A nova ciclovia da Rua da Fonte, em Oeiras, conecta as localidades de Vila Fria e Leceia através de um percurso segregado de cerca de um quilómetro. A obra transformou uma estrada sem passeios numa via mais acessível, onde já se pode caminhar e pedalar em segurança.

Ligar dois grandes aglomerados urbanos, o de Vila Fria, na freguesia de Porto Salvo, e o de Leceia, na freguesia de Barcarena, é o grande objectivo da mais recente ciclovia construída e inaugurada pela Câmara de Oeiras. Com cerca de um quilómetro de extensão, o percurso ciclável, que é está segregado, percorre a Rua da Fonte, atravessando terrenos agrícolas.
A ciclovia inicia-se, no lado de Vila Fria, junto ao Parque Urbano com o mesmo nome e, em Leceia, termina perto de outro espaço verde, o Parque Urbano da Quinta da Politeira. Os troços finais em cada uma das pontas são em 30+bici, isto é, partilhados entre ciclistas e o restante tráfego, mas a maioria do percurso ciclável é segregado e exclusivo para bicicletas.
A construção da ciclovia na Rua da Fonte levou à reformulação desta infraestrutura rodoviária. Além do espaço para bicicletas, foi criado um passeio, permitindo também que a deslocação entre as duas localidades possa ser feita a pé. Há alguns canteiros verdes ao longo da ciclovia e do passeio, e foi instalada iluminação dos dois lados da rua a favor da segurança do atravessamento durante a noite, especialmente para os mais vulneráveis.
“Infraestruturas como esta são fundamentais para a qualidade de vida e conforto das pessoas em termos de circulação, quer seja a pé, de bicicleta ou mesmo de carro”, indicou Isaltino Morais, Presidente da Câmara de Oeiras, na inauguração da ciclovia, que decorreu no dia 17 de Maio.
Para o autarca, está em causa não apenas uma ciclovia. “É também uma ciclovia, mas a Rua da Fonte ficou uma autêntica avenida. Uma avenida lindíssima porque tem passeios, tem a ciclovia, tem faixas de rodagem… Foram instaladas valetas, foram plantadas árvores e arbustos…”, indicou. “Mais quatro ou cinco anos, já vai estar uma sebe lindíssima ali desse lado”, acrescentou Isaltino, referindo que existe “um upgrade na imagem” das localidades de Vila Fria e Leceia, “e isso traduz-se na valorização do património público e privado”.
“Tem de haver um comportamento cívico que respeite a cidadania do outro”
Neste momento, a ciclovia liga Vila Fria e Leceia, sendo importante para os habitantes de ambas as localidades, mas é parte de uma rede ciclável municipal que conta com apenas 18 quilómetros e ainda muito poucas ciclovias. Está prevista a conexão deste novo percurso à chamada Ciclovia Empresarial, entre os pólos empresariais de Porto Salvo e a estação de Paço de Arcos, e também a Tercena e Queluz de Baixo, e ao concelho de Sintra.
Não se sabe se essas ligações serão também segregadas ou feitas em 30+bici, um modelo que a Câmara de Oeiras tem defendido – por exemplo, vai ser implementado no trajecto intermunicipal entre as vilas de Parede, no concelho vizinho de Cascais, e de Paço de Arcos. “Há uma tendência para reduzir a velocidade no meio urbano”, disse Isaltino Morais, explicando que noutros países, como em França, Alemanha ou Holanda, há essa acalmia de tráfego nas ruas mais locais, permitindo uma convivência segura entre ciclistas e automobilistas.
“Nós não somos atrasados só economicamente. temos muito que aprender ainda do ponto de vista cívico. Se um ciclista vai na rua, o automobilista que vai atrás não tem de estar a fazer exercícios de aproximação à bicicleta ou de buzinar enervando o ciclista. Tem de aguardar”, disse o Presidente da Câmara. “Tem de haver um comportamento cívico que respeite a cidadania do outro. Havendo esse avanço, é muito fácil às câmaras municipais estabelecerem ciclovias por todo o lado, basta desenhar a bicicleta ali na rua e o automobilista já sabe que há espaço ali para a bicicleta.”
No entanto, noutros países europeus, há também uma rede estruturante de ciclovias dedicadas, isto é, de percursos exclusivamente para bicicletas, que conectam esses bairros e essas ruas mais locais, onde é promovida a coexistência. E é esse o papel da ciclovia segregada da Rua da Fonte. “O que para nós não são as ciclovias, o mais importante para nós é o conforto das pessoas”, destacou Isaltino, referindo que as estradas que ligam localidades devem ser “dotadas de infraestruturas adequadas”como “passeios confortáveis, isso é que importante”.
A ciclovia que liga Vila Fria a Leceia, contou com o apoio financeiro de 40% no âmbito do programa Portugal 2030. O investimento total foi dividido em duas empreitadas – uma de cerca de 1,15 milhões de euros para a ciclovia segregada, a cargo da construtora Protectnil, e outra de 17,65 mil euros para as pinturas 30+bici, executada pela empresa Viamarca.