, um sistema de transporte que irá ligar as linhas de Cascais e Sintra através de autocarros eléctricos em via dedicada. A Parques Tejo, empresa de mobilidade de Oeiras, apresentou o projecto na reunião da Câmara Municipal de Oeiras na passada quarta-feira, 5 de Março. A reativação do SATUO prevê um traçado de 9,5 quilómetros, com 15 estações entre Paço de Arcos e Barcarena/Massamá, garantindo um tempo de viagem estimado em 25 minutos. Deverá estar em funcionamento em 2029.

O novo SATUO será baseado no modelo de transporte Bus Rapid Transit (BRT), também conhecido como Metrobus, que tem vindo a ser implementado em várias cidades do país, como Coimbra e Porto. Este sistema assemelha-se a um metro ligeiro de superfície, mas em vez de composições sobre carris, utiliza autocarros articulados eléctricos. Os veículos circulam em via dedicada, têm prioridade nos cruzamentos graças a semáforos que abrem automaticamente à sua passagem e podem ter guiamento óptico para uma condução mais automatizada.

Aproveitar o viaduto existente

No caso do SATUO, o sistema de BRT será implementado com a reconversão do viaduto ferroviário que já existe entre a estação de comboio de Paço de Arcos e o centro comercial Oeiras Parque; a partir daqui, o traçado desenvolve-se-á ao nível da estrada, sempre em via dedicada, passando pelo Lagoas Park, TagusPark, Fábrica da Pólvora e Tercena, até à estação de comboio de Massamá/Barcarena, no concelho vizinho de Sintra. O SATUO contará com estações semelhantes às de um metro, e guiamento óptico entre as estações de Paço de Arcos (Navegantes) e do Oeiras Parque (Fórum), além da construção de cinco novos viadutos ao longo do traçado.

A concretização deste novo SATUO, aproveitando o viaduto e as três estações existentes, está estimada em 100 milhões de euros. Será com este valor base que a Câmara de Oeiras prevê lançar o concurso público que envolverá a concepção e construção do projecto. À estimativa de 100 milhões, acrescem 10 milhões para a compra dos autocarros eléctricos articulados.

Todos os estudos concluídos

Segundo a Parques Tejo, já estão concluídos todos os estudos para o avanço do novo SATUO, incluindo todos os estudos preliminares de viabilidade do projecto, concretizados entre 2022 e 2024, e os primeiros estudos técnicos, que terminaram em Fevereiro deste ano. Entre os estudos preliminares, está: 1) o estudo de procura, que estima 30 mil viagens/dia no novo corredor de BRT; 2) o estudo prévio de traçado, em que foram analisadas algumas alternativas; 3) o estudo de reordenamento da circulação rodoviária e estacionamento, para determinar os impactos do novo SATUO nas condições existentes; 3) um estudo de soluções tecnológicas, em que se analisou a utilização de semáforos inteligentes com prioridade para transporte público e de guiamento óptico; 4) uma análise custo-benefício, em que são analisados os benefícios sociais, ambientais e económicos do novo SATUO, considerando os custos, o financiamento e o retorno financeiro.

Quanto aos primeiros estudos técnicos, foi avaliada a adaptação do viaduto do antigo SATUO para transporte rodoviário, analisando a resistência da estrutura e a conformidade com as normas europeias, especialmente em relação à acção sísmicas. Foi ainda feito uma caracterização geológica e geotécnica da zona por onde passará o novo corredor BRT, com uma análise do subsolo e definição preliminar dos tipos de fundação e das profundidades estimadas para os apoios. Por fim, um estudo que avalia os impactos do corredor do SATUO e que conclui que o projecto não necessita de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA).

Interesse público aprovado

Na reunião de 5 de Março, a Câmara de Oeiras aprovou uma declaração de interesse público do projecto do SATUO, com vista a assegurar a disponibilização de todos os terrenos necessários. As negociações com os proprietários dos afectados vão começar em breve, diz a Parques Tejo, que está também a aguardar pareceres da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para formalizar o enquadramento jurídico – um passo que, não sendo obrigatório, pode ajudar a fortalecer o projecto.

A aprovação da declaração de interesse público em reunião camarária contou com a abstenção de Carla Castelo, a única vereadora da oposição e representante da coligação Evoluir Oeiras, que, através das redes sociais, informou ter solicitado acesso aos estudos do novo SATUO. Carla Castelo questionou se os 110 milhões de euros serão suficientes para resolver o “problema do excesso de automóveis” e criticou o projeto por manter o “nome do sistema de transporte público que falhou, encerrado em 2015 devido a prejuízos acumulados”, além de destacar a falta de garantias quanto ao uso dos mesmos veículos ao longo de todo o trajecto e à rapidez da viagem.

Já Joana Baptista, Vereadora da Mobilidade, reforçou o compromisso da autarquia em ajustar e otimizar o projeto para garantir sustentabilidade financeira e eficiência operacional, segundo uma nota de imprensa da Parques Tejo. A interligação entre as duas linhas ferroviárias, aliada à redução de custos operacionais, foi apontada como um dos pilares para o sucesso do SATUO. Na mesma nota, é referido que Isaltino Morais, Presidente da Câmara, reforçou os benefícios do novo SATUO, com especial ênfase na importância da estação de Barcarena/Massamá como ponto estratégico de ligação à Linha de Sintra, e destacou a boa receção do projecto pela Câmara de Sintra.

O próximo passo é o lançamento, ainda este ano, do concurso público, para o qual já existe programa base com uma memória descritiva do projecto, plantas do traçado rodoviário proposto, estudos dos novos viadutos, desenhos de arquitectura das novas estações e espaços públicos envolventes, e o estudo relativo à priorização do BRT nas intersecções semaforizadas.

Estima-se que a empreitada do possa ficar concluída em 2028 e que o novo SATUO esteja operacional em 2029, ligando as linhas de Cascais e de Sintra.