Com o Elevador da Glória desactivado, a Carris lançou uma carreira alternativa em mini-autocarros eléctricos, que circula entre os Restauradores, a Baixa, o Largo do Carmo, o Miradouro de São Pedro de Alcântara e a Praça da Alegria, com uma frequência de 15 minutos.

O Elevador da Glória servia o encanto de turistas mas também a mobilidade de muitos locais. Por isso, face ao descarrilamento de 3 de Setembro, que deixou o serviço inoperacional, a Carris lançou, na passada sexta-feita, uma carreira alternativa de mino-autocarros. A 51E – a designação numérica do Elevador da Glória – circula entre os Restauradores, a Baixa, o Largo do Carmo, o Miradouro de São Pedro de Alcântara/Bairro Alto e a Praça da Alegria, num percurso circular que pode demorar entre 15 e 30 minutos, dependendo do trânsito.
De forma mais concreta, a 51E tem início nos Restauradores e passagem pelo Rossio, Rua do Ouro, Rua da Conceição, Rua Nova do Almada, Rua Garrett, Calçada do Sacramento, Largo do Carmo, Largo da Trindade, Rua da Misericórdia, Rua das Taipas, Praça da Alegria e Avenida da Liberdade, regressando depois aos Restauradores. Funciona todos os dias entre as 7 horas e as 21h30 com saídas a cada 15 minutos dos Restauradores, sensivelmente.

Há um problema com este novo 51E: o trânsito no centro histórico de Lisboa. Sem quaisquer restrições em vigor, a carreira sofre com isso, podendo demorar o dobro a fazer todo o trajecto, principalmente no miolo do dia. Sem trânsito, todo o percurso pode ser feito em 15-20 minutos. Uma ajuda rápida e fácil de implementar seria estes mini-autocarros usarem a Rua do Carmo, que está pedonalizada desde os anos 1980. Os veículos que estão a ser usados no 51E são pequenos, eléctricos e silenciosos, e podem ser compatibilizados com a circulação pedonal – como acontece, por exemplo, em Coimbra, na principal artéria pedonal desta cidade. A utilização da Rua do Carmo seria um atalho gigante, evitando todo o trânsito da Rua do Ouro.

Apesar de esta carreira de mini-autocarros receber o número da carreira do acidentado Elevador da Glória, 51E, tem um percurso mais abrangente e substitui também o Elevador de Santa Justa, que está suspenso, ao ligar a Baixa ao Largo do Carmo. Aliás, é a primeira vez em largos anos que o Carmo volta a ter uma carreira de autocarro, uma oferta que poderá fazer todo o sentido mesmo com a reactivação dos elevadores uma vez que estes têm muita procura por turistas. Ou seja, este circuito de mini-autocarros poderia ser implementado de forma permanente.
Por agora, uma carreira alternativa ao Elevador da Glória era necessária por não existir outra forma em transporte público de fazer o trajecto ascendente. O mesmo não é possível dizer dos elevadores da Bica e do Lavra, que encontram redundâncias com o 22B e o 19B, respectivamente. Ainda assim, o percurso do 19B foi ligeiramente ajustado e ganhou novas paragens, para melhor servir o trajecto do Elevador do Lavra, como conta o portal Autocarros de Lisboa.
Constituída “Equipa de Missão” para concepção de um novo sistema tecnológico do futuro Elevador da Glória

Na sequência do acidente ocorrido com o Elevador da Glória, o Executivo da Câmara de Lisboa, entre o conjunto de medidas aprovadas no sentido de apoio às vítimas e seus familiares, como a criação de um Fundo Municipal de Apoio, aprovou também a constituição de um Grupo de Missão para dar início ao processo de concepção de um novo sistema tecnológico daquele equipamento.
“Para além de todas as respostas que exigimos em relação a esta tragédia, e que queremos que sejam apuradas no mais curto espaço de tempo possível, temos também de olhar para a frente e assumir desde já a liderança com novas soluções para o futuro Elevador da Glória”, salienta Carlos Moedas, Presidente da Câmara de Lisboa, em comunicado. “É precisamente este trabalho de reforço da confiança que começa a ser preparado e que junta algumas das mais prestigiadas instituições do nosso país.”
Em representação do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) passam a fazer parte deste Grupo de Missão o engenheiro civil Luís Oliveira, director do Departamento de Estruturas, e o engenheiro mecânico João Viegas, directo do Centro de Instrumentação Científica e Tecnologias de Informação. A Ordem dos Engenheiros estará representada pelo seu Presidente do Colégio de Engenharia e Qualidade, Ricardo da Cunha Reis, e por Manuel Tender, Coordenador do grupo de Segurança no Trabalho. Em representação do Instituto Superior Técnico estará Jorge Ambrósio, Professor catedrático especialista em Mecânica estrutural e computacional.
É prioridade da Câmara de Lisboa e da Carris estudarem novas soluções e restabelecerem a normalidade com a maior brevidade possível, garantindo simultaneamente a preservação do património histórico e cultural que o Elevador da Glória representa para Lisboa e para o país.
Durante esta semana está prevista a realização de uma reunião entre todos os elementos deste Grupo de Missão e o Presidente da Câmara de Lisboa.