A proposta apresentada pelos vereadores dos Cidadรฃos Por Lisboa garante que 15% das habitaรงรตes municipais em concurso para arrendamento apoiado e 10% das casas disponibilizadas no Programa Renda Acessรญvel incluam condiรงรตes para pessoas com mobilidade reduzida.

Os vereadores do Cidadรฃos Por Lisboa (CPL), eleitos em 2021 na coligaรงรฃo socialista, aprovaram recentemente em reuniรฃo do Executivo da Cรขmara de Lisboa, com um amplo consenso, duas propostas que tรชm em vista uma melhor resposta ร s necessidades de pessoas com mobilidade condicionada. Uma delas pretende assegurar que essas pessoas tambรฉm tรชm acesso aos programas e concursos de arrendamento apoiado/acessรญvel promovidos pela autarquia.
Como? Garantindo, por um lado, que “15% dos fogos municipais colocados a concursos em regime de arrendamento apoiado, lanรงados de ora em diante em todos os territรณrios da cidade de Lisboa”, sejam direccionadas a “agregados familiares com pessoa(s) com mobilidade condicionada”, o mesmo para "at least" 10% dos imรณveis disponibilizados nos concursos do Programa de Renda Acessรญvel. As casas a afectar, em ambos os concursos, a pessoas com mobilidade condicionada deverรฃo ser acessรญveis, em conformidade com a legislaรงรฃo de 2006, e de tipologias T1 a T4.
Segundo o texto da proposta do CPL, “a esmagadora maioria do parque habitacional na cidade de Lisboa, por ter sido construรญda antes de 2006, nรฃo respeita as condiรงรตes de acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada que sรฃo hoje exigidas a todas as novas construรงรตes de edifรญcios habitacionais”. Os vereadores Paula Marques, Floresbela Pinto e Rui Franco dizem ainda que, “de acordo com os dados de recenseamento da populaรงรฃo e habitaรงรฃo de 2021, 69% dos alojamentos familiares clรกssicos de residรชncia habitual existentes em Lisboa nรฃo tรชm sequer entrada acessรญvel a cadeira de rodas e mais de 70% dos 27 148 residentes, com idade superior a 5 anos, que reportam ter muita dificuldade ou incapacidade em andar ou subir degraus vivem em habitaรงรตes sem as condiรงรตes de acessibilidade adequadas ร s suas necessidades especรญficas”.
Para o CPL, “a extrema escassez de oferta de habitaรงรฃo em Lisboa adequada ร s necessidades especรญficas de pessoas com mobilidade condicionada” รฉ uma situaรงรฃo de “exclusรฃo” dessas pessoas do mercado pรบblico de arrendamento da cidade. A proposta foi preparada em conjunto com o Center for Independent Living, uma organizaรงรฃo que reรบne pessoas com deficiรชncia, e depois de ouvidas outras entidades, e foi aprovada por unanimidade, isto รฉ, com os votos favorรกveis de todas as forรงas polรญticas com assento no Executivo da Cรขmara de Lisboa: PSD/CDS, PS, CPL, Livre, BE e PCP.
Facilitar a mobilidade das pessoas com mobilidade condicionada
Na mesma reuniรฃo, o CPL viu aprovada tambรฉm uma proposta para incorporar o Serviรงo Especial de Mobilidade Reduzida da Carris no serviรงo de transporte pรบblico desta empresa municipal, com possibilidade de utilizaรงรฃo do passe Navigator โ possibilidade que neste momento nรฃo existe, o que resulta num entrave ao uso por parte dos utentes com 60% ou mais de incapacidade declarada.
O Serviรงo Especial de Mobilidade Reduzida da Carris รฉ realizado porta a porta dentro da รกrea de operaรงรฃo da Carris, mas os passageiros, mesmo que tenham passe, precisam de pagar cada viagem que fazem neste serviรงo, que, alรฉm disso, exige uma marcaรงรฃo prรฉvia. “Nรฃo se compreende a razรฃo desta discriminaรงรฃo no que toca ร nรฃo utilizaรงรฃo do passe, bem como a complexidade na utilizaรงรฃo deste serviรงo, fatores de exclusรฃo acrescidos pelo facto de que a actual frota da Carris estรก muito aquรฉm de responder ร s necessidades e legรญtimas expectativas de igual condiรงรฃo de mobilidade das pessoas com deficiรชncia”, pode ler-se no texto da proposta do CPL, que, alรฉm da integraรงรฃo deste serviรงo no Navegante, tambรฉm fala em “desburocratizar o acesso a este serviรงo”.
Esta proposta foi aprovada, no ponto sobre a Carris, por maioria, uma vez que a coligaรงรฃo New Times (PSD/CDS), que governa a cidade, absteve-se. Os New Times tambรฉm se abstiveram noutro ponto da mesma proposta, desta feita sobre o Plano de Acessibilidade Pedonal. O CPL propรดs “investir de forma efectiva na acessibilidade em Lisboa, nas suas diversas formas, revitalizando a equipa e os projectos do Plano de Acessibilidade Pedonal, garantindo condiรงรตes de trabalho e respetivo investimento”and also “iniciar os processos de revisรฃo, atualizaรงรฃo e reforรงo” desse mesmo Plano โ um trabalho que jรก estรก a ser desenvolvido pela autarquia.
O documento tambรฉm incita a Cรขmara de Lisboa a fiscalizar “dentro das suas competรชncias” and the “promover a acessibilidade aos restantes transportes pรบblicos, que tรชm apresentado inรบmeras queixas na resposta ร s necessidades de pessoas com deficiรชncia, dedicando o investimento necessรกrio” para colmatar essas insuficiรชncias” โ este ponto foi aprovado por unanimidade.
O Executivo da Cรขmara de Lisboa รฉ composto por 17 membros: sete eleitos pela coligaรงรฃo New Times (PSD/CDS) โ que governam sem maioria absoluta โ, trรชs do PS, trรชs do CPL (eleitos pela coligaรงรฃo socialista), um do Livre, dois do PCP, e um do BE.