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Área Metropolitana de Lisboa instala sensores para estudar o efeito de ilha de calor urbano

A Área Metropolitana de Lisboa está a monitorizar as ilhas de calor urbanas, tendo para tal instalado sensores em oito espaços verdes da região. Estudo está a ser realizado com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Depois da instalação de 18 sensores por toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML) para monitorizar vários factores meteorológicos, foram instalados 16 micro-sensores com o intuito específico de estudar os fenómenos de efeito de ilha de calor urbano, em oito espaços verdes da região de Lisboa.

Esta rede suportará a elaboração de um estudo de potenciais áreas na AML suscetíveis ao efeito de calor, e permitirá criar metodologias de mitigação dessas ondas de calor, replicáveis ao planeamento da adaptação às alterações climáticas nos 18 municípios da área metropolitana. Possibilitará, igualmente, o desenvolvimento de um modelo de alta resolução espacial sobre variáveis climáticas urbanas que facilitará o entendimento dos fatores associados ao efeito de Ilha de calor urbano. A partir deste entendimento, poderão desenhar-se cenários de soluções baseadas na natureza para melhorar a regulação climática.

Numa primeira fase, os micro-sensores estão a ser instalados em oito espaços verdes dos municípios de Almada, Cascais e Lisboa. Uma vez que são aparelhos com elevado nível de portabilidade, a AML diz ter sempre em aberto a sua relocalização, em virtude de alguns resultados preliminares não satisfatórios. Estes são, para já, os locais de instalação:

  • Em Almada:
    • Parque da Paz;
    • Parque Urbano Comandante Júlio Ferraz;
    • Parque Multiusos da Sobreda.
  • Em Cascais:
    • Jardim da Quinta da Alagoa;
    • Parque Urbano do Outeiro de Polima;
    • Parque Urbano do Outeiro dos Cucos.
  • Em Lisboa:
    • Alameda D. Afonso Henriques;
    • Quinta Conde dos Arcos.

Em Lisboa, conta-se ainda com um sensor no Jardim da Estrela, que integra também a rede de sensorização recentemente instalada recentemente pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). Os micro-sensores pela AML recolhem dados de 10 em 10 minutos, enquanto os da CML recolhem de hora em hora. Para a AML, vai ser interessante tanto para o seu projeto como para a da CML ter estes dados suplementares para controlo e monitorização.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Enquadramento deste estudo

As ilhas de calor são um fenómeno climático de origem antrópica, característico de áreas com tecido urbano relativamente denso. Este fenómeno é caracterizado por temperaturas mais elevadas (1°C a 12°C) e uma menor humidade relativa nas áreas urbanas, quando comparados com áreas rurais, sendo geralmente mais intenso durante a noite e em períodos de pouco vento. A principal causa consiste na absorção de uma quantidade maior de radiação solar pelas estruturas artificiais, como edifícios e estradas, durante o dia, que posteriormente a libertam durante a noite de forma mais lenta.

No entanto, a libertação de calor proveniente de certas actividades humanas, como a indústria ou aparelhos de ar condicionado, e o efeito de estufa causado por poluentes provenientes de fábricas e/ou carros também contribuem para elevar a temperatura nas cidades e, assim, criar ilhas de calor urbanas. Além disso, a pouca vegetação existente nas cidades fomenta este fenómeno, visto que os espaços verdes podem atenuar este efeito devido à capacidade de evapotranspiração da vegetação e ao seu efeito de ensombramento. Com as alterações climáticas, este fenómeno tende a ser mais frequente e severo, podendo acentuar consequências adversas para a população e biodiversidade.

O estudo de potenciais áreas suscetíveis ao efeito da ilha de calor urbano na AML é extremamente importante para compreender não só os factores que contribuem para este efeito a nível regional, mas também perceber quais as soluções baseadas na natureza passíveis de serem aplicadas a nível local. Assim, são necessários estudos de alta resolução espacial para entender que fatores estão associados a este efeito. Nas áreas com especial suscetibilidade ao efeito da ilha de calor é importante que se desenhem diferentes cenários de soluções baseadas na natureza para melhorar a sua regulação climática, de forma a proteger a saúde da população residente e promover o seu bem-estar e conforto térmico, assim como aumentar a resiliência da comunidade.

O estudo em desenvolvimento pretende monitorizar e avaliar os fenómenos de ilha de calor urbano nos municípios da AML, para definir metodologias de mitigação de ondas de calor nas áreas urbanas, replicáveis e destinadas a informar o planeamento de adaptação climática transversal e replicável aos 18 municípios da AML. Está a ser desenvolvido um modelo com alta resolução espacial sobre variáveis climáticas urbanas que permita entender que fatores estão associados ao efeito de ilha de calor urbana e, consequentemente, das potenciais zonas suscetíveis ao efeito da ilha de calor urbano na AML.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Pretende-se também perceber quais as soluções baseadas na natureza passiveis de serem aplicadas para melhorar a regulação microclimática nestas zonas. Este modelo terá em consideração: 1) dados de observação terrestre recolhidos através de técnicas de deteção remota; 2) dados de sensores microclimáticos, que permitirão a medição dos parâmetros climáticos de temperatura e humidade relativa a uma escala local; e 3) líquenes, como indicadores ecológicos do efeito da ilha de calor urbana.

O estudo da AML está a ser elaborado em parceria com o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas (cE3c) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), no âmbito do projecto metropolitano CLIMA.AML – Rede de Monitorização e de Alerta Meteorológico Metropolitano, que dá continuidade ao Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas da Área Metropolitana de Lisboa. Este projeto está a ser implementado na AML desde Março de 2021 e decorrerá até ao final do primeiro semestre de 2023.

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