Inspirada por Lisboa, Almada lança primeiro Parque Navegante

Ajuda-nos a chegar às 500 assinaturas, assina aqui.

Residentes em Almada com passe Navegante passaram a ter estacionamento gratuito no Parque da Paz. A medida visa reforçar a ligação entre o carro e os transportes públicos, mas a procura parece estar a ser reduzida.

O parque de estacionamento do Parque da Paz é agora um Parque Navegante (fotografia LPP)

Depois de Lisboa, é agora Almada a apostar nos Navegante Parks — parques de estacionamento gratuito para quem tem passe Navegante. O primeiro fica no Parque da Paz, junto à rotunda do Centro Sul e à interface da Cova da Piedade. Agora, residentes com passe válido podem estacionar ali gratuitamente, a qualquer hora do dia e sem limite de tempo. A ideia é “promover uma mobilidade mais integrada com a utilização do transporte público”, explica a Câmara de Almada num comunicado a 16 de Junho, quando a iniciativa foi lançada.

Para aceder e estacionar neste parque, basta passar o cartão Navegante, carregado com um passe Navegante (qualquer modalidade, Municipal ou Metropolitana) ou com um passe do Metro Sul do Tejo, na máquina da entrada. Neste parque, existem 198 lugares para automóveis, sendo que os mesmos são de ocupação livre por ordem de chegada e conforme disponibilidade.

“A iniciativa procura facilitar a articulação entre o uso do automóvel e os transportes públicos, incentivando uma transição eficiente”, indica ainda a autarquia, explicando que a medida visa também “responder aos desafios crescentes de estacionamento no concelho, especialmente num contexto de maior procura na Margem Sul”.

Estacionamento do Parque da Paz (fotografia LPP)

O estacionamento do Parque da Paz serve o Parque da Paz, o pulmão verde de Almada, mas também a interface de transportes da Cova da Piedade, onde se cruzam várias linhas da Carris Metropolitana, a carreira 753 da Carris, duas linhas do Metro Sul do Tejo e ainda os autocarros de longo curso da Rede Expressos e Flixbus. Está ainda junto à rotunda do Centro Sul, a principal entrada e saída da cidade de Almada. Tem, por isso, uma localização privilegiada.

Fraca adesão?

No entanto, a iniciativa, lançada a 16 de Junho, parece estar a ter tido pouca adesão, uma vez que o estacionamento do Parque da Paz tem estado praticamente vazio. Apesar da proximidade aos transportes públicos, existe um estacionamento ainda mais próximo e que é gratuito para todos, residentes ou não, com ou sem passe carregado. Além disso, sair do estacionamento do Parque da Paz e chegar ao metro ou aos autocarros, implica subir e descer alguns lanços de escadas, bem como atravessar uma desconfortável ponte pedonal por cima do Centro Sul.

Pode ainda se questionado se, em termos de tempo e conforto, faz sentido para alguém que resida em Almada deixar o carro no parque para apanhar o transporte público ao invés de prosseguir viagem até ao destino, seja ele na cidade ou em Lisboa. Se é certo que um autocarro como o 753 ou o 3701 são directos para a outra margem, para destinos como Marquês de Pombal ou Algés, pode continuar a ser vantajoso fazer toda a viagem de automóvel.

O LPP questionou a Câmara de Almada sobre os dados de adesão ao Parque Navegante do Parque da Paz mas não obteve qualquer resposta até ao momento.

De qualquer modo, em Lisboa, também tem havido Parques Navegante com baixa adesão. É o caso do recém-inaugurado parque na Azinhaga da Cidade, debaixo do viaduto do IC17, no Lumiar, que se destina a residentes no concelho de Lisboa com um passe Navegante válido. Mas a verdade é que esse parque tem estado constantemente vazio. Outros Parques Navegante em Lisboa que costumam estar cheios já tinham essa procura antes da medida.

Um estacionamento agradável?

O estacionamento do Parque da Paz é relativamente arborizado (fotografia LPP)

Voltando a Almada, uma coisa parece certa: o estacionamento do Parque da Paz é agradável, como a especialista Sónia Lavadinho, entrevistada recentemente pelo LPP, defende que os parques de estacionamento devem ser. “Quando você tem repartições modais, como em Lisboa, de 66%… quer dizer, duas em cada três pessoas são automobilistas; você não pode estar a trabalhar só para a minoria. Tem que trabalhar para a maioria”, apontava na conversa publicada em Junho. “Então, na minha opinião, tem de ir tocar os automobilistas onde eles estão”, ou seja, no carro, mais concretamente quando estacionam. “Quando a pessoa está parada e prestes a largar o volante, esse primeiro passo seja cinco estrelas. Tem que ser uma experiência fenomenal.”

Arborizado, com pequenos canteiros e com o grande Parque da Paz ao lado, este estacionamento não é uma área cinzenta, quente e feita como muitos parques. Com uma melhorada ligação pedonal à interface da Cova da Piedade, que também precisa de mais sombras e verde, poderia tornar-se poderia tornar-se um ponto de transição modal, bem integrado na malha urbana. Neste momento, deixar o carro e chegar aos transportes pode demorar 10 minutos, sem contar com o tempo de espera por esse metro ou autocarro. Ao final do ano, são 80 horas.

De qualquer das formas, o projecto dos Parques Navegante resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Almada, os Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) e a WeMob, a empresa municipal de mobilidade de Almada. É uma iniciativa inspirada em Lisboa, onde, em 2024, a autarquia de Carlos Moedas e a EMEL decidiram lançar os primeiros Parques Navegante, dando o mote para outros municípios da área metropolitana replicarem a ideia e o branding.

“Ao privilegiar os utilizadores de passe Navegante, este projecto reforça o compromisso de Almada com um território mais acessível, menos poluído e com melhor qualidade de vida”, explica a autarquia no comunicado de dia 16 de Junho, referindo que a se dirige “especialmente aos cidadãos que realizam a maioria das suas deslocações em transporte público”.

Gostaste deste artigo? Foi-te útil de alguma forma?

Considera fazer-nos um donativo:

  • IBAN: PT50 0010 0000 5341 9550 0011 3
  • MB Way: 933 140 217 (indicar “LPP”)
  • Ou clica aqui.

Podes escrever-nos para mail@lisboaparapessoas.pt.