CML estuda recuperação e reabertura do Panorâmico de Monsanto

A Câmara de Lisboa está a estudar a reabertura do Panorâmico de Monsanto, integrando nele os serviços da Direcção Municipal do Ambiente. Está também a considerar a concessão total ou parcial do edifício.

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A Câmara de Lisboa está a estudar a possibilidade de reabrir o Panorâmico de Monsanto ao público, integrando nele “os vários serviços dispersos da Direcção Municipal do Ambiente, Espaços Verdes, Clima e Energia” e estudando a possibilidade de concessionar uma parte ou todo o edifício, “visto o custo para a sua reabilitação ser muito elevado”, informou o Vereador que tutela os Espaços Verdes, Ângelo Pereira, na Assembleia Municipal.

Com sete mil metros quadrados, o Panorâmico de Monsanto foi inaugurado em 1968 como restaurante de luxo, para as elites que ali gostavam de se encontrar e conviver. Celebridades como David Bowie passaram por ali, especialmente durante o concerto no Estádio de Alvalade, em 1990. Com uma imponente escadaria a fazer lembrar os filmes de Hollywood e uma vista panorâmica sobre Lisboa, o edifício – construído pela Câmara de Lisboa a partir de um projecto do arquitecto Chaves da Costa – ostenta algumas obras de arte, incluindo um painel cerâmico de Manuela Madureira com “figuras e cenas” da cidade de Lisboa e um mural de Louis Dourdil, apesar da degradação a que têm estado sujeitas ao longo dos anos.

É que nas últimas décadas o Panorâmico tem vindo a degradar-se. Depois de ter sido uma discoteca, um bingo, um escritório e até um armazém de materiais de construção civil, o edifício ficou ao abandono em 2001. Em 2017, a Câmara de Lisboa fez algumas obras para garantir a segurança do espaço e reabriu-o, permitindo nele a realização de um festival de música e de arte urbana com curadoria de Vhils. O lado místico do espaço captou o interesse de locais e de turistas que o foram visitando ao longo dos últimos anos até Junho de 2023, quando o município voltou a fechar o espaço. Desta vez com vigilância 24/7, para garantir que não existe novamente vandalismo a destruir este património da cidade, o Panorâmico parece resistir ao esquecimento, e novos planos para o edifício estão em andamento.

O que está a ser estudado?

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Segundo Ângelo Pereira, estão a ser “desenvolvidos vários estudos” para a reabilitação e reconversão e reabilitação do Panorâmico de Monsanto. O Vereador responsável pela Estrutura Verde da cidade adiantou, aos deputados municipais, os três estudos realizados:

  • um estudo à segurança da construção, “para aferir a viabilidade estrutural do edifício existente”. De acordo com o responsável, “essa viabilidade foi confirmada, havendo a necessidade do reforço estrutural em alguns pontos e renovação total de outros elementos, nomeadamente a pala de cobertura sob o antigo restaurante”;
  • um estudo de viabilidade económica da operação de reabilitação do Panorâmico, que “individualizou os custos de reforço e consolidação estrutural, orçadas em 10 milhões de euros, e os custos de uma operação de reabilitação total, acrescendo os custos de intervenção ao nível da arquitectura, orçadas em 13 milhões de euros, tomando como base o valor médio de construção por unidade e área”;
  • e um estudo de reconversão do edifício para uso municipal, com a “possibilidade de centralizar nele os vários serviços dispersos da Direcção Municipal do Ambiente, Espaços Verdes, Clima e Energia”. Neste âmbito, estará previsto um auditório “com capacidade para 380 pessoas”, a “sala polivalente com cerca de 360 metros quadrados para albergar iniciativas diversas”, da Câmara e não só, e a “manutenção da abertura do miradouro do topo do edifício através de controlo de acessos e horários”. Este estudo prevê ainda a auto-suficiência energética do edifício e a reutilização da água da chuva para rega ou sanitários, adiantou o autarca.

Ângelo Pereira explicou também que, tendo em conta o custo avultado da eventual reabilitação do Panorâmico, está “em estudo o desenvolvimento de uma concessão ligada ao ambiente e ecologia, num contexto total ou parcial do edifício”. Isto significa que o Panorâmico de Monsanto poderá ser entregue a um privado para este realizar a exploração de todo o espaço ou de uma parte dele (por exemplo, a parte que não seja ocupada pelos serviços municipais). Desta forma, a Câmara pouparia na reabilitação do edifício, uma vez que esse privado custaria a obras de reabilitação. Este modelo de concessão não seria inédito. Outros espaços verdes da cidade de Lisboa têm gestão partilhada entre o município e um privado, que, por exemplo, explora esses equipamentos comercialmente através de uma cafetaria e da respectiva esplanada.

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O Vereador da Estrutura Verde de Lisboa referiu ainda que a reabertura do Panorâmico com uma nova dinâmica obrigará a a “intervenção nas infraestruturas viárias de acessos, uma vez que não comportam o expectável aumento de tráfego automóvel, como de veículos turísticos”. O edifício está localizado na Estrada da Bela Vista, um arruamento de dois sentidos que, há vários anos, passou a ter uma via de sentido único e a outra via ocupada com uma pista bidireccional para bicicletas (e peões).

90 anos de Monsanto

Na Assembleia Municipal, Ângelo Pereira revelou também que a autarquia está “a preparar um conjunto de acções e projectos que irão ser anunciados em breves” para assinalar os 90 anos do Parque Florestal de Monsanto. “Iremos anunciar um plano”, disse aos deputados, adiantando algumas dessas novidades: a recuperação de vias de circulação e respectivos sistemas de drenagem pluvial, “muito degradados, alguns devido às intempéries de Novembro de 2022”; a implementação de “soluções de drenagem sustentáveis”, como bacias de retenção; o “desenvolvimento de novas ligações ecológicas”, incluindo um “eco-viaduto”, novos passadiços e “passagens desniveladas que liguem o Parque à cidade”; a recuperarão de mobiliário urbano, de alguns parques de estacionamento e de instalações sanitárias; a criação de “estações de biodiversidade” para observação de aves, por exemplo; a colocação de nova sinalética informativa e direccional; terminar o regulamento de utilização do Parque Florestal; e ainda a implementação da ciclovia na Estrada do Calhariz de Benfica.

Recorde-se, a propósito desta ciclovia, que a EMEL tinha lançado, em 2021, o concurso público para este projecto, procedimento que ficou deserto. A EMEL vai retomar o processo”, revelou o Vereador da Estrutura Verde, deixando mais descanso o Presidente da Junta de Freguesia de Benfica. Ricardo Marques tem defendido a construção dessa ciclovia na Estrada do Calhariz de Benfica – projecto que inclui também um corredor verde e espaço pedonal, com o estreitamento do canal rodoviário –, pois quer criar junto à rotunda de Pina Manique uma entrada preferencial em Monsanto, ligada à estação de comboio de Benfica e à restauração típica portuguesa do bairro do Calhariz Velho e da Buraca.

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