Fertagus implementa horários nas escadas rolantes das estações, porquê?

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A operadora ferroviária está a desligar as escadas rolantes das suas estações nas horas de menor afluência para poupar energia.

Estação do Pragal (fotografia LPP)

Quem chegar de comboio à estação do Pragal, em Almada, entre as 9h30 de um dia útil o início da hora de ponta da tarde vai encontrar as escadas rolantes fechadas. Não estarão apenas desligadas mas efectivamente encerradas, com um gradeamento que impede que uma pessoa possa subir ou descer manualmente (leia-se com a força das suas pernas).

A situação no Pragal repete-se noutras estações onde a Fertagus opera em exclusividade, ou seja, onde a CP não tem serviço urbano de passageiros e onde, por isso, a gestão da estação foi entregue pela Infraestruturas de Portugal (IP) à operadora do grupo Barraqueiro. Falamos do das estações Foros da Amora, Fogueteiro, Coina e Penalva, todas a sul do Tejo.

Regressando ao Pragal. Desde Junho deste ano que as escadas rolantes desta estação passaram a funcionar, nos dias úteis, nos períodos de ponta da manhã (entre as 6h50 e as 9h30), da tarde (entre as 15h50 e as 19h40) e da noite (entre as 21h40 e as 23 horas); aos sábados, domingos e feriados, estarão activadas apenas entre as 21h40 e as 23 horas. Ao LPP, a Fertagus diz que estes equipamentos não possuem mecanismos de start&stop, ou seja, são escadas rolantes que não se desligam automaticamente quando não estão a ser utilizadas por passageiros. São escadas que apenas têm conseguem funcionar com diferentes frequências, isto é, com uma velocidade normal quando têm pessoas a usá-las e com uma velocidade mais baixa quando estão sem uso, poupando no consumo energético.

Fotografia LPP

A Fertagus explica que a implementação de horários nas escadas rolantes tem a ver com o seu Plano de Eficiência Energética 2022-2023, um documento concluído no final do ano passado e que “inclui as novas programações de funcionamento das escadas rolantes e elevadores, visando otimizar e aumentar a  sua eficiência energética através da adequação dos horários de funcionamento das escadas rolantes e elevadores aos períodos de maior afluência de clientes”. Este plano pretende dar continuidade ao trabalho que a Fertagus já vinha a fazer desde 2021 no campo da eficiência energética e, refere a empresa, foi reforçado também na sequência de uma directriz do Governo. “Estas medidas estão em vigor na Fertagus há vários anos, mas foram intensificadas em resposta à Resolução do Conselho de Ministros n.º 82/2022, a partir de 21 de Junho de 2023″, explica a empresa numa resposta escrita ao LPP.

Há sempre uma alternativa, garante Fertagus

Segundo ainda a Fertagus, o plano “procurou encontrar as melhores soluções” para cada equipamento, uma vez que alguns, como referido, “possuem sistemas de variadores de frequência, mas não de start&stop”. A empresa garante que, “em caso de avaria nas escadas de acesso às plataformas, temos um plano de redundância que garante a activação de outra escada rolante para acesso à mesma plataforma”. Refere ainda que, “para as pessoas com mobilidade reduzida, nos períodos em que as escadas possam estar desligadas, o vigilante ou colaborador pode, quando necessário, activar as escadas. Além disso, todas as estações possuem outras formas de acesso, como elevadores ou rampas”.

Fotografia LPP

No entanto, nem sempre um passageiro poderá entender que valha a pena incomodar um vigilante ou outra pessoa qualquer para activar uma escada rolante para utilização pessoal, por ter um pequeno desconforto muscular (que consegue aguentar) ou por estar a transportar um objecto volumoso (que, apesar de tudo, consegue transportar escada abaixo). Também o uso de um elevador pode não ser entendido como justificável por esse passageiro, pelo esforço que implica ou pela capacidade limitada desse equipamento dado haver mais passageiros. As escadas rolantes ajudam nos grandes fluxos, mas são também uma questão de conforto – algo que quem utiliza transportes públicos também merece ter.

A operadora ferroviária espera que “a implementação destas medidas resulte numa redução significativa do consumo de energia nas estações da Fertagus”, mas não sabe quanto. “Nesta fase, ainda não é possível fornecer cálculos específicos sobre os consumos das escadas rolantes. Será necessário mais tempo para termos um termo de comparação com períodos homólogos”, indicou, em resposta a se tinha alguma estimativa.

Fotografia LPP

O Plano de Eficiência Energética 2022-2023 da Fertagus tem como vectores estratégicos a aposta na eficiência energética e hídrica, bem como na optimização da utilização dos recursos disponíveis. “O plano inclui medidas adicionais às já implementadas no âmbito do seu sistema de gestão, nomeadamente ao nível de comportamentos e recomendações, formação e capacitação e comunicação e sensibilização”, refere a empresa. O documento “foi elaborado com o contributo de todas as áreas da empresa, estando definidas medidas específicas para cada uma delas”, e pretende também incentivar a acelerar a transição energética, apostando cada vez mais na produção de eletricidade renovável para autoconsumo.

A Fertagus não é a única a poupar no consumo energético. A Infraestruturas de Portugal (IP), que gere as restantes estações de comboio da área metropolitana de Lisboa, tem implementado também ela medidas de poupança, nomeadamente a activação e desactivação automática das escadas rolantes consoante estejam a ter ou não utilização start&stop. Em várias estações ferroviárias, é possível encontrar escadas aparentemente desligadas mas que se activam quando um passageiro inicia uma subida ou descida.

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