Cais do Ginjal encerrado: entre os despejos, a precariedade e a incerteza

Ajuda-nos a chegar ร s 500 assinaturas, assina aqui.

No final da semana passada, a Cรขmara de Almada interditou parte do Cais do Ginjal por considerar que hรก um risco de seguranรงa. Cerca de 50 moradores โ€“ vรกrios a residir em barracas โ€“ foram retirados, apesar de alguma resistรชncia inicial. A autarquia criou um alojamento temporรกrio para todos eles numa escola, entretanto encerrado. O Ginjal espera hรก dรฉcadas por obras de requalificaรงรฃo. Para jรก, estรก a ser preparada uma intervenรงรฃo de menor escala para voltar a permitir a circulaรงรฃo pedonal em todo o cais.

Neida vivia no Ginjal numa habitaรงรฃo auto-construรญda (fotografia LPP)

โ€œJรก chamei as televisรตesโ€, atira Sara em voz alta, inquieta com toda a situaรงรฃo. Nรฃo vive no Cais do Ginjal, mas o filho de oito vai passando tempo em casa do pai, Paulo, no nรบmero 46 da Rua do Ginjal. Naquela manhรฃ de 10 de Abril, uma quinta-feira, Paulo iria desalojado pela Polรญcia Marรญtima e pela Cรขmara de Almada. O motivo: o um troรงo do Cais do Ginjal vai encerrar temporariamente mas รฉ necessรกrio desocupar os edifรญcios devolutos a tรญtulo definitivo. A autarquia alega que o local jรก nรฃo รฉ seguro e pede ao Porto de Lisboa uma soluรงรฃo.

โ€œJรก estou hรก 30 anos aqui. O meu pai jรก estava aqui primeiro do que eu, o meu avรด e a minha avรณ tambรฉm, entende? Dizem que isso tem dono, mas os donos nunca vieram reclamar o espaรงo deles. Nunca vieram pedir rendaโ€, afirma Paulo, que agora vive com um primo e uma tia por detrรกs de uma das fachadas em ruรญna do Ginjal. โ€œA minha morada fiscal รฉ esta: Cais do Ginjal, 46โ€, garante. ร‰ aqui que recebe o correio. Tem รกgua, luz e saneamento. โ€œVivo aqui hรก 30 anos jรก, nรฃo estou clandestinoโ€, reafirma Paulo, que faz alpinismo de profissรฃo e, nos tempos de lazer, pescador. โ€œVou para onde agora?โ€

O encerramento do Ginjal

O Cais do Ginjal estรก em risco de derrocada (fotografia LPP)

A Cรขmara de Almada anunciou a 3 de Abril o encerramento do Cais do Ginjal. Para tal, decretou Situaรงรฃo de Alerta, nos termos da Lei de Bases da Protecรงรฃo Civil. Nesse dia, colocou gradeamentos com vista a interditar a circulaรงรฃo de pessoas no Cais do Ginjal, desde as proximidades do terminal fluvial de Cacilhas atรฉ aos estabelecimentos de restauraรงรฃo existentes no Olho de Boi. A Situaรงรฃo de Alerta vigora atรฉ ao prรณximo dia 1 de Maio, podendo ser renovada por mais tempo (รฉ expectรกvel que isso aconteรงa).

Mapa da zona interditada e do percurso pedonal alternativo (via CMA)

โ€œO acelerar da degradaรงรฃo do Cais do Ginjal nos รบltimos tempos, potenciado pelos vรกrios eventos meteorolรณgicos e fenรณmenos naturais que se tรชm vivenciado, determina o encerramento da circulaรงรฃo naquele espaรงo, tendo em vista o restabelecimento das condiรงรตes que possibilitem a sua utilizaรงรฃo em plena seguranรงaโ€, indicava a autarquia no comunicado emitido no dia 3. A Cรขmara anunciava a intenรงรฃo de โ€œencetar todos os esforรงos no sentido de ser reposta a normal circulaรงรฃo, com a maior brevidade possรญvelโ€.

