Jug Cerović, um arquitecto de Paris e um apaixonado por mapas, criou um mapa “abrangente, legível e bonito” dos transportes públicos de Lisboa.
Compreender a oferta de transportes públicos de uma cidade nem sempre é imediata, dada a diversidade de meios, linhas e carreiras que há, e também as diferentes linguagens visuais que cada cidade usa. Jug Cerović, um arquitecto de Paris e um apaixonado por mapas, lançou em 2017 um livro que unificava as redes de metro de várias cidades do Mundo dentro de um mesmo código de cores e símbolos; nos anos seguintes, continuou a actualizar esses mapas e a fazê-los para outras metrópoles. Em 2020, foi a vez de Lisboa.
O mapa de Jug dos transportes públicos da capital portuguesa pode ser descarregado em PDF do site do INAT, o seu projecto pessoal de mapas urbanos, e resulta de um “trabalho 100% manual”, conta-nos por e-mail. “Cada linha é desenhada à mão, cada rua, cada etiqueta. Desta forma, entendo melhor o que realmente estou a fazer e a explorar, e percebo a rede enquanto a desenho. Fico a saber onde estão os pontos de estrangulamento, as interfaces mais complexas, as idiossincrasias locais, que partes da rede tenho de mapear com mais cuidado, que intersecções devem ser tratados de forma mais cuidada…”
“Poderia ter automatizado todo o projecto, mas pareceria batota. Mas agora que terminei o trabalho manual, posso automatizar o processo para usos e actualizações futuras, sem perder o mérito e com a certeza que o mapa continuará a ser bonito pois seria eu a comandar os algoritmos e não o contrário”, refere o arquitecto. Jug Cerović foi buscar informação sobre o Metro de Lisboa, dos autocarros e eléctricos da Carris, das linhas ferroviárias da CP e Fertagus, e dos barcos da TTSL. As linhas de metro e de autocarro têm as suas cores oficiais e, no caso do transporte rodoviário, estão classificadas segundo três categorias: alta frequência, alta frequência em horas de ponta, e baixa frequência. Jug mapeou todas as paragens e respectivos nomes das estações de autocarro, desenhou as ruas, identificou algumas monumentos e ainda colocou algumas sombras para fazer as elevações do terreno, o que, segundo Jug, “dá um sabor forte” a todo o trabalho gráfico.
O arquitecto, natural de Belgrado e a residir entre Paris e Madrid, explica que fez este mapa de Lisboa como parte de “um projecto de pesquisa pessoal” à “mostrar que é viável desenhar um mapa de rede geográfica que seja ao mesmo tempo abrangente, legível e bonito”. Jug explica-nos que o mapa é abrangente porque inclui “todos os modos de transporte, linhas, rua…”. É legível pois “existe uma hierarquia equilibrada de informações, em que o utilizador não é bombardeado com todas as informações de uma só vez, mas sim sequencialmente, à medida que mergulha mais fundo no mapa. Primeiro vem o metro, depois os eléctricos, os autocarros, e por último o quadro urbano”. E é bonito, já que essa foi uma preocupação de Jug: por exemplo, o sentido Norte foi ligeiramente inclinado para permitir que a Baixa ficasse na vertical, ao mesmo tempo que “a forma da cidade é reconhecível de longe”.
O mapa ficou pronto em Novembro de 2020 e pode ser descarregado de forma gratuita do site de Jug, onde reúne outros mapas de outras cidades mundiais. Lisboa é a primeira cidade portuguesa na qual o arquitecto trabalhou. “É muito mais agradável trabalhar uma cidade de que se gosta, que é inspiradora e bonita”, confessa.
