A Carris Metropolitana foi lançada a 1 de Junho em cinco municípios. Mas, se os primeiros dias foram difíceis, nos seguintes as coisas não melhoraram. O serviço da Carris Metropolitana foi entretanto suspenso: mantém-se os autocarros novos e amarelos mas, até ao final do mês, os horários e percursos em vigor serão os da antiga…

A 1 de Junho, responsáveis da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) e dos municípios afectados pelo início da operação da Carris Metropolitana (CM) naquele dia faziam uma viagem intermodal entre Santa Apolónia, em Lisboa, e Azeitão, em Setúbal – primeiro de metro, depois de comboio e, por fim, num dos novos autocarros amarelos que fora alocado especificamente para o evento. Ao mesmo tempo, a população de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal via-se forçada a usar um novo operador rodoviário que, naquele dia, vinha substituir o serviço prestado essencialmente pela TST. As expectativas eram altas (pelo menos, assim tinham sido criadas), mas rapidamente se percebeu que a Carris Metropolitana arrancava desastrosamente.
Os relatos da imprensa (ver esta reportagem do Público, esta da Renascença o esta da RTP), não deixavam margens para dúvidas: havia demasiados problemas no arranque. E, com o passar dos dias, percebeu-se que não foram problemas apenas do dia de entrada em serviço. Esta semana, vários motoristas da Carris Metropolitana decidiram parar o trabalho alegando falta de condições para desempenhar as tarefas e agora a operação da Carris Metropolitana encontra-se temporariamente suspensa: os autocarros são novos mas estão a fazer os horários e as rotas antigas da TST. Mas já lá vamos aos detalhes.
Afinal, o que se passou? Muito resumidamente:
- os horários e os percursos foram anunciados pela TML com apenas uma semana de antecedência da entrada em funcionamento da nova Carris Metropolitana nos primeiros cinco municípios (Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal);
- motoristas não tiveram formação para conhecer os novos horários e percursos a tempo da entrada em funcionamento da nova Carris Metropolitana. Na passada segunda-feira não se realizou 90% da oferta prevista da CM na região de Setúbal;
- passageiros alegaram desconhecimento dos novos horários, percursos e numerações dos autocarros. Informação nas paragens inexistente ou escassa;
- autocarros em circulação sem identificação digital, nos painéis do veículo, do respectivo número da linha e destino como seria suposto;
- face aos problemas, a Carris Metropolitana foi suspensa na prática e estão em vigor até ao final deste mês de Junho os horários e percursos do anterior operador (a TST). A oferta da Carris Metropolitana vai ser introduzida de forma gradual ao longo do mês.
Nos últimos dias, o maior grupo de Facebook de passageiros da Carris Metropolitana cresceu de cerca de cinco mil membros para mais de oito mil membros. A maioria das publicações são dúvidas, pedidos de ajuda, reclamações e desabafos.
Quem é a TML e quem é a Alsa Todi?
A operação da Carris Metropolitana (CM) abrange toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML), que foi dividida em quatro sub-Áreas: em cada uma destas Áreas de operação, a Carris Metropolitana é assegurada por uma empresa privada, em regime de concessão, de acordo com o concurso público internacional realizado. A Transportes Sul do Tejo (TST) vai manter-se em Almada, Seixal e Sesimbra, a Rodoviária de Lisboa (RL) em Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, e a Viação Alvorada – que resulta da fusão entre a Vimeca e a Scotturb – vão continuar a operar na Amadora, Oeiras e Sintra.
Condados | Operador |
---|---|
Área 1 Amadora, Oeiras e Sintra + ligações intermunicipais a Cascais + ligações para fora da AML (zona do Oeste) | Viação Alvorada |
Área 2 Mafra, Loures, Odivelas y Vila Franca de Xira | Estación de autobuses de Lisboa |
Área 3 Almada, Seixal y Sesimbra | Transportes Sul do Tejo |
Área 4 Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal + ligações intermunicipais ao Barreiro + ligações para fora da AML (zona do Alentejo Central) | Alsa Todi |
A Alsa Todi é a única empresa nova a operar na AML. Foi constituída de propósito para o serviço da CM, resultando de um consórcio de empresas formado pela Alsa – o grande operador rodoviário espanhol de longo curso (a “Rede Expressos de Espanha”) –, pela transportadora setubalense Luísa Todi e ainda pela holandesa Transvia.
A Alsa Todi venceu o concurso público realizado para a Área 4 de operação da Carris Metropolitana, abrangendo os concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. Foi esta Área 4 que entrou em operação no passado dia 1 de Junho (as restantes três Áreas arrancam a 1 de Julho). A Área 4 é a mais pequena das quatro Áreas e, por isso, foi também a escolhida para o lançamento da CM em formato de piloto.

Apesar de a TST, a RL e de a Viação Alvorada (através da Vimeca e Scotturb) já operarem na AML há dezenas de anos, a novidade é que a gestão da rede, dos horários e dos tarifários passa a ser competência centralizada da Transporte Metropolitano de Lisboa (TML), empresa pública detida a 100% pela AML (ou seja, tecnicamente a TML é detida por cada um dos 18 municípios que compõem a AML). Cada operador privado limita-se a prestar o serviço no terreno (na Área correspondente), usando uma marca igual para todos e as regras comuns, definidas pela TML.
A TST, a RL, a Viação Alvorada e também a Alsa Todi são pagas ao quilómetro e pelas viagens que realizarem – isto é, existe um incentivo financeiro directo pela prestação do serviço público de transporte rodoviário e compensa a cada empresa fazer as viagens mesmo que essas viagens sirvam apanhar dois ou três passageiros numa determinada linha. No caso particular da Área 4, a Alsa Todi deverá ter uma renumeração anual estimada em 24 milhões de euros, uma vez que a operação renderá 1,71 € por cada quilómetro percorrido por cada veículo. O serviço da Carris Metropolitana será monitorizado em tempo real e de forma digital para que a TML possa verificar se os quatro operadores estão a cumprir os contratos de concessão, existindo penalizações definidas para caso de existirem incumprimentos – mesmo nos horários.
A TML foi constituída oficialmente em 2021, passando a gerir basicamente duas coisas: a Carris Metropolitana, por um lado, e o Navegante, por outro. O Navegante é o sistema tarifário comum a toda a AML e aos seus diversos operadores de transporte público – rodoviário, ferroviário, fluvial e metropolitano.
Afinal, o que falhou e quem falhou?
A primeira falha foi da TML, que divulgou os horários e os detalhes dos percursos aos passageiros com menos de uma semana de antecedência do início da operação da Carris Metropolitana. Vários passageiros vinham a usar as redes sociais para reclamar sobre a inexistência de informação detalhada, preocupados com a manutenção ou não dos horários a que estavam habituados. Queriam perceber que melhorias iriam ter e se, pelo menos, a oferta existente se mantinha. Afinal de contas, são as suas vidas que estão em causa – é que de uma terça para quarta-feira, a meio de uma semana, o serviço passaria da TST para a Carris Metropolitana.
Num evento com jornalistas na semana anterior à entrada em funcionamento da Carris Metropolitana, a TML dizia estar ainda a afinar os horários e que queria disponibilizá-los só quando tivesse a versão final dos mesmos. A título de exemplo, a TML disse que só nessa semana estava a cruzar os horários da Carris Metropolitana com os dos barcos da TTSL.
No entanto, apesar do alegado cuidado na preparação dos horários por parte da TML, na véspera do lançamento da CM, a 30 de Maio, a Câmara Municipal de Alcochete denunciava no seu site e Facebook que, “após cuidada análise pelos técnicos do Município de Alcochete”, os horários divulgados estavam “incorretos” y que “a oferta neles plasmada” era “inferior à contratualizada e pretendida pelo município”. No mesmo comunicado, lia-se que “o município já informou os Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que reconheceu as incorreções e está a trabalhar para que os mesmo sejam corrigidos e divulgados o mais breve possível”.

O primeiro dia da CM foi caótico, segundo os relatos da imprensa. No conjunto das reportagens publicadas a 1 de Junho, foi possível extrair as seguintes situações:
- atrasos nos autocarros em relação aos novos horários previstos;
- oferta insuficiente para a procura, com autocarros lotados e/ou com autocarros com menos lugares sentados dos que até então circulavam. Em distâncias longas, com mais de uma hora, viajar de pé é desconfortável e nas linhas que atravessam a Ponte 25 de Abril/Vasco da Gama não é sequer possível viajar de pé por questões legais;
- motoristas com pouca informação sobre o novo serviço e com dificuldade em usar as novas máquinas de validação dos bilhetes. Avarias nos sistemas de venda de bilhetes de bordo que levaram todos os passageiros sem passe a viajar de borla;
- paragens com informação do serviço antigo, incluindo os horários antigos e a numeração anterior. E postes amarelos colocados para a CM sem qualquer informação, nem sequer das novas linhas servidas por aquela paragem. Por isso, as pessoas estavam a ser levadas a usar o serviço da CM mas com informação desactualizada da TST;
- passageiros com dificuldades em aceder à informação sobre o novo serviço, desconhecendo os novos horários, linhas e numerações, nomeadamente os passageiros menos habituados ao mundo digital. A TML disse que distribuiu informação em papel, como o “Conversor de Linhas” que também está disponível no site da CM, mas não se sabe como é que essa informação efectivamente chegou às pessoas e se chegou. Em algumas paragens existia um código QR colado para aceder aos horários no site da CM. Aplicação Citymapper era a única com informação actualizada sobre a nova operação rodoviária; no Google Maps ainda estavam as linhas e horários da antiga TST;
- autocarros sem o painel informativo digital a funcionar. Destino do autocarro (mas não a sua nova numeração) estava afixado numa folha de papel colocada no para-brisas do autocarro.