Anunciava tambรฉm a realizaรงรฃo de obras de requalificaรงรฃo da escadaria junto ao Elevador da Boca do Vento, bem como o assinalar os meios alternativos de acesso aos espaรงos que nรฃo ficarรฃo condicionados, nomeadamente os restaurantes no Olho do Boi e o Jardim do Ginjal. No mesmo comunicado, a Cรขmara de Almada diz ter notificado os proprietรกrios do edificado ribeirinho do Ginjal โ€“ que sรฃo privados โ€“, bem como a Administraรงรฃo do Porto de Lisboa (APL), sob a qual recai a responsabilidade do espaรงo pรบblico do cais; e que apresentou ao Governo uma โ€œproposta concretaโ€ para se chegar โ€œuma soluรงรฃo que possibilite a reabilitaรงรฃo daquele espaรงoโ€.

Nas vรกrias portas que se abrem para o Tejo, a Cรขmara de Almada afixou editais a dar conta do encerramento do cais. O aviso falava tambรฉm de uma Zona de Concentraรงรฃo de Apoio ร  Populaรงรฃo (ZCAP) que estava a ser criada na Escola Secundรกria de Anselmo de Andrade, aproveitando as duas semanas de fรฉrias de Pรกscoa, para albergar a meia centena de moradores do Ginjal. A populaรงรฃo do Ginjal recebeu visitas de diferentes serviรงos municipais, incluindo da Protecรงรฃo Civil e da รกrea social, para dar o apoio necessรกrio. 

A resistรชncia

Paulo รฉ um dos moradores do Ginjal (fotografia LPP)

Dos cerca de 50 residentes do Ginjal, alguns saรญram voluntariamente e aceitaram a soluรงรฃo temporรกria proposta pela Cรขmara; outros optaram por ficar. Foi o caso de Paulo. โ€œNa minha opiniรฃo o perigo รฉ para o pรบblico. Se vivemos aqui hรก tanto tempo, acho que nรฃo havia justificaรงรฃo para nos tirarem daqui. Fechavam os portรตes e os moradores ficavam com uma chave. Nรณs passรกvamos e o pรบblico nunca tinha acesso ร  muralha do Ginjalโ€, sugeria. Esta proposta era partilhada por outros vizinhos e pela associaรงรฃo Vida Justa, que se mobilizou para apoiar os moradores, artistas e pescadores do Ginjal, como tem feito noutras situaรงรตes de despejo.

Para a Vida Justa, o problema nรฃo estรก na soluรงรฃo temporรกria oferecida pela Cรขmara mas na existรชncia de uma resposta para as pessoas do Ginjal apรณs as duas semanas de fรฉrias da Pรกscoa. โ€œO que o Municรญpio nรฃo declara, de forma transparente, รฉ o que vai acontecer aos habitantes relativamente a condiรงรตes de realojamento a longo prazoโ€, diz a Vida Justa num comunicado sobre a situaรงรฃo. โ€œOs moradores do Ginjal estรฃo em risco de ser brutalmente retirados da sua rotina, sendo obrigados a faltar ao trabalho ou ร  escola, acumulando problemas pelos quais serรฃo depois penalizadas.โ€

โ€œFicรกmos lรก apenas 10 dias. Acha que, em 10 dias, vรฃo resolver a nossa situaรงรฃo e encontrar uma casa para nรณs? Acha que รฉ em 10 dias que vรฃo arranjar casa para a gente?โ€, contesta Paulo, pouco esperanรงoso. โ€œA Cรขmara nรฃo prometeu nada porque passa para o Porto de Lisboa, o Porto passa para a Polรญcia Marรญtima. E andam a arrastar uns para os outrosโ€se lamente-t-il.

A casa de Paulo e da famรญlia no nรบmero 46 (fotografia LPP)

Sara segurava uma pasta com um conjunto de papรฉis โ€“ cรณpias de e-mails e de outros documentos โ€“ para mostrar aos tรฉcnicos da Cรขmara de Almada e ร  Polรญcia Marรญtima, que naquele 10 de Abril estavam no Ginjal para colocar fora as 30 pessoas que resistiram a ficar. โ€œEu limpo a porcaria delesโ€, diz Sara, funcionรกria de limpeza da Marinha, apontando para uma embarcaรงรฃo da Polรญcia Marรญtima que navegava ao largo do Ginjal. โ€œTenho um advogado a tratar disto. Estรฃo aqui os papรฉis todos e tenho testemunhas para provar que vivo aqui hรก 30 anosโ€, diz Paulo, acompanhando de alguns amigos, que se juntaram naquela manhรฃ para dar o apoio necessรกrio.

โ€œHรก uns anos atrรