AML prepara a criação de uma Rede Metropolitana de Bibliotecas

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A ideia passa por juntar as várias bibliotecas municipais da área metropolitana de Lisboa numa rede única, que permita a optimização de recursos, a redução de custos e a colaboração em projectos comuns.

LPP Fotografía

Existem a nível nacional, pelo menos, 424 bibliotecas públicas. O número pode ser maior, uma vez que nem todas integram a designada Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP), gerida pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). Na área metropolitana de Lisboa, existem mais de 60. E se todas estas bibliotecas estivessem conectadas entre si e trabalhassem em rede? É precisamente isso que a Área Metropolitana de Lisboa (AML) pondera fazer, estabelecendo a primeira Rede Metropolitana de Bibliotecas do país.

Actualmente, em cada município da área metropolitana de Lisboa (amL), existe pelo menos uma biblioteca municipal ou uma rede de bibliotecas municipais, dependendo da dimensão e da organização do respectivo território. Lisboa é a cidade que tem a maior rede, integrando 14 bibliotecas convencionais, uma hemeroteca (dedicada a publicações periódicas como jornais), uma biblioteca itinerante e ainda uma biblioteca-quiosque no Jardim da Estrela. Em Almada, existem duas bibliotecas municipais; em Setúbal, duas bibliotecas principais e três mais pequenas; Oeiras tem três bibliotecas e uma livraria municipal; já Sintra, um dos maiores concelhos da amL, organiza a sua biblioteca municipal em quatro pólos distintos.

Ao longo da história, as bibliotecas têm sido pilares fundamentais da sociedade, desempenhando um papel crucial no armazenamento, disseminação e preservação do conhecimento humano. Começaram por ser espaços dedicados à organização e consulta de livros, documentos e materiais audiovisuais. Com a massificação da tecnologia, o advento do digital e os novos paradigmas de trabalho, tornaram-se também espaços de coworking e zonas de estudo, mas também pontos de acesso gratuito a computadores e à internet, relevando neste âmbito um papel muito importante ao nível da inclusão. Além disso, as bibliotecas também oferecem uma variedade de outros serviços e actividades que beneficiam a comunidade em geral, tornando-se verdadeiros centros comunitários. As bibliotecas podem ser, aliás, pontos de encontro, de cidadania e também de cultura, com uma programação de conferências, debates, exposições, exibições de cinema, workshops… Com ar condicionado, as bibliotecas podem também ser refúgios climáticos em dias de muito calor.

As bibliotecas municipais da amL que integram a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP)

Trabalhar em conjunto e unir esforços

A Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) tem vindo a promover, em conjunto com as Comunidades Intermunicipais, a constituição de Redes Intermunicipais de Bibliotecas. A ideia é aproveitar a divisão do território em 23 regiões para estabelecer pontos de colaboração, colocando as bibliotecas de um município em diálogo com as bibliotecas dos municípios vizinhos da mesma Comunidade. Os objectivos passam por optimizar os recursos disponíveis e reduzir custos locais através de uma escala regional, melhorar e equilibrar os serviços disponibilizados em cada biblioteca, melhorar o acesso à informação impressa e digital, e reforçar uma identidade intermunicipal.

A nível nacional, existem já 17 Redes Intermunicipais de Bibliotecas, em regiões como Coimbra, Aveiro, Alto Minho, Trás-os Montes, Alentejo Central, Oeste ou Algarve. Lisboa, sendo uma área metropolitana, pode ter a primeira Rede Metropolitana de Bibliotecas do país. Nesse sentido, a AML estabeleceu um grupo de trabalho de cerca de 40 pessoas, composto por eleitos, dirigentes e bibliotecários dos 18 municípios, que, no passado dia 5 de Julho, reuniu com a DGLAB não só para discutir o estabelecimento dessa rede, mas também a sua relação com a modernização da infraestrutura tecnológica dos equipamentos culturais, no âmbito do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência (a “bazuca” europeia).

Os municípios farão agora chegar os seus contributos durante as próximas semanas, de forma a possibilitar a formalização de um acordo, a ser assinado entre a AML e a DGLAB. Esse acordo de cooperação permitirá a constituição da Rede Metropolitana de Bibliotecas de Lisboa, a realização de investimentos prioritários na renovação do parque informático dos equipamentos ao dispor do público nas bibliotecas públicas, bem como a concretização de um agregador de catálogos a nível metropolitano – fundamental para melhorar a organização interna dos equipamentos, optimizar recursos e melhorar os serviços prestados à população. A assinatura do acordo prevê-se que possa ser concretizada, em sede do Conselho Metropolitano da AML, no último trimestre deste ano.

De acordo com a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o estabelecimento de Redes Intermunicipais de Bibliotecas enquadra-se numa espécie de segunda fase do programa de Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Criado há 37 anos, este programa tem vindo a permitir a abertura ao público de bibliotecas públicas municipais por todo o país e a sua dinamização, num esforço considerável da Administração Central e Local. Três décadas depois, procura-se agora o estabelecimento de pontes entre as bibliotecas de cada região, promovendo um trabalho em rede de forma descentralizada. Do lado do Estado Central, através da DGLAB, é prestado apoio ao nível técnico, de partilha de conhecimento e de boas práticas, e também da dinamização de projectos comuns.

Escala regional sem perder a identidade municipal

Com o estabelecimento destas Redes Intermunicipais, a DGLAB passa a poder dialogar com 23 regiões, através de grupos de trabalho constituídos ao nível intermunicipal, em vez de falar com cada um dos mais de 200 municípios. Esses grupos de trabalho deverão integrar, pelo menos, os bibliotecários de cada uma das bibliotecas municipais de uma determinada Comunidade Intermunicipal. De referir que, apesar de existir um trabalho conjunto à escala metropolitana, pretende-se respeitar a individualidade de cada município e biblioteca. A DGLAB pretende incluir nas Redes Intermunicipais de Bibliotecas, sempre que tal for considerado relevante, também outras entidades e instituições que concorram para os mesmos objectivos, como instituições do ensino superior, arquivos, museus e fundações.

Além do estabelecimento de Redes Intermunicipais, a estratégia da DGLAB para as bibliotecas públicas passa por: 1) aumentar a utilização dos recursos e serviços das bibliotecas públicas, rentabilizando assim a qualidade dos equipamentos instalados e o investimento realizado, bem como valorizar os serviços de biblioteca pública já prestados às populações; 2) contribuir para a atração de novos públicos com diferentes necessidades e interesses; 3) apoiar o desenvolvimento de serviços nas bibliotecas públicas, devidamente enquadrados, sustentáveis e que permitam dar resposta às necessidades da população; 4) afirmar, junto das comunidades, o papel das bibliotecas públicas, reforçando a sua função de equipamentos de proximidade com diferentes valências: culturais, informativas, formativas e de cidadania; 5) reduzir as desigualdades e as assimetrias regionais, que também se verificam no serviço de biblioteca pública, como forma de valorização e desenvolvimento dos territórios mais periféricos; 6) alargar e diversificar os serviços prestados pelas bibliotecas públicas, integrando outras entidades, projetos ou serviços, para além da área da Cultura, nomeadamente nas áreas da Modernização Administrativa, Emprego, Turismo, Ciência, Acção Social.

Podes saber mais sobre o trabalho e estratégia da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas para as bibliotecas públicas aquí.

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