
O seminário O Investimento Público Pós-Pandemia, organizado esta segunda-feira, 24 de Maio, pelo Diário de Notícias e pela Câmara Municipal de Lisboa, foi o momento para Fernando Medina – que partilha a Presidência da autarquia lisboeta com a da Área Metropolitana de Lisboa – traçar um panorama dos investimentos previstos para a área do transporte colectivo na região de Lisboa: no total, são “2,3 mil milhões de euros, exclusivamente em meios de transporte colectivo pesado, sem contar com a ferrovia”.
Os 2,3 mil milhões de euros provém de três instrumentos diferentes: o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), vulgo “bazuca europeia”; o Quadro Financeiro Plurianual (QFP); e os investimentos previstos pelo Banco Europeu de Investimentos. Medina preferia que tudo isto fosse “visto em pacote e não de instrumento em instrumento”, para que a estratégia fosse mais perceptível como um todo. “Eu sei relativamente à AML onde é que as peças se vão encaixando”, ressalvou, referindo-se à posição política que ocupa e que o permite.
O Presidente da AML começou por falar do que já está a ser mudado ao nível de uma “mobilidade em transporte colectivo, pesado, sustentável, eficaz, capaz de unir uma área metropolitana” que diz ser “fortemente integrada do ponto de vista económico e social” mas “profundamente deficitária ao nível de sistemas que assegurem uma conectividade fluída”. Medina falou, assim, do passe único metropolitano (Navigateur métropolitain), que tornou o transporte colectivo mais acessível nos 18 municípios, e da constituição da TML – Transportes Metropolitanos de Lisboa, empresa que irá tomar conta da Carris Metropolitana, uma marca única de autocarros na região. No futuro próximo, todos os autocarros na AML vão ter a marca “Carris Metropolitana”, com excepção dos de Lisboa, Cascais e Barreiro, por nestes concelhos operarem empresas municipais (Carros, Scotturb e TCB, respectivamente).
A operação da Carris Metropolitana será feita por empresas que os passageiros já conhecem, como a Rodoviária de Lisboa (RL) ou a Transportes Sul do Tejo (TST), mas com o mesmo nome, a mesma cor, a mesma bilhética, as mesmas regras e horários articulados. As empresas que prestarão o serviço foram seleccionadas com base num concurso público internacional, “um concurso que não é ditado pela concessão de receita mas sim pela aquisição de quilómetros”, disse Medina, e vão ser “assegurados os níveis de serviços público que o poder político em cada momento entender financiar, e no caso da primeira oferta será 40% superior àquela que está colocada” ao nível metropolitano.
Do metro subterrâneo ao metro de superfície, sem esquecer o metrobus
Em relação aos 2,3 mil milhões de euros em investimentos em transporte colectivo na AML, estes dividem-se entre a expansão do Metro de Lisboa para ocidente (prolongamento da Linha Vermelha até Alcântara); a expansão em estudo da Linha Amarela de Telheiras até Benfica, as linhas LIOS, que ligarão Lisboa por metro ligeiro a Oeiras (zonas como Miraflores e Linda-A-Velha) de um lado da cidade e a Loures (Sacavém e Portela) do outro; duas linhas de metrobus que ligarão Paço de Arcos ao Cacém, e Algés à Reboleira; e também a “finalização das três fases” do Metro Sul do Tejo, que com a sua ampliação para poente e nascente do concelho de Almada, fazendo-o chegar, por exemplo, à Costa da Caparica.
Medina abordou também o “investimento adicional que está assumido pelo Governo em matéria de ferrovia”, nomeadamente através da “aquisição de 66 novas composições” pela CP “que irão servir fundamentalmente a Linha de Cascais e de Sintra”, do “investimento tantas vezes prometido e tantas vezes não realizado de quadruplicação da Linha de Cintura entre Roma-Areeiro e o Oriente” et “ampliação do terminal do Oriente para uma verdadeira estação”, permitindo, tudo somado, aquilo que “hoje parece um sonho mas que tem que ser uma realidade que é termos comboios com uma frequência de seis minutos entre Sintra e Lisboa, ou seja, entre os dois maiores municípios do pais”.
Em suma, referiu o autarca, que deu o pontapé de saída no seminário O Investimento Público Pós-Pandemia, que decorreu nos Paços do Concelho, “vamos ter no país e na região de Lisboa um conjunto vultuoso de investimentos para realizar, num espaço de tempo bastante curto, o que vai ter uma importância bastante significativa”.