Almada quer retirar os carros desnecessários do centro histórico

A Câmara de Almada pretende implementar uma Zona de Acesso Automóvel Condicionado (ZAAC) no núcleo histórico de Almada Velha e requalificar o espaço público, retirando o trânsito desnecessário e dando prioridade aos modos activos, como o andar a pé.

Almada Velha (fotografia LPP)

O centro histórico da cidade de Almada, também conhecido como Almada Velha, vai ser transformado numa zona com menos poluição e sem tráfego de atravessamento, onde só moradores e trabalhadores poderão aceder de carro. O projecto de implementação de uma Zona de Acesso Automóvel Condicionado (ZAAC) e de requalificação do núcleo histórico de Almada Velha está agora em elaboração, e só depois de concluído poderá ser implementado.

A formulação do projecto, pelo valor de 64 mil euros, está a cargo do atelier de arquitectura paisagística Rio Plano, seleccionado por consulta prévia. A partir de um programa preliminar elaborado pela Câmara de Almada, onde estão estipuladas uma série de directrizes sobre a futura ZAAC, a equipa do Rio Plano irá agora aprofundar o tema, através da elaboração do estudo prévio e do projecto de execução.

Planta geral da intervenção proposta (via CMA)

A autarquia almadense pretende estabelecer a Zona de Acesso Automóvel Condicionado (ZAAC), no centro histórico de Almada Velha, com controlo electrónico de acessos e regularização do estacionamento público à superfície, bem como a sua optimização para residentes, comerciantes e utilizadores pontuais. Pretende-se também que a ZAAC permita a rápida acessibilidade de veículos de socorro em caso de sinistro. A intervenção deve ainda promover a requalificação do espaço público, “com soluções sustentáveis que fomentem a acessibilidade universal, qualifiquem a imagem urbana, melhorem as condições de conforto bioclimático e atenuem o efeito da ilha de calor urbano”.

O desenvolvimento do estudo de requalificação do espaço público deverá também “procurar promover a criação de percursos pedonais com ligação a vários pontos notáveis dentro do núcleo histórico e da ZAAC, propiciando também percursos turísticos que culminem em locais de contemplação paisagística/miradouros, com elevado valor cénico”, fortalecendo o eixo turístico Cacilhas-Cristo Rei. Outros dos objectivos são “qualificar e uniformizar o mobiliário urbano” em toda a Almada Velha e promover “uma circulação automóvel prudente” através de medidas de acalmia de tráfego. “A limitação da velocidade visará promover uma mudança de comportamento dos condutores, promovendo uma circulação mais segura, menos ruidosa e com menos poluição proporcionando deste modo uma utilização mais equitativa do espaço público”, entende a autarquia almadense.

Na ZAAC deve ser dada prioridade aos modos activos de circulação como o andar a pé e de bicicleta, devendo este projecto ser articulado com o piloto de bicicletas e trotinetas partilhadas que o Município de Almada tem em andamento com um conjunto de operadores privados. Pretende-se ainda “limitar as barreiras arquitetónicas e disciplinar a ocupação da via pública minimizando os prejuízos para a acessibilidade dos cidadãos em geral e prevenindo os riscos dela decorrentes, especialmente para crianças, idosos, pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade condicionada” e “estudar um percurso acessível, e perfeitamente identificável, desde os parques de estacionamento existentes na envolvente [da futura ZAAC] até à Casa da Cerca e ao Miradouro do Castelo”.

No total, a ZAAC abrangerá uma área de aproximadamente 10 hectares, dividida entre a área de intervenção propriamente dita, de cerca de 24 mil m2, e as designadas zonas de transição – isto é, os espaços em torno da ZAAC que “deverão transmitir aos automobilistas a percepção de que se estão a aproximar de uma zona com essas características”, já com algumas medidas de acalmia, como estreitamento de vias e gincanas, e de melhoria da acessibilidade pedonal.

O Elevador Panorâmico da Boca do Vento liga Almada Velha à cota baixa, permitindo chegar facilmente a Cacilhas, por exemplo (fotografia LPP)

O grande objectivo da ZAAC é proteger Almada Velha da “circulação automóvel desnecessária”, permitindo a entrada apenas a residentes e visitantes, comerciantes e empresas estabelecidas no núcleo histórico, táxis e TVDEs, e certos utilizadores autorizados. O controlo de acessos será feito de forma electrónica através de pilaretes retráteis, que estarão activos 24 horas por dia. A ZAAC terá três entradas, nas ruas Leonel Duarte Ferreira, da Padaria e da Judiaria; três saídas, nas ruas Visconde Almeida Garrett e Augusto Maria da Silveira, e na Travessa Henriques Nogueira; e um ponto de entrada e saída, na Rua do Castelo com Rua D. José de Mascarenhas.

A implementação da ZAAC em Almada Velha ainda vai demorar, não só porque o projecto detalhado ainda só agora está a ser desenvolvido pela Rio Plano, mas também porque a autarquia pretende encontrar financiamento para avançar com este projecto.

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