De agricultura urbana a autocarros a biodiesel: Hub Criativo do Beato apresenta iniciativas de sustentabilidade

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Imagem cortesia de Hub Criativo do Beato

O Hub Criativo do Beato, projecto apresentado inicialmente em 2017 como um futuro grande pólo de empreendedorismo e inovação na Europa, tem sido uma daquelas obras que sofrem atrasos e sucessivos atrasos. A inauguração esteve prevista para o final de 2018, depois para o ano seguinte. Certo é que estamos em 2021, ainda não há Hub mas as obras vão avançado no local e há novidades sobre o que esperar do lado da sustentabilidade.

O Hub Criativo do Beato (HCB) quer ser um espaço o mais verde e em linha com os novos padrões de mobilidade das cidades e revelou o Living Lab, uma espécie de chapéu para as suas iniciativas de sustentabilidade e ao mesmo tempo um laboratório vivo com liberdade para testar novas ideias que poderão vir a ser implementadas mais tarde pela cidade.

Num comunicado enviado às redacções, a Startup Lisboa, o organismo responsável pelo HCB, diz que “desde o início” assumiu a sustentabilidade como “uma dimensão essencial ao projecto”. “O HCB ambiciona ser exemplar na mobilização e concretização de estratégias urbanas para a sustentabilidade e resiliência ambiental”, em quatro áreas que considera prioritárias: Energia, Edifícios, Mobilidade e Economia Circular & Ambiente. O Living Lab do HCB, enquanto campus de experimentação, pretende interligar os sectores públicos e privados, apoiando a “criação de um ecossistema de inovação para a transformação urbana” com vista a “uma transição justa para uma sociedade neutra em carbono”.

O Hub Criativo do Beato vai arrancar com nove operações distintas. A saber:

  • a constituição de uma Comunidade de Energia Inteligente, que una produtores-consumidores, consumidores e meios de armazenamento de electricidade, demonstrando um conceito avançado de comunidade de energia renovável baseada no recurso solar;
  • a implementação de um sistema de Iluminação Pública Inteligente, que parta do sistema de iluminação de exterior LED já instalado no HCB e ao qual serão acoplados vários sensores que irão permitir uma gestão avançada do sistema de iluminação e assegurar a redução do consumo energético;
  • a criação de espaços para Agricultura Urbana na cobertura da Factory Lisbon, um dos seus principais edifícios, onde será instalada uma horta com promoção e objetivos distintos: investigação, demonstração de viabilidade de produção e envolvimento da comunidade;
  • a redução de emissões nos transportes públicos com o Beato BioBus, que utiliza óleos alimentares usados recolhidos no HCB e comunidade local, para produção de biodiésel e a ser consumido em autocarros que irão servir o HCB;
  • a implementação de um Sistema Alimentar Circular, que promove a economia circular na cadeia alimentar do HCB, com o desenvolvimento de uma ferramenta de fluxos de materiais associados ao sistema de restauração para avaliar estratégias de cadeia curta com diferentes âmbitos territoriais e de fecho de ciclo;
  • o lançamento de um Programa de Aceleração CleanTech  com o intuito de promover e apoiar a criação de produtos e serviços inovadores dedicados às tecnologias limpas;
  • a criação da Plataforma HCB i-Management, uma Plataforma de Gestão Inteligente que congrega informação proveniente das diferentes operações, permitindo a análise e monitorização dos principais KPIs do projeto, reforçando a implementação da estratégia de cidade inteligente e permitindo o desenvolvimento de conhecimento científico e analítico para uma gestão avançada da cidade, 
  • a criação de um sistema de Sensorização e Carregamento HCB, sendo implementada uma infraestrutura de postes, equipados com sensores de ocupação e ambientais, sistemas de som, videovigilância e carregamento de veículos eléctricos de mobilidade suave, complementada por uma estação meteorológica de referência e sensores de radiação instalados nas coberturas de edifícios selecionados;
  • a criação do Laboratório de Dados HCB, como núcleo do Laboratório de Dados Urbanos da CML (LxDataLab), focado em desafios lançados à comunidade científica internacional nas áreas prioritárias do HCB. 

“Através deste laboratório vivo, esperamos também motivar o ecossistema empresarial da cidade a integrar soluções sustentáveis na criação e desenvolvimento dos seus negócios, bem como, inspirar a criação de novos laboratórios-vivos noutros ecossistemas de empreendedorismo”, refere Miguel Fontes, director executivo da Startup Lisboa, em comunicado. O Living Lab do HCB vai realizar-se com financiamento europeu, através de um mecanismo plurianual conhecido como EEA Grants. Através dos EEA Grants, os três países parceiros – a Islândia, o Listenstaine e a Noruega – procuram reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa, e reforçar as relações bilaterais com os países beneficiários, como Portugal, que beneficia de uma verba total de 102,7 milhões de euros para o período 2014-2021.

Imagem cortesia de Hub Criativo do Beato

A execução do projecto tem duração prevista de três anos, terminando em 2024. Neste sentido, a Startup Lisboa aliou-se a uma série de parceiros, alguns deles residentes do HCB: Carris, Circular, DST Solar, Innovation Point, Mota-Engil Renewing, Praça, Prio, Schréder, The Browers Company e Watt-IS. O projecto conta ainda com a agência municipal de energia e ambiente, Lisboa E-Nova, e com a Câmara Municipal de Lisboa. Espera-se que as operações previstas beneficiem as entidades e comunidade HCB, as comunidades locais, científicas e empreendedoras, bem como informem as políticas públicas locais.

O investimento global do conjunto de acções a desenvolver ascende a cerca de dois milhões de euros, co-financiados em cerca de 40% pelos EEA Grants.

O Hub Criativo do Beato é um espaço que está a nascer na antiga Manutenção Militar (complexo fabril do Exército Português), e que vai acolher um dos maiores pólos de inovação e empreendedorismo da Europa. Quando pronto, serão 18 edifícios, distribuídos por cerca de 35 mil metros quadrados, de reconhecido valor industrial e arquitectónico, que estão a ser reconvertidos para receber um conjunto de entidades nacionais e internacionais nas áreas da tecnologia, inovação e indústrias criativas que posicionam Lisboa como uma cidade aberta, empreendedora e de referência mundial.

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