Nesta atividade, todos os dias são diferentes. Têm a estrada como escritório e é através dela que voam ao sabor da mobilidade dos passageiros. Pessoas anónimas com quem trocam silêncios, sorrisos, palavras. Há até quem chore no banco de trás. Quem conduz TVDE reconhece a liberdade, mas mostra alguma saudade do prestígio que esta profissão já teve noutros tempos. Hoje resistem, apaixonados pelas ruas, mas cativos de um sistema informático que não controlam.
Nesta atividade, todos os dias são diferentes. Têm a estrada como escritório e é através dela que voam ao sabor da mobilidade dos passageiros. Pessoas anónimas com quem trocam silêncios, sorrisos, palavras. Há até quem chore no banco de trás. Quem conduz TVDE (Transporte de Passageiros em Veículo Não Caracterizado a partir de Plataforma Electrónica) reconhece a liberdade, mas diz sentir saudade do prestígio que a profissão teve no passado. Hoje resistem, apaixonados pelas ruas, mas cativos de um sistema informático e legal que não controlam.
Os últimos números do Instituto de Mobilidade e dos Transportes (IMT) dão conta de mais de 76 mil motoristas de TVDE certificados em Portugal, a maioria dos quais concentrados na área metropolitana de Lisboa. Desse universo, 37 495 motoristas estiveram ativos (isto é, em circulação) em março de 2025 – quase o dobro dos 20 317 taxistas registados em Portugal no final do ano passado. A maioria dos condutores de TVDE tem entre 30 e 39 anos (59,4%) e são de nacionalidade portuguesa (52,8%), seguindo-se a nacionalidade brasileira (20,6%) e a indiana (10,4%). O número de operadores válidos em março deste ano ascendeu a 11 894.
Sandra Monteirinho é representativa de alguns destes dados, mas contraria outras estatísticas. Com 52 anos, portuguesa, é motorista, mãe e cuidadora. Trabalha entre as sete e as 11 da manhã, hora em que desliga as aplicações para ir fazer as compras e o almoço da sogra, que tem alzheimer e que visita diariamente. Encontra ainda tempo para tratar da casa e dos assuntos da empresa que tem para poder conduzir nas plataformas, voltando ao serviço às 16, para um segundo turno que termina por volta das 22.