
A construção pela EMEL de um elevador que irá ligar a Rua dos Lagares, junto ao Centro de Inovação da Mouraria, ao Largo da Graça começou e, por isso, o Miradouro da Graça, que oferece uma das melhores vistas sob a cidade de Lisboa, vai estar condicionado durante um ano e meio, conforme noticia esta terça-feira o jornal Público.
O elevador está inserido no Plan général d'accès doux et assisté à Castle Hill, e divide-se em dois elevadores intermédios: um entre a Rua dos Lagares e o Jardim do Caracol da Graça e outro deste espaço verde para o Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, também conhecido como Miradouro da Graça. No seu conjunto, este elevador permitirá vencer o acentuado desnível da colina de 46 metros de altura.
As obras de construção deste novo equipamento de mobilidade pedonal vão condicionar o Miradouro da Graça durante um ano e meio, ou seja, até Dezembro de 2022, de acordo com as previsões da EMEL. Só uma área onde se desenvolve a esplanada de um quiosque ficará desimpedida, com a vista sob Lisboa à qual já nos habituámos. Os tapumes brancos estão a ser decorados com um jardim vertical de forma a minimizar os impactos visuais da obra – um cuidado especial por se tratar, talvez, de uma área turística da cidade.

A construção do elevador entre a Mouraria e a Graça já se tinha iniciado em 2016, mas umas escavações arqueológicas que destaparam o alambor único, em taipa, da Cerca Fernandina suspenderam os trabalhos. Um alambor é uma estrutura defensiva que consiste no espessamento da base de uma muralha e que dificulta invasões por parte de inimigos. No alambor da Cerca Fernandina tinha sido usado taipa, um material à base de argila e cascalho, algo que nunca tinha sido antes identificado em Portugal. Ao Público, a EMEL garantiu que “o alambor voltou a ser enterrado, encontrando-se no subsolo no estado em que foi encontrado” et que “o projecto foi reformulado na zona envolvente de forma a preservá-lo devidamente e a não provocar qualquer alteração”. A adaptação do projecto foi adjudicada em 2017 por 21 mil euros ao atelier Bugio, o mesmo atelier que desenhou o Plano Geral de Acessibilidades Suaves e Assistidas à Colina do Castelo original em 2009.
Já as obras que agora se iniciam no terreno vão custar mais de 5,3 milhões de euros e estarão a cargo da empresa Oliveiras S.A., que venceu o concurso público. De acordo com o Público, a empreitada já tinha sido adjudicada em Fevereiro deste ano, mas uma impugnação judicial tentada por um dos concorrentes atrasou a obra.
No Plano original está previsto que o segundo elevador deste conjunto entre a Mouraria e a Graça estivesse integrado com um novo parque de estacionamento, na forma de silo, na Rua dos Lagares, não se sabendo se essa intenção se mantém de pé. No entanto, de acordo com o Público, o parque EMEL na Rua Damasceno Monteiro, inaugurado em 2017 e com capacidade para 81 lugares, foi encerrado esta semana. Encontra-se nas traseiras do Convento da Graça, que será reconvertido num hotel de cinco estrelas pelo grupo Sana, no âmbito do programa Revive, através do qual o Governo procura dar uma nova vida a património devoluto através da sua adaptação para fins turísticos. Assim, o parque encerrado será agora para estaleiro de obras e depois funcionará como estacionamento ao serviço dos hóspedes. No entanto, mantém-se operacional, na mesma rua um parque com 69 lugares, gerido entre a Junta de Freguesia de São Vicente e a EMEL, bem como o parque na Rua da Verónica.