On six mornings in the last three months, the Lisbon Metro has been at a standstill. This Wednesday there is another strike and, on the 27th, also. What is motivating these stoppages?

11 e 18 de Março, 14, 22 e 29 de Abril, 4 de Maio. In seis manhãs nos últimos três meses, o Metro de Lisboa esteve parado, abrindo apenas às 9h30 e, no caso do dia 14 de Abril, só às 10h30. E existem pelo menos mais duas greves previstas: uma a 18 de Maio, já nesta semana, e outra no dia 27, na semana seguinte. Mas o que é que está a motivar estas paragens?
As greves estão a ser realizadas pelos trabalhadores da Direcção Operacional do Metro de Lisboa, que inclui os maquinistas, e resultam, por isso, na paralisação de todo o serviço de transporte da empresa. A convocação é feita por sindicatos integrados na Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), que representa também os trabalhadores da CP que esta segunda-feira fazem greve. Segundo a FECTRANS, os trabalhadores da Direcção Operacional estão a pedir “respostas para um conjunto de problemas neste sector da empresa”, mas têm encontrado “muro de pouca vontade da parte de quem tem poder para resolver o problema”, o Conselho de Administração do Metro e Ministério do Ambiente e da Acção Climática, que tutela a empresa.
Os sindicatos explicam que os problemas “têm a sua origem em 2018 e 2019” e que – apesar de existir “da parte sindical toda a disponibilidade” to “aceitar algumas explicações” do Conselho de Administração e para, com este, encontrar soluções – nunca se conseguiu resolver o conflito, e “os problemas agravaram-se”. A FECTRANS alega “falta de condições de trabalho, total desrespeito por várias cláusulas dos AE [Acordos de Empresa – documentos que o Metro de Lisboa celebra com os sindicatos] em vigor, incumprimento de regulamentos e acordos, falta de efectivos em todas as categorias profissionais envolvidas”.
Falando em adesões praticamente totais às greves, a FECTRANS refere, numa das suas comunicações, que esta é uma luta “na defesa da melhoria das suas condições de trabalho, o que melhorará também a qualidade do serviço prestado”, e passa a bola para o Conselho de Administração e para o Governo – só eles podem evitar novas paralisações, diz. “Lamentamos profundamente, termos chegado a esta situação, sem que alguém responsável quer pela empresa quer pela tutela, tenha demonstrado interesse em conhecer o que se está a passar, conscientes que se existisse vontade, seria fácil ultrapassar a maioria.”
Metro não responde, Ministério diz estar atento
Uma paragem, mesmo que parcial, do Metro de Lisboa durante o dia tem um impacto na mobilidade da cidade. O trânsito automóvel aumenta, e as deslocações em modos activos – como o caminhar e o andar de bicicleta – também. Os autocarros andam cheios. Há mais congestionamento e mais poluição atmosférica, com todos os impactos que isso tem no meio ambiente e no ar que respiramos naquele dia na cidade. Várias pessoas acabam por ficar em casa, beneficiando do modelo remoto e flexível que na pandemia todos conhecemos.
O Lisboa Para Pessoas contactou tanto o Conselho de Administração do Metro de Lisboa como o Ministério do Ambiente e da Acção Climática. Apenas o ministério liderado por Duarte Cordeiro deu resposta, dizendo que “tem acompanhado permanentemente a situação no Metropolitano de Lisboa, assegurando que existem condições para que prossiga o diálogo com as estruturas sindicais”. Acrescentou que “para qualquer outros esclarecimento mais detalhado sobre as negociações, deve ser consultado o Metro de Lisboa, que tem desde sempre mantido a disponibilidade para a discussão das propostas apresentadas pelas entidades sindicais”.
As greves de dia 18 e 27 de Maio vão realizar-se entre as 5 e as 9 horas, “pelo que se prevê que o serviço de transporte seja afectado no período determinado por estas greves”, informa o Metro de Lisboa num comunicado divulgado nesta segunda-feira. A empresa “agradece a compreensão dos seus clientes e lamenta os inconvenientes causados”, e informa que a operação só se iniciará às 9h30 – à semelhança do que aconteceu com as greves anteriores.