Com nova associação, operadores de transporte voltam a dispersar em vez de concentrar esforços

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Nasceu a AMOLIS, uma associação que junta o Metro de Lisboa, a TTSL, a CP, a dona da Fertagus, a Carris, a TST e ainda a Rodoviária de Lisboa.

Lisbon Photography For People

A mobilidade é multimodal – para chegar ao seu destino, um passageiro pode conjugar diferentes meios de transporte –, pelo que é importante que as empresas que operam esses diferentes meios comuniquem entre si. Ora, foi com esse objectivo que o Metro de Lisboa, a TTSL (Transtejo Soflusa), a CP, a Barraqueiro – dona da Fertagus –, a Carris, a TST e ainda a Rodoviária de Lisboa (RL) se juntaram para formar uma nova associação, a AMOLIS.

“Trata-se de um marco importante para a história destas empresas que se unem formalmente para benefício dos seus clientes e para a consequente melhoria da qualidade do serviço prestado.” Em comunicado, explica-se ainda que a AMOLIS é uma “associação de direito privado sem fins lucrativos, que se constitui como uma plataforma de comunicação e partilha técnica, tecnológica e funcional entre os seus associados, os quais são operadores de transporte colectivo de passageiros da Área Metropolitana de Lisboa”.

“A AMOLIS poderá actuar em interesse próprio ou de acordo com os interesses coletivos dos seus sete membros associados, perante outras entidades públicas ou privadas de interesse para o sector. Poderá, igualmente, actuar como ponto de contacto dos associados com terceiros, designadamente, operadores de transporte público, integradores e outros agentes da área da mobilidade, bem como associar-se a outras associações congéneres, nacionais ou internacionais, criando sinergias e trocas de experiências”, informa-se ainda.

AMOLIS é mais uma associação?

O Metro, a Carris, a Fertagus, a TTSL, a TST e a RL, que agora decidiram criar a AMOLIS, já integravam antes uma outra associação, a Transpolis, constituída em 2018. Este organismo conta também com a EMEL, a TCB (Transportes Colectivos do Barreiro), a MTS (Metro Sul do Tejo), a Vimeca, bem como com a ANA – Aeroportos de Portugal, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), e as autarquias de Almada, Barreiro e Lisboa.

De acordo com o próprio site, a Transpolis procura “potenciar as sinergias geradas pelo trabalho comum entre associados e entidades prestadoras de serviços de mobilidade”, promover uma “estratégia de deslocação multimodal, porta a porta, que integre informação de todos os transportes públicos de passageiros”, incluindo bicicletas e o sector aéreo, ou ainda “explorar e gerir um sistema de informação de viagens multimodais” avec “soluções tecnologicamente avançadas”. O projecto mais visível da Transpolis é a aplicação Voyage à Lisbonne, que disponibiliza percursos e horários numa panóplia de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa – informações que muitas vezes não estão no Google Maps.

O Lisboa Para Pessoas questionou a recém-criada AMOLIS sobre uma eventual articulação com a TML e com a Transpolis. Em resposta, fonte da AMOLIS adiantou que a nova associação tem uma “área de intervenção mais vasta” que a Transpolis, que está mais focada em soluções tecnológicas e informativas para a multimodalidade nos transportes, e que a “intervenção da AMOLIS será articulada com a Transporlis, sempre que  as duas associações assim o entenderem, tendo em vista a melhoria da qualidade do serviço prestado (ou a prestar)”. A AMOLIS afirma-se sobretudo como uma “plataforma de comunicação e partilha de experiências entre os seus associados” com vista a “uma melhor integração entre os diferentes operadores, assente numa perspectiva sistémica e intermodal”.

Por outro lado, parte da actividade e propósito da Transpolis confunde-se com o âmbito da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML). Esta empresa, integrada na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e tutelada por esta, foi criada em 2020 para gerir a bilhética a nível metropolitano – é a TML que é responsável pela marca Navigateur, por exemplo – e também a operação da futura Carris Metropolitana. Mas a TML podia ser a autoridade central de transportes ao nível dos 18 municípios que compõem a AML, fazendo jus ao seu nome – a TML poderia potenciar sinergias entre os diferentes operadores, centrando esforços e recursos no desenvolvimento de soluções de comunicação e de relação com os passageiros. A TML poderia perfeitamente integrar a Transpolis e projectos como aplicação Lisboa Viagem, relançando-a com a marca Navegante e integrando os operadores em falta por não fazerem parte daquela associação.

Uma vez que a TML “centraliza a responsabilidade pela gestão do serviço público de transportes da Área Metropolitana de Lisboa”, a AMOLIS poderá articular-se com esta entidade, por exemplo, na implementação de “novas políticas de acessibilidade e mobilidade nos operadores de transporte colectivo de passageiros, reforçando uma perspectiva sistémica e intermodal”. A AMOLIS acredita que esta “nova abordagem sistémica e intermodal” venha a contribuir para “uma melhoria na qualidade e na atratividade do transporte público”.

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