A Carris adquiriu 44 novos autocarros eléctricos, permitindo a operação de oito carreiras “zero emissões” em Lisboa. Este investimento de 16 milhões de euros, apoiado por fundos comunitários, permite quadruplicar a frota eléctrica da empresa municipal. A meta é, até 2027, ter 87% da frota a energia renovável e reduzir as emissões em 80%.
A Carris apresentou a sua nova frota de autocarros movidos a energia eléctrica, reforçando o compromisso com a mobilidade sustentável e a descarbonização da cidade de Lisboa. Com esta renovação, oito carreiras da Carris, tanto regulares como de bairro, passarão a ser operadas exclusivamente por veículos de zero emissões.
A nova frota inclui 30 autocarros “standard” e 14 mini-autocarros, num total de 44 veículos eléctricos. Este investimento, avaliado em 16 milhões de euros, foi apoiado por fundos comunitários, incluindo o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR). Os 30 autocarros “standard” custaram 12 milhões de euros, enquanto os 14 mini-autocarros somaram quatro milhões, num total de 16 milhões.
Segundo Pedro de Brito Bogas, Presidente da Carris, este avanço faz parte da estratégia de inovação contínua da empresa, que está prestes a celebrar os seus 152 anos: “A Carris tem antecipado a mudança e tem conseguido sempre adaptar-se aos novos tempos. Não ficou na zona de conforto como operador de eléctricos e, em 1944, avançou para os autocarros”, disse na apresentação da nova frota eléctrica, que aconteceu nesta segunda-feira, 16 de Setembro, na Praça do Comércio. No início deste século, quando ainda se falava pouco de sustentabilidade, a Carris colocou a circular autocarros movidos a gás natural; e, em 2020, deu mais um passo ao adquirir os seus primeiros 15 autocarros eléctricos, que permitiram criar, na altura, a primeira carreira “zero emissões”, a 706.
Com este investimento, a Carris dá um passo decisivo no caminho para uma frota mais sustentável. A chegada dos 44 novos veículos eléctricos, fabricados pela Caetano (autocarros standard) e pela Karsan (mini-autocarros), significa que a transportadora municipal quadruplica o número de autocarros 100% eléctricos em circulação. Pedro Bogas adiantou que a meta é ter, até 2027, 87% da frota movida a energia renovável, o que resultará numa redução de 80% das emissões de carbono.
Este plano envolve um investimento global de 165 milhões de euros, sendo os fundos comunitários essenciais para concretizar este objectivo. “Foram muitas viagens para Gaia e para Cernache do Bonjardim, muitas noites sem dormir”, referiu, elogiando o trabalho da equipa de manutenção da Carris. “Comprar autocarros não é como ir ao stand e fazer uma encomenda. É um processo demorado, que exige processos concursais, fabrico e customização dos veículos.”
“A Carris tinha apenas uma carreira de emissões zero. A partir de hoje, vamos ter oito”, sublinhou Pedro Bogas, enfatizando a importância desta transformação para o futuro da cidade. As carreiras que serão totalmente operadas por autocarros eléctricos serão a 732 (Caselas – Hospital de Santa Maria) e a 760 (Ajuda – Gomes Freire), além da 706 (Cais do Sodré – Santa Apolónia). Também serão “zero emissões” várias Carreiras de Bairro, nomeadamente a 10B (Santa Maria Maior), 19B (Arroios), 22B (Misericórdia), 67B (Estrela) e 73B (Alcântara). “São os verdadeiros mini-autocarros que vão trazer uma melhoria significativa na eficiência do nosso serviço, comparados com as viaturas actuais”, referiu o Presidente da Carris. “Vamos ainda fazer um reforço na carreira 28E, muito procurada por turistas e que nem sempre serve os desígnios da população, que se queixa muito”añadió.
Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, presente também na cerimónia, destacou a importância de iniciativas como esta para o futuro da cidade e o papel da sua geração na responsabilidade climática: “75% das emissões no mundo vieram da minha geração. Não foi da nova geração. A responsabilidade é nossa e este deve ser um tema que nos une a todos.” Moedas sublinhou a importância de um esforço gradual na transição para uma cidade mais verde: “Temos de continuar nesse esforço com gradualismo. É nesse gradualismo que me revejo.”
O autarca também mencionou outras iniciativas em curso, como o transporte público gratuito para 90 mil residentes em Lisboa, a expansão da rede de ciclovias e a pedonalização da Rua da Prata, como exemplos de medidas que integram a estratégia de sustentabilidade de Lisboa.