- confusões entre a Carris e a Carris Metropolitana. Para muitas pessoas, parece não ser clara a diferença entre a Carris – o operador rodoviário municipal de Lisboa, detido pela Câmara de Lisboa – e a Carris Metropolitana – o operador rodoviário metropolitano, detido pela TML e AML.
O Lisboa Para Pessoas visitou esta semana a Gare do Oriente, onde alguns dos autocarros que ligam Lisboa à Margem Sul param e constatou algumas das dificuldades reportadas. Ali, uma das principais interfaces rodoviárias de Lisboa e de toda a AML até, não existia qualquer poste amarelo com informação da Carris Metropolitana – a numeração afixada era a antiga da TST. E se vimos alguns autocarros com o painel digital a funcionar convenientemente, também vimos autocarros com o destino afixado numa folha de papel.
Num comunicado enviado às redacções no início desta semana, a 6 de Junho, a TML indicava que “como entidade detentora e responsável pela gestão da marca Carris Metropolitana”, estava a “acompanhar, com preocupação, todas as dificuldades relativas à entrada em operação nestes municípios, lamentando o impacto que as mesmas têm causado junto dos passageiros”. A TML dizia ainda que a Alsa Todi não estava a conseguir cumprir aquilo a que está obrigada contratualmente e que está a trabalhar junto do operador na resolução dos problemas.
“A operação nestes municípios, Área 4, é assegurada pela empresa Alsa Todi, que assumiu contratualmente um nível de serviço que ainda não conseguiu atingir, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento de horários e disponibilização de informação ao público. A TML tomou hoje conhecimento que algumas destas falhas de serviço se devem a questões laborais entre a Alsa Todi e os seus trabalhadores, estando, no entanto, a desenvolver todos os esforços para garantir que a operação da Carris Metropolitana seja realizada nos termos contratuais definidos, com vista à rápida e completa resolução das atuais situações de incumprimento.”
– comunicado da TML, 6 de Junho
Carris Metropolitana suspensa, na prática
Na mesma nota, a TML anunciou a suspensão prática da Carris Metropolitana a partir da passada terça-feira, 7 de Junho, e durante cerca de 15 dias. Os autocarros vão continuar a ser os novos veículos amarelos e a operá-los continuará a estar a Alsa Todi, mas os motoristas vão estar a fazer os horários e percursos da antiga TST. Ao Observador, Rui Lopo, administrador da TML, disse que se trata de uma “uma situação provisória” que pretende criar “um período de adaptação de mais ou menos 15 dias”. “E, depois, vamos incrementando os serviços até atingirmos os patamares que são o nosso objectivo”, acrescentou ao mesmo jornal.
Segundo o Observador, esta medida temporária permitiu estabilizar o serviço da CM e resolver de imediato os problemas que estavam a ser sentidos. “Eu próprio estive esta manhã a ver como a operação estava a decorrer. Estive no Montijo, na Moita, falei com as pessoas que estavam à espera do autocarro. E, aparentemente, tirando as situações mais ou menos pontuais que ocorrem num dia regular, não há questões de maior. O serviço hoje está a funcionar genericamente bem”, descrevia Rui Lopo na terça-feira ao Observador.

As Câmaras Municipais de Alcochete, Montijo e Setúbal tinham estado a colocar pressão na TML nos últimos dias, face às reclamações que estariam a receber dos seus munícipes. Logo a 1 de Junho, a autarquia de Alcochete denunciava “problemas diversos relacionados com os horários, a insuficiente oferta face ao número de utilizadores e a inexistência de postaletes identificativos das carreiras nas paragens” e exigia à TML “uma resolução rápida e eficaz”. Já o município setubalense escrevia no dia 6 no seu Facebook que “apelou à TML para que transmita ao operador do serviço, a Alsa Todi”, as preocupações dos passageiros da CM e a “necessidade de desenvolver os imprescindíveis esforços para normalizar rapidamente a operacionalidade dos transportes públicos rodoviários no concelho”.
A 6 de Junho terão existido reuniões prévias entre as várias autarquias, a AML e a TML. No dia seguinte, houve uma nova reunião, envolvendo já a Alsa Todi. A 7 de Junho, a Câmara de Alcochete anunciou que já a partir desta quinta-feira, dia 9, estão a ser reforçados os autocarros entre Alcochete e Lisboa nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde para fazer face à procura. Ficou ainda acordado que os horários da TST vão continuar a ser praticados pela Alsa Todi até ao final do mês (e não durante apenas 15 dias) e que, também até ao final de Junho, será regularizada a colocação de informação nas paragens e o cumprimento dos horários.
Na mesma peça do Observador já citada, o director de operações da Alsa Todi, Sérgio Adegas, garantiu que, com o seguimento dos horários e percursos da TST de forma temporária, a situação ficou normalizada. “Depois de falarmos com os trabalhadores, acordámos em manter o nível de serviço que havia antes. E vamos formando as pessoas gradualmente. Depois, vamos introduzir gradualmente as novas carreiras da Carris Metropolitana”, explicou. Ou seja, Junho será um mês de transição: começa agora com o serviço do operador anterior e aos poucos serão adicionadas as novas linhas e horários. “Vamos aos poucos introduzindo os novos serviços e assumindo o serviço normal da Carris Metropolitana. A oferta vai estando cada vez mais próxima daquilo que temos contratualizado com a TML.”
Quando a Carris Metropolitana estiver a funcionar em pleno na Área 4, existirão 153 linhas de autocarro, que se traduzirão em cerca de 365 percursos, estando previstas aproximadamente 745 mil circulações por ano – um aumento de 55% da oferta em veículos/km e de 60% em circulações. Serão 62 linhas novas, mas a grande maioria das linhas são antigas e vão simplesmente ser reforçadas com mais autocarros a circular e mais horários de circulação.
Motoristas em protesto
Na passada segunda-feira, 6 de Junho, quando a TML lançou o comunicado, algo inesperado aconteceu na região de Setúbal: os motoristas da CM decidiram não fazer o serviço por desconhecerem os percursos e horários do novo operador. Cerca de 90% dos autocarros urbanos e interurbanos da CM previstos para esse dia não se realizaram, revelou a FECTRANS – Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.
“Muitos trabalhadores não iniciaram o serviço, fizeram uma paralisação espontânea e determinaram que, ou lhes era dada a formação e o conhecimento suficiente para desempenharem as suas funções, ou então colocavam alguém nas viaturas que lhes ensinasse o caminho. Como nada disso aconteceu, vão continuar parados durante todo o dia”, explicava Fernando Fidalgo, da FECTRANS, à agência Lusa. O maior problema da Alsa Todi terá sido a inexistência de tempo para formar os motoristas para a CM, uma vez que os trabalhadores estavam ao serviço da TST anteriormente.
Uma situação semelhante decorreu também na segunda-feira na Broega, no Montijo. Os motoristas, “de forma espontânea, não pegaram ao serviço porque terá havido um problema operacional e estes motoristas não sabiam que serviço iriam fazer, e a maior parte não conhecia os percursos dos serviços”, relatava Manuel Oliveira, do Sindicato dos Motoristas e Outros Trabalhadores, à Lusa. “Alegadamente, a TML atrasou-se no envio dos serviços, neste caso em concreto para a empresa Alsa, o que causou perturbações tremendas”, explicou.
Por outro lado, surgiram relatos de que as chapas de serviço (onde está toda a informação sobre, por exemplo, o serviço que o trabalhador vai fazer durante o dia) entregues aos motoristas estavam em espanhol. Sérgio Adegas, da Alsa Todi, explicou ao Observador que se tratou de um erro na impressão dos documentos. “Em vez de selecionarmos a impressão em português, seleccionámos a opção em espanhol”, explicou, acrescentando que a situação já está “completamente ultrapassada”.
A Carris Metropolitana entrou em funcionamento a 1 de Junho em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, num primeiro passo para uniformizar os transportes rodoviários de passageiros nos 18 municípios AML. Os autocarros destes concelhos têm desde o início do mês uma nova numeração das carreiras, novos horários, uma redução de 902 tipos de bilhetes para apenas três, novo design nos passes e bilhética e algumas, embora poucas, alterações à localização das paragens. No total, foram criadas quatro Áreas de operação, duas envolvendo municípios da Margem Norte do Tejo e outras duas na Margem Sul.
A 1 de Julho, a Carris Metropolitana vai chegar à Amadora, Oeiras, Sintra, Loures, Mafra, Odivelas, Vila Franca de Xira, Almada, Seixal e Sesimbra; os novos autocarros amarelos também farão viagens para Cascais, Barreiro e Lisboa, mas estes três municípios mantém os seus operadores, pelo que a oferta da CM será aí apenas intermunicipal.