A instalação “Reality Blocker”, do artista Confeere, aborda o tema da tecnologia e como esta tem distanciado as pessoas da realidade.

Quando o fotografámos, o telemóvel de pano que segurava na mão já tinha desaparecido. É algo que pode acontecer quando se faz arte para ser exposta na rua: está-se à mercê de todo o contexto urbano. Mas a mensagem continua lá: “Reality Blocker” é uma instalação do artista Confeere que não terá passado despercebido a todas as pessoas que passaram nas últimas semanas pela estação ferroviária de Entrecampos ou pela ciclovia da Avenida da República.
“Reality Blocker” aborda o tema da tecnologia e como esta tem distanciado as pessoas da realidade. A obra foi desenvolvida no âmbito de Programa de Arte Pública da Underdogs Gallery, em parceria com a Galeria de Arte Urbana (GAU), da Câmara Municipal de Lisboa, e a Infraestruturas de Portugal, gestora das estações ferroviárias.
Construído a partir da utilização de tecidos recicláveis, “Reality Blocker” é também um apelo à transição para uma economia circular na indústria têxtil, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável e para colmatar o problema do desperdício. O trabalho pertence ao jovem artista Bruno Gonçalves, de 26 anos, que assina como Confeere.
De acordo com o artista, estamos cada vez mais sozinhos e virados para os ecrãs dos vários dispositivos tecnológicos a que temos acesso, abstraindo-nos daquilo que se passa à nossa volta. Rapidamente passou de uma distração para um vício. Esta peça, sendo permanente, simboliza isso mesmo. A figura está presente dia e noite, apenas focada no telemóvel (que terá sido arrancado por alguém, entretanto), ignorando completamente o que se passa à sua volta.

Em estação como a de Entrecampos, o telemóvel é habitualmente um escapa da realidade de espera – que, por vezes, pode ser de largos minutos – pelo comboio seguinte. A localização de “Reality Blocker” acaba, por isso, por ganhar um sentido mais apurado.
