Tempestade “Martinho” deitou abaixo imensas árvores. Agora é preciso replantá-las

Chega à casa dos milhares o número de árvores que, em poucos dias, se perderam na área metropolitana de Lisboa. A Câmara da capital já anunciou que vai plantar 1350 árvores na sequência da tempestade “Martinho”.

Em Lisboa, 1350 árvores caíram por causa da tempestade “Martinho” (fotografia LPP)

Lisboa – não só a cidade mas toda a sua área metropolitana – perdeu inúmeras árvores em poucos dias. Os números são pouco absolutos, mas o impacto que a tempestade “Martinho” é indiscutível: está visível nas ruas, jardins, parques e até cemitérios. A Câmara de Lisboa já anunciou que vai plantar 1350 árvores na sequência da devastação que a tempestade “Martinho” provocou na capital. “Vamos recuperar as árvores que caíram na tempestade. Vamos plantar 1350”, anunciou a Vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, nesta terça-feira numa conferência de imprensa.

A tempestade “Martinho” passou por Portugal na semana passada, deixando um rastro de estragos pelo país e também pela área metropolitana de Lisboa. As rajadas de vento muito forte, com velocidades de 120 km/h, associadas a chuva intensa não deram descanso à Protecção Civil, Bombeiros e polícias, principalmente na noite de 19 para 20 de Março – a noite mais intensa desta tempestade. Queda de estruturas como painéis publicitários ou sinalização vertical, danos em revestimentos e inundações levaram a estradas cortadas, carros destruídos e outros danos que ainda estarão a ser contabilizados. Mas as principais complicações decorreram da queda de árvores.

Ao início da manhã do dia 20 de Março, a Câmara de Lisboa fazia um balanço de 220 quedas de árvores, representando aproximadamente 47% das ocorrências registadas na capital. Contas feitas no final da tempestade, a 24 de Março, o número foi bem superior: 1350 árvores. O Parque Florestal de Monsanto e os cemitérios foram zonas particularmente afectadas, mas também se verificaram registos de quedas de árvores em parques, jardins e arruamentos da cidade – algumas dessas árvores danificaram bens públicos e privados, como automóveis estacionados na via pública.

Por outras palavras, Lisboa perdeu com o “Martinho” 18 vezes mais árvores que aquelas que têm estado em discussão na polémica da 5 de Outubro. “Caíram 1350 árvores e vamos replantá-las”, afirmou Joana Almeida, referindo que “já plantámos, nestes três anos, 46 mil árvores e 95 mil arbustos”

Se olharmos para o conjunto da área metropolitana, o cenário de devastação provocado pela tempestade da última semana é ainda mais assinalável. O LPP pediu dados aos 18 municípios, mas nem todas remeteram números. Em Oeiras, na noite de 19 para 20 de Março, houve registo de 232 registos de quedas de árvores. Em Almada, na primeira noite, o “Martinho” deitou abaixo 208 árvores – menos 252 árvores se contarmos todos os dias da tempestade. Vila Franca de Xira tinha, às 18 horas de dia 20, registo de 97 quedas de árvores devido à intempérie. Na Amadora, o balanço feito às 13 horas de dia 20 dava conta de 50 árvores caídas; nos dias seguintes, os ventos fortes deitaram abaixo mais 18 árvores. A Câmara do Barreiro registou 69 ocorrências com a passagem do “Martinho”, mas não especificou o teor. Loures tinha, no final do dia 20, registo da queda de 366 árvores e outras estruturas.

MunicípioNoite de 19 para 20 de MarçoTodo o período da tempestade
Lisbonne2201350
Oeiras232>232
Almada208252
Seixal<362362
Odivelas163*>163*
Amadora5068
Vila Franca de Xira97>97
Barreiro69*>69*
Alcochete38>38
Loures366*>366*
Setúbal20>20
Total<1823>3017
*quedas de árvores e de outras estruturas

No Seixal, registaram-se no município 512 pedidos de socorro a ocorrências entre as 18 horas de 19 de Março e as 23h59 de dia 22 de Março, das quais 363 referentes a quedas de árvores. Em Alcochete, foram registadas, na madrugada de 20 de Março, 38 ocorrências relacionadas com árvores, “na sua maioria foram árvores de pequeno/médio porte”. Já a Câmara de Odivelas disse que, no seu território, foi registado um total de 163 ocorrências durante o período entre as 14 horas do dia 19 de Março e as 12 horas do dia 21 , “essencialmente relacionadas com queda de árvores e estruturas para a via pública”. Setúbal registou 20 quedas de árvores nas primeiras 24 horas da tempestade. (Actualizaremos estes dados, se mais informação nos chegar.)

Junto ao Colombo (fotografia LPP)

Se somarmos todos estes valores e tentarmos extrapolar o impacto nos restantes municípios, estaremos a falar de milhares de árvores perdidas na área metropolitana de Lisboa em pouquíssimos dias. Numa altura em que diferentes autarquias procuram reforçar a sua massa arbórea, depressões como o “Martinho” podem atrasar esses planos. Note-se que uma parte do arvoredo das nossas áreas urbanas é do domínio privado, pelo que caberá a cada proprietário a recuperação dos exemplares que caíram, se assim o entenderem. Mas quanto a tudo aquilo que se perdeu do domínio público, está do lado das autarquias a reposição. O que está, naturalmente, dependente de custos e de processos de contratação pública.

Muitas das árvores que se perderam eram adultas e de grande porte, pelo que, mesmo que sejam repostas agora, demorarão vários anos até atingirem a dimensão que tinham.

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