Cascais deita abaixo o “Villa” e acolhe primeira obra de Norman Foster em Portugal

Cascais vai receber a primeira obra de Norman Foster em Portugal. Projecto do prestigiado arquitecto inglês vai reabilitar a entrada nascente de Cascais, que se despede do “monstruoso” centro comercial CascaisVilla.

ATÓLL (imagem ilustrativa cortesia de Prime/DR)

A entrada da vila de Cascais irá ganhar um novo rosto com o arranque da demolição do edifício do centro comercial CascaisVilla – também conhecido, de forma pejorativa, como “Titanic” pela sua dimensão – e a sua substituição por um projecto do prestigiado arquitecto inglês Norman Foster, que prevê  dois edifícios com comércio, habitação e estacionamento subterrâneo.

ATÓLL, assim se chama o projecto que virá redefinir a entrada nascente da vila de Cascais, junto ao terminal rodoviário e à estação de comboio. Projectado pela Foster + Partners, sob a liderança de Lord Norman Foster, e em colaboração com o atelier de arquitectura português Fragmentos, este projecto é financiado pelo promotor imobiliário Prime e “inspira-se em formas orgânicas e materiais naturais de tonalidades quentes”, pode ler-se num comunicado divulgado pela Câmara de Cascais.

ATÓLL (imagem ilustrativa cortesia de Prime/DR)

“Este novo empreendimento contribuirá para a revitalização de Cascais e da Avenida Marginal, incluindo a tradicional calçada portuguesa, uma paisagem mais verde com mais árvores e menos carros – com a intenção de reduzir a poluição e redefinir o ambiente urbano”, indica a mesma nota. A demolição do CascaisVilla, necessária para a edificação do ATÓLL, iniciou-se no início de Abril e  deverá durar 10 meses. Os edifícios projectos por Foster só deverão estar concluídos em 2028, depois de um investimento estimado de 100 milhões de euros por parte da PRIME.

“Com terraços que se estendem sob a luz solar, jardins botânicos e tecnologia de última geração, o ATÓLL, cuja futura construção irá incorporar materiais resultantes da demolição, foi desenhado para promover um estilo de vida saudável e consciente”, pode ler-se na nota divulgada pela autarquia. “Funcionando como um novo pulmão verde para Cascais e a sua linha costeira atlântica, este desenvolvimento deixará um legado positivo, tanto para o meio ambiente, como para a comunidade local.”

O ATÓLL promete voltar a ligar a vila ao mar, bem como tornar mais verde aquela que é a principal porta de entrada da vila de Cascais, diminuindo a presença do automóvel e aumentando as áreas pedonais. Essas são, pelo menos, promessas feitas nesta fase do empreendimento, em que só contamos com algumas imagens ilustrativas que, como é habitual, nos apresentam um sonho muito mais agradável que o mar de asfalto, pouco arborizado, que circunda hoje o CascaisVilla.

Espaço público para todos, casas para alguns

“O CascaisVilla foi sempre um projecto que dividiu os munícipes”he said, cited by Público newspaper, Carlos Carreiras (PSD), Presidente da Câmara de Cascais, numa cerimónia para assinalar o início da demolição do edifício, que fora inaugurado em 2001. “É uma parede e um muro que se confronta com o mar e divide a vila”, acrescentou, explicando que a autarquia ainda tentou adquirir o imóvel mas que “não foi possível”, acabando por ficar nas mãos da empresa Prime.

No lugar onde ainda está o CascaisVilla, vão nascer dois novos edifícios de habitação e comércio, que vão manter a cota do edifício actual e que, pelo meio, vão permitir voltar a assegurar uma ligação directa entre o terminal rodoviário e a estação de comboios. Na mesma cerimónia, o Vice-Presidente, Nuno Ponteira Lopes (PSD), referiu que os dois novos edifícios vão ter “uma volumetria com menos impacto do que a que existe hoje com este edifício monstruoso”, e disse que, além de “uma área pedonal muito grande”, vai haver um “forte investimento nas áreas verdes circundantes” e que serão plantadas “árvores de grande porte logo no início do projecto”.

ATÓLL (imagem ilustrativa cortesia de Prime/DR)

Benefícios que parecem evidenciar as mais valias do ATÓLL para a população em geral. Mas este empreendimento oferecerá habitação para o mercado privado de luxo – segundo Nuno Silva Lopes, do atelier Fragmentos, “nunca será um produto para a classe baixa”. Ainda não está definido o número exacto de fogos, sendo que dos dois edifícios previstos apenas um terá comércio de proximidade, aberto para a rua. O ATÓLL terá três pisos de estacionamento: os dois primeiros serão estacionamento público gerido pela autarquia; apenas o terceiro piso será destinado aos residentes do projecto imobiliário.

CascaisVilla, um projecto pouco consensual

Inaugurado em 2001, o CascaisVilla marcou a paisagem nascente da vila de Cascais durante os últimos 25 anos, e nunca foi propriamente amado pela população. O jornal Correio da Linha writes, num artigo recente, que o CascaisVilla “nunca reuniu consensos, tendo sido fortemente criticado por muitos cascalenses que se referiam ao edifício, construído com forma de barco, como o ‘Titanic de Cascais’. Desde sempre, foi encarado como um ‘bilhete postal’ indesejado para a entrada da vila”.

O centro comercial contava com um supermercado, dezenas de lojas, zona de restauração, salas de cinema e um parque subterrâneo, mas, “depois do fôlego inicial, o espaço comercial foi perdendo o élan e entrou, nos últimos anos, numa fase menos auspiciosa, com várias lojas desocupadas”.

"Apesar de ter sido construído durante a gestão do socialista José Luís Judas (1993-2001), o CascaisVilla acabou por ser inaugurado já no início do primeiro mandato do social-democrata António Capucho, em Novembro de 2001. Durante a sua presidência à frente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras nunca escondeu a ambição de implementar um projecto de requalificação capaz de dotar a nova entrada de Cascais com a “dignidade” tão desejada por muitos cascalenses”, lembra ainda o Correio da Linha.

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