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Câmara de Lisboa quer usar tecnologia para ordenar as trotinetas e bicicletas partilhadas na cidade

Alguns operadores de trotinetas e bicicletas já têm limitado tecnologicamente a utilização desses veículos na cidade, por exemplo, em zonas pedonais; mas a Câmara de Lisboa está a trabalhar num regulamento que crie uma linguagem comum a toda a mobilidade suave partilhada na cidade.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Lisboa vai ter um regulamento municipal para a mobilidade suave partilhada, com o intuito de sistematizar e normalizar a utilização de bicicletas e trotinetas na cidade de Lisboa, anunciava o Vereador da Mobilidade, Ângelo Pereira, em meados de Maio. Já nesta semana foram dados mais detalhes sobre o futuro regulamento, nomeadamente a intenção da Câmara de Lisboa de utilizar tecnologia de geolocalização para organizar os veículos partilhados na cidade, quer ao nível da circulação, quer ao do estacionamento.

Uma das principais preocupações da autarquia é o estacionamento abusivo de bicicletas e trotinetas no espaço público, prejudicando muitas vezes a mobilidade pedonal, mas também a circulação destes veículos em passeios ou até em sentidos proibidos. Se, por um lado, esses comportamentos podem indicar a ausência de infraestrutura adequada, por outro, são geradores de conflitos e fricções com os demais utilizadores da cidade.

“Este documento [o Regulamento Municipal da Mobilidade Partilhada] irá incluir o conhecimento e sensibilidade de todos os stakeholders, sendo que iniciámos esta auscultação com uma reunião de trabalho com todos os operadores que actuam em Lisboa. Queremos uma mobilidade eficiente, confortável e sustentável”, escrevia Ângelo Pereira ainda em Maio num tweet, depois de uma reunião com as empresas privadas que partilham trotinetas e bicicletas em Lisboa.

Actualmente, operam na cidade quatro empresas privadas, a saber: a Bolt, que tem uma frota de trotinetas e de bicicletas eléctricas sem doca; a Bird, que disponibiliza apenas trotinetas mas que prevê lançar bicicletas em breve; a Link, que apenas oferece trotinetas; e ainda a Lime, uma empresa da Uber que também só disponibiliza trotinetas de momento. Ao todo, existirão por Lisboa cerca de 11 mil trotinetas e bicicletas partilhadas sem doca – veículos que não têm um ponto de pegada e largada fixo.

Consulta pública até ao final do ano

“A cidade tem de ser para todos”, afirmou Carlos Moedas, Presidente da Câmara de Lisboa, na reunião pública descentralizada que decorreu esta semana sobre as freguesias de Belém, Ajuda e Alcântara. “Temos de ter políticas para que consigamos ter todos na cidade em harmonia”, completou, acrescentando que quase todas as semanas pergunta ao Vereador da Mobilidade sobre em que ponto está o regulamento que está a ser criado. “As trotinetas não podem ser paradas em todo o lado. Temos de ter um sistema – e hoje há tecnologia para isso – para que a trotineta não desligue se não estiver estacionada no sitio certo”, exemplificou o Presidente da Câmara.

“Estamos a trabalhar a nível tecnológico numa solução para impedir que tantas as trotinetas como as bicicletas só desliguem o contador da viagem em zonas que o município defina como zonas de estacionamento”, detalhou Ângelo Pereira, indicando que a ideia é também “impedir que as trotinetas entrem em via pública em sentido contrário e que andem em passeios que o município defina como proibidos para trotinetas”.

Todos os veículos de mobilidade suave partilhada já contam com localizadores GPS incorporados e os utilizadores desses veículos também contam com sinal GPS nos seus telemóveis, pelo que, com um mapa detalhado da cidade, será possível fazer esse controlo tecnológico da circulação e estacionamento de trotinetas e bicicletas partilhadas. Alguns operadores já têm, através das suas apps, obrigado os utilizadores a parquear os veículos em pontos de estacionamento para velocípedes existentes na cidade e noutras zonas autorizadas; caso não o façam, podem, em teoria, ser penalizados. Também há empresas a reduzir a velocidade máxima dos veículos de forma automática em zonas pedonais ou a desligar o motor por completo quando as pessoas circulam em áreas da cidade definidas como cinzentas (como é todo o Vale de Chelas, por exemplo).

Com o futuro Regulamento Municipal da Mobilidade Partilhada pretende-se criar uma linguagem comum. “Prevemos que o regulamento esteja concluído e aprovado, tanto em reunião da Câmara como da Assembleia Municipal, após a consulta pública, até ao final do ano, para entrar em vigor a partir do início do próximo ano”, informou o Vereador da Mobilidade. Ângelo Pereira respondia às preocupações de um munícipe na reunião pública descentralizada sobre o estacionamento abusivo de bicicletas e trotinetes nos passeios. Assim, até ao final do ano, deveremos ficar a conhecer este Regulamento e apresentar os nossos contributos, num processo de consulta pública formal.

Lisboa Para Pessoas

Redacção do Lisboa Para Pessoas, jornal local sobre Lisboa e a área metropolitana.View Author posts