O teu dinheiro pode ajudar o mundo… sem que saias de Lisboa

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Investir não é só para milionários – nem deve ser visto como uma forma de ganhar dinheiro sem olhar a meios e indiferente a considerações sociais e ambientais. Com apenas 10 euros e um telemóvel, qualquer pessoa pode hoje investir em projectos sustentáveis e éticos em vários países. Esta é a proposta da Goparity, uma empresa que a partir de Lisboa tem servido de plataforma para investir e contribuir para o bem comum.

Parte da equipa da Goparity (fotografia LPP)

Com o dinheiro que ganhamos podemos: comprar bens e serviços, não só os essenciais como os que contribuem para o nosso bem-estar e felicidade; poupar e construir um fundo de emergência para responder a imprevistos como um problema de saúde; ou investir, para evitar que o nosso dinheiro perca valor e possa gerar uma renda passiva que é um fonte adicional de rendimento.

Actualmente, o investimento pode soar como uma possibilidade distante, reservada para as pessoas com grande liquidez, e que estão dispostas a correr riscos. Ou, por outro lado, um discurso trendy por parte de um grupo de pessoas que acredita e promove o enriquecimento milagroso. Mas não tem de ser assim.

Investir, de forma séria e inteligente, pode aumentar o nosso património financeiro e liquidez a longo prazo e, simultaneamente, ser uma forma de materializar os nossos valores fundamentais.

É neste contexto que entra a Goparity com uma proposta simples: uma aplicação que permite que qualquer pessoa, com apenas 10 euros, invista directamente em projectos sociais e/ou ambientais, com os quais se identifica. A ideia é pensar no investimento não só como uma forma de obter pelo retorno financeiro, mas contabilizando considerando também o impacto na sociedade e no planeta. Sem sair de Lisboa, podes investir em projectos locais, da tua zona, ou de âmbito nacional, mas também em iniciativas que estão a ser desenvolvidas noutra parte do mundo, em mais de uma dezena de países diferentes. E quando um projecto tem sucesso, todos ganham com isso.

A proposta envolve não só mudar o paradigma do investimento, mas também o paradigma do financiamento das organizações de impacto social e ambiental, como explica Rita Castro Oliveira, directora de operações da Goparity: “É preciso desmistificar esta ideia de que projectos de sustentabilidade, especialmente os sociais não são sustentáveis financeiramente e têm sempre de ser financiados por doações. As doações têm o seu papel na economia, mas os projectos sustentáveis também podem ser rentáveis.” É ao juntar o melhor dos dois mundos que a Goparity se pretende diferenciar, como uma plataforma para investir “na economia real e não numa economia especulativa, ou seja, em algo que não sabemos muito bem o que é”, esclarece a responsável.

Aqui não há letras pequenas: “o investimento com a Goparity é um investimento directo num projecto, num empreendedor, e um impacto específico da utilização daquele dinheiro”.

Crowdlending: empréstimos com juros

Este modelo é conhecido como crowdlending: em vez de doações, tratam-se de empréstimos com retorno em juros. Para começar não precisas de ser um especialista em literacia financeira, nem de seguir gurus das redes sociais para saberes qual a melhor aplicación para o teu dinheiro. Basta fazeres download da aplicação da Goparity e escolheres um projecto alinhado com os teus valores e com a mudança que queres ver no mundo. Fazes um investimento e esperas que esse empréstimo te seja devolvido, com um retorno anual de 5-10%.

E como nos diz Rita Oliveira, há projectos para todos os gostos: “Claro que nem todas as pessoas vão adorar todos os projectos que estão na Goparity. E está tudo bem. Eu própria tenho os meus projectos preferidos”, afirma. “O que acontece na Goparity é que tu podes escolher em que empresas, empreendedores ou países queres investir e que impacto queres que tenha o teu dinheiro.”

Fundada em Lisboa em 2017, a Goparity representa a crença na finança ética, isto é, que o nosso dinheiro não tem de ser usado para alimentar indústrias nas quais não nos revemos, mas sim para impulsionar a mudança que queremos.

Através da aplicação disponível para iOS, Android e também no browser do computador, é possível investir em energia sustentável, gestão eficiente da água, economia do mar, uso responsável da terra (como projectos de reflorestação ou práticas de agricultura biológica), iniciativas nas áreas da economia social e da educação, e ainda negócios mais tradicionais que estão em transição, isto é, a trabalhar para reduzir a sua pegada social e ambiental.

Na verdade, os projectos que encontras na Goparity são sempre alinhados com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). E é por isso que na ficha de cada investimento não consta só a rentabilidade prevista. “Consegues ver as métricas específicas e os ODS para as quais contribuíste. Não estás só a ver a rentabilidade financeira; também vês o impacto criado pelo teu dinheiro”, diz Rita.

Transparência total

Na ficha de projecto, vais ainda encontrar informação detalhada sobre a empresa promotora do projecto e a equipa que a constitui, qual o modelo de negócio e onde é que o dinheiro que estão a angariar junto da comunidade vai ser aplicado. Esta transparência é fundamental para que quem esteja a investir através da Goparity saiba exactamente para onde o seu dinheiro está a ir. Também pela aplicação é possível acompanhar os projectos ao longo dos anos de implementação com fotografias e outros detalhes relevantes – uma forma fácil e relacional de veres os teus investimentos a ganharem forma.

A Goparity acredita profundamente no impacto positivo da sua operação – não só através dos projectos sustentáveis que ajuda a financiar, mas também pelo empoderamento financeiro dos investi-dores, pela alternativa ética e transparente que oferece às empresas promotoras face à banca tradicional e pelo seu próprio compromisso enquanto empresa social e ambientalmente responsável, com uma equipa diversa, salários justos e práticas de igualdade de género.

Com a Goparity, podemos ter “o nosso dinheiro a trabalhar para nós”. Mas claro, como em todos os casos, isto não acontece sem risco. Afinal de contas trata-se de um investimento. “É importante ter-mos consciência de que todos os investimentos implicam a possível perda de capital, independentemente do instrumento financeiro”, esclarece Rita Castro Oliveira. O que significa que, mesmo que seja por uma boa causa, não deves investir mais do que podes perder.

O crowdlending pode ser uma boa hipótese para quem não quer ter o seu dinheiro parado a perder valor com a inflacção. “Se há inflacção, os preços dos bens aumentam, o que significa que se tiver 100 euros agora e os deixar parados no Banco, no final do ano, esses mesmos 100 euros, terão perdido valor e vão dar para comprar menos coisas”, refere Rita. “Por isso é que é importante nós complementarmos as nossas poupanças com o investimento, pelo menos para colmatar este efeito inflaccionário.”

Saber como investir

A dimensão da literacia financeira é importante para a Goparity, que procura ter um impacto positivo nesta área. “Uma das nossas grandes missões é precisa-mente oferecer literacia financeira aos nossos utilizadores”, diz Sarah Cohen, gestora de marketing da Goparity. “É por isso que tentamos comunicar de forma simples, explicando o que é investimento, como funciona e quais os benefícios, mas também conceitos financeiros básicos, como o que é uma TANB ou uma obrigação, como é que funcionam garantias para um empréstimo, o que é um plano de pagamentos, etc. No fundo, tentamos minimizar qualquer barreira a que uma pessoa entre no universo dos investimentos.”

Um dos conselhos deixados pela Goparity é o de diversificar o portefólio de investimentos: isto é, investir em diferentes indústrias, países e tipos de entidades ajuda a reduzir riscos e a construir uma carteira mais equilibrada. Desta forma, é possível mitigar potenciais perdas em caso de crises localizadas. “Ao investir em indústrias diferentes, se acontecer uma crise numa delas, as outras podem com-pensar esta perda, que muitas vezes até pode ser momentânea”, refere Rita. Para além da diversificação, a responsável destaca a importância de compreender bem as condições de cada oportunidade: prazos, taxas de risco ou rentabilidades, evitando decisões precipitadas baseadas apenas nos números mais altos.

A diversificação não é importante apenas dentro da Goparity. “Se alguém tem no total mil euros para investir, se calhar também não precisa investir os mil euros na Goparity. Deve olhar para os vários produtos de investimento à sua disposição e perceber como pode diversificar dentro desses produtos”, completa Sarah Cohen.

Como começar

Na Goparity há sempre algo em que investir. E um historial de projectos de sucesso que sustentam a promessa da empresa – iniciativas que tiveram sucesso graças aos empréstimos da comunidade de investidores, e que geraram retornos proporcionais ao valor investido. Desde o Café Joyeux, que, em Lisboa, potencia a inclusão ao dar emprego e formação a pessoas com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento, ao Azores Wine Company, uma empresa que surge com uma proposta de vinhos vulcânicos e implementação de prática de produção biológica na Ilha do Pico, nos Açores. Ou ainda o Tonewoods, uma empresa internacional que se assume como um dos principais fornecedores de madeira de origem sustentável para a indústria de instrumentos musicais.

Se quiseres experimentar a Goparity sem compromisso, podes fazê-lo registando-te na plataforma e utilizando o código LXPARAPESSOAS, que dá 10 euros para investires sem risco. “Tentamos que a nossa aplicação seja um espaço de aprendizagem e uma plataforma fácil de usar”, assegura Sarah. “O objectivo é precisamente que uma pessoa que não conhece este universo do investimento possa entrar nele, ganhar confiança e sentir-se mais confortável para aprender sobre finanças passo a passo ao investir pelo menos 10 euros. Depois, à medida que vai ficando mais confortável com o risco, pode aumentar esse investimento, se assim quiser.”

Segundo a Goparity, os projectos financiados através da plataforma portuguesa já ajudaram a evitar a emissão de mais de 30 mil toneladas de CO2 por ano, apoiaram a criação de mais de 4 700 postos de trabalho e tiveram um impacto positivo directo em cerca de 100 mil pessoas.

A angariar neste momento

A Sea4Us é uma empresa de biotecnologia que se dedica a transformar compostos marinhos em terapias inovadoras para necessidades médicas sem resposta, como a dor crónica. Os fundos angariados através desta campanha serão permitirão que a Sea4Pain seja desenvolvida a um ritmo acelerado, de modo a atingir os ensaios clínicos já em 2026. Más información aquí.

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