Porque faltam dados, associações lançam o Barómetro da Mobilidade

Perto de duas dezenas de associações e movimentos da sociedade civil lançaram a segunda edição do Barómetro da Mobilidade, um inquérito nacional sobre como nos deslocamos. A iniciativa, que decorre até 15 de Novembro, visa recolher dados sobre mobilidade pedonal, ciclável e em transportes públicos. Os resultados serão divulgados em Abril de 2025.

A Rua da Prata para peões, bicicletas e eléctricos (fotografia LPP)

Perto de duas dezenas entidades da sociedade civil lançaram a segunda edição do Barómetro da Mobilidade, um inquérito nacional sobre como nos deslocamos, porque o fazemos dessa forma e porque não optamos por outras formas. Até dia 15 de Novembro, pessoas de todas as partes do país, incluindo da área metropolitana de Lisboa, estão convidadas a participar no inquérito que promete completar os dados públicos sobre a mobilidade urbana.

“Actualmente, em Portugal, os únicos dados disponíveis sobre mobilidade provêm dos Censos, que são limitados, especialmente no que diz respeito aos modos activos (caminhada, incluindo pessoas com mobilidade condicionada, e ciclável)”, apontam as associações e movimentos que integram este barómetro. No ano de 2023, o Barómetro da Mobilidade dedicou-se a investigar os dados da mobilidade ciclável. Todos os dados foram anonimizados e trabalhados por uma equipa multidisciplinar das associações organizadoras para efeito de análise anual da bicicleta em Portugal. No ano de 2024, a investigação será ampliada para incluir dados sobre a mobilidade pedonal, ciclável, sobre acessibilidade e transportes públicos. Também neste ano, os dados serão anonimizados.

“Na edição de 2024 o inquérito incide sobre as nossas deslocações em qualquer modo de transporte, particularizando depois a motivação do uso, ou do não uso, da deslocação pedonal, com mobilidade condicionada ou não, em bicicleta e em transporte público”, explica-se, salientando ainda que o objectivo do inquérito é “criar rotinas de recolha de dados que nos ajudem a analisar melhor a situação da mobilidade activa e em transportes públicos em Portugal”.

O Barómetro da Mobilidade é uma iniciativa das seguintes associações e movimentos: Braga Ciclável, CiclaveiroFaro A Pedal, Coimbr’a Pedal, FPCUB (Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta), MAP – Mobilidade Ativa PortoFigueira da Foz – O Peão Primeiro, APSI (Associação para a Promoção da Segurança Infantil), The Future Design of Streets, ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável), Cicloda – Associação Oficina da Ciclomobilidade, ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal), Espécie Rara Sobre Rodas, Bicicultura, Centro de Vida Independiente, Estrada VivaPatrulheiros e Inspira Mobilidade.

A participação no Barómetro da Mobilidade 2024 está disponível até ao dia 15 de Novembro em barometromobilidade.pt. Os resultados serão, em Abril de 2025, divulgados no mesmo site.

O que se concluiu em 2023?

O Barómetro da Mobilidade de 2023 resultou de 3545 inquéritos preenchidos, sendo que 65% dos inquiridos são do sexo masculino e 35% do sexo feminino. A maior parte dos inquiridos tem entre 45 e 49 anos de idade (18%), tendo sido também frequentes os inquéritos respondidos por pessoas entre os 40 e os 44 anos (16%) e entre os 50 e os 54 anos (14%). A maior parte dos inquiridos possuía algum tipo de formação superior (68%). Os distritos com maior percentagem de inquiridos foram Lisboa (28% dos inquéritos), seguida de Braga (27%), Porto (14%) e Aveiro (11%).

Os principais resultados foram os seguintes:

  • Os inquiridos deslocam-se, em média, cerca 13km nas suas deslocações diárias mais habituais. Mais de metade das pessoas (52%) afirma que estas deslocações diárias demoram de 5 a 20 minutos e 23% demora de 21 a 35 minutos;
  • O carro é o modo de transporte mais utilizado no universo de pessoas inquiridas, sendo que 52% das pessoas afirma que este é o modo de transporte que mais utilizam diariamente, enquanto que a bicicleta é o modo de transporte mais utilizado por cerca de 16% das pessoas. Apenas 10% das pessoas afirmam deslocar-se maioritariamente em transportes públicos;
  • Essa tendência mantém-se mesmo quando as distâncias a percorrer são inferiores a 10 km: neste caso 44% das pessoas fazem esse percurso de carro, 20% das pessoas utiliza a bicicleta e apenas 7% utilizam um transporte público;
  • Quando inquiridas acerca de que outros modos de transporte utilizam para além do seu modo de transporte mais utilizado, 45% das pessoas referiram que, em alternativa, se deslocavam a pé;
  • Relativamente ao número de dias por semana em que a bicicleta é utilizada, a resposta mais frequente foi um dia por semana (34%), o que reflete o facto da maioria das pessoas ter afirmado que a utiliza para efeitos de lazer e/ou desporto (54%), e não como principal modo de transporte;
  • Apesar disso, a esmagadora maioria das pessoas (85%) respondeu que preferia utilizar mais a bicicleta como modo de transporte. Algumas das principais razões apontadas para não o fazer estão relacionadas com a segurança rodoviária, sendo que as pessoas referem não se sentirem seguras/confortáveis no trânsito ou a inexistência de ciclovias seguras. A existência de ciclovias é, aliás, o principal factor referido pelos inquiridos (55%) que os fariam utilizar mais a bicicleta.

Os dados podem ser conhecidos, em detalhe, aqui.

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