Um jovem entusiasta de 18 anos decidiu transformar as conversas que tinha na paragem de autocarro numa página no Instagram. O objectivo é o mesmo: ajudar as pessoas que usam a Carris Metropolitana no concelho de Almada.

Fábio Antunes, 18 anos, estudante e trabalhador, diz ter “uma grande paixão por design e comunicação, como também pelo planeamento urbano de transportes e afins”. A página de Instagram que criou há poucos dias – @area3.almada.cm – é fruto disso mesmo: ao ver que a Carris Metropolitana não estava a comunicar da melhor forma, Fábio decidiu dar uma ajuda a quem usa o serviço no concelho de Almada.
A sua página de Instagram serve apenas as pessoas de Almada, um dos concelhos da Área 3 de operação da Carris Metropolitana (CM), que entrou em funcionamento no passado dia 1 de Julho. O objectivo é ajudar as pessoas a compreender a nova oferta de transporte público, criando uma alternativa à comunicação da própria CM. “Uma coisa que eu gosto muito de fazer é estar na paragem do autocarro a conversar com as pessoas que lá estão comigo, para as ajudar a ver os horários e a saber que autocarros apanhar e para explicar os seus percursos” conta. Com este projecto no Instagram, Fábio quis “transformar a conversa de rua em algo fácil, intuitivo, informativo e estético, para que seja acessível a todo o tipo de pessoas”.


“Obviamente que não são todos os que conseguem ter acesso ao meu projecto”, aponta Fábio, referindo que devia haver informação clara e imprensa nas paragens. “Não estarem os percursos das linhas em cada paragem é mau, especialmente para os mais velhos. Poderia também haver um papel das linhas convertidas, pelo menos inicialmente, em cada paragem ou nas mais importantes”, refere o jovem entusiasta.
Fábio disse que ficou bastante “empolgado” quando soube do lançamento da Carris Metropolitana, até porque, como refere, “desde sempre que a minha localidade foi mal servida de transportes públicos, os transportes que havia tinham sempre horários coincidentes e insuficientes, assim como os percursos eram sempre em grande parte quase iguais”. Quando saiu a lista das novas linhas, diz que ficou “bastante impressionado pela positiva” e aponta que as pessoas ainda não se terão adaptado ao serviço renovado. Mas avança algumas falhas: “Retirarem os horários de madrugada e os da noite é extremamente grave. Entendo que os autocarros que vêm de Lisboa de noite tenham horários reduzidos, pois os percursos serão assegurados pelas linhas noturnas que a Carris Metropolitana irá ter. O problema é que essas linhas ainda não estão ao serviço, logo deviam ter alargado temporariamente os horários das linhas actuais. Também existe falta de frequências em algumas zonas, mas acredito que a entrada dos motoristas que estão agora em formação irá amenizar a situação.” Fábio aponta ainda faltar conjugar as linhas da CM com os horários dos barcos TTSL e comboios Fertagus.



Apesar de o serviço ter começado “coxo”, como refere, o jovem de 18 anos mostra-se optimista: “A rede foi pensada para funcionar como um todo, conjugando umas linhas com as outras, e só quando for implementada toda a rede da Carris Metropolitana é se poderá finalmente avaliar o serviço como pior ou melhor.”
O jornal Público publicou, esta semana, uma reportagem dando conta de várias dificuldades no serviço da Carris Metropolitana em Almada. Do lado de Fábio, não há muito que ele possa fazer para melhorar a oferta, mas o seu contributo voluntário ao nível da comunicação é por si só importante. Podes acompanhar o seu trabalho aqui.