A Cicloficina dos Anjos mudou-se para São Bento e está a organizar uma festa

A cicloficina mais antiga de Lisboa tem um novo espaço na Rua de São Bento, onde funcionava o Selim. No dia 30 de Abril, há uma festa para que todos e todas possam conhecer a nova Cicloficina dos Anjos – e festejar o seu 11º aniversário.

Photo : Mário Rui André/Lisbon For People

Abre às segundas e quartas, entre as 18 e as 21 horas. Qualquer pessoa pode aparecer para arranjar gratuitamente a sua bicicleta ou ajudar outra pessoa a fazê-lo. O espírito de comunidade sente-se neste espaço, mesmo quando ele está vazio, como foi o caso desta terça-feira quando, ao final do dia, combinámos com Rui Sebastian um encontro informal. O objectivo: saber mais sobre esta mudança e sobre o futuro da Cicloficina.

Rui está neste momento à frente da Cicloda, associação dedicada à promoção da bicicleta que agrega vários projectos, como o Selim, a Tia Bina e a Cicloficina dos Anjos. Trata-se da cicloficina mais antiga da cidade e foi por isso mesmo, em 2019, destacada na edição da revista norueguesa Bikevibe dedicada a Lisboa. Tal como outras cicloficinas, nasceu porque a comunidade assim o quis e continua a existir porque a comunidade assim o quer.

O Rui (fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas)

As cicloficinas não têm de ter espaço físico mas a dos Anjos conquistou o seu em 2016, no número 15 da Rua Dr. Almeida Amaral, depois de até aí – e desde 2011 – ter funcionado no interior do espaço da Associação Recreativa dos Anjos. Agora, e porque a renda do anterior espaço ia aumentar, mudou-se para São Bento, para o “escritório” do Selim, projecto que está adormecido por ter ficado sem o financiamento e o apoio operacional da Câmara de Lisboa.

A ideia é “experimentar e ver o que acontece, ver se os voluntários gostam, se o espaço é fixe”, diz Rui Sebastian, até porque, apesar da formalidade que a associação Cicloda confere ao projecto, a Cicloficina dos Anjos continua a ser “um colectivo que depende da vontade das pessoas”. Assim, o número 246 da Rua de São Bento voltou a abrir às segundas e às quartas, e se tudo correr bem abrirá também às sextas – sempre em horário pós-laboral. Qualquer pessoa pode trazer a sua bicicleta e contar com a ajuda dos voluntários da Cicloficina para a arranjá-la – tudo gratuitamente. Donativos são bem-vindos, claro, mas a ideia é que os mais experientes possam ajudar os que estão agora a começar a andar de bicicleta ou quem não percebe ainda nada de mecânica e tem vontade de aprender os básicos.

Aprender… fazendo. É como se fosse uma aula prática com convívio à mistura. Há comida de quem a trouxer, bebida e, sim, isso inclui cerveja. As cicloficinas são também espaços de encontro e isso é muito importante, como reforçou Rui ao longo da nossa conversa. Para quem acabou de chegar a Lisboa, por exemplo, em Erasmus, pode ter numa ida à Cicloficina dos Anjos (ou a uma outra cicloficina) uma boa desculpa para fazer amigos e também para arranjar uma bicicleta para se movimentar pela cidade. A Cicloficina dos Anjos aceita doações de bicicletas velhas e também de peças que muitas lojas decidem deitar fora. “Temos aqui uma série de câmaras de ar que têm um furinho mas que para as lojas são lixo” porque não podem arriscar dar ao cliente um material imperfeito. “Muitas vezes só precisam de um remendo” e nós fazemos isso aqui para alguém que esteja a precisar de uma câmara de ar a funcionar.

Rui Sebastian aproveitou a vinda à Cicloficina dos Anjos para fazer uma pequena afinação na sua bicicleta enquanto conversávamos e trocávamos informalmente algumas ideias. Ainda está tudo em aberto, dizia ele. Por agora, vai haver uma festa: dia 30 de Abril, a partir das 17 horas, estão todos e todas convidadas a aparecer no 246 da Rua de São Bento, mesmo em frente à Assembleia da República. Está prometida música e convívio com comes e bebes ao longo da tarde, assim como uma Alleycat - uma prova de orientação na qual os participantes terão desafios e vence, não o mais rápido, mas quem melhor conhecer a cidade. Basta aparecer, mas para participar na Alleycat é preciso fazer uma inscrição ici.

Photo : Mário Rui André/Lisbon For People

Um dos próximos desafios é encontrar um nome para o novo espaço. Deixando de ser só do Selim (e não se sabendo se e como o projecto irá voltar), Rui quer aproveitar a mudança da Cicloficina dos Anjos para São Bento para criar nova centralidade ligada à bicicleta e um nome que aglutine os diferentes projectos é importante. Quem sabe o que este espaço será no futuro. Um café aberto diariamente onde a comunidade se possa reunir fora das redes sociais? Um cowork onde mecânicos de bicicletas possam trabalhar e outras pessoas ligada a esta forma de mobilidade? Um local para workshops e formações em mecânica? Por agora, tem o Selim, a Cicloficina dos Anjos e ainda a FEMINA, uma oficina comunitária de bicicletas de e para todas as mulheres (*mulheres, pessoas trans, não-cis).

O local foi cedido à Cicloda para o Selim pela Câmara de Lisboa e têm-no por mais dois anos. Pode ser o início de algo maior que traga uma nova dinâmica à zona de São Bento e à cidade. Por agora, o número 246 abre-se às segundas e quartas ao final da tarde, todas as semanas, como Cicloficina dos Anjos. E abre-se às mulheres na última quinta-feira de cada mês, também em horário pós-laboral, como FEMINA. Quanto ao Selim, veremos. E no sábado 30 de Abril, pelas 17 horas, também estará aberto para a festa de 11º aniversário da Cicloficina – uma festa para celebrar os dez anos também, pois em 2021 a pandemia não o deixou.

Photo : Mário Rui André/Lisbon For People
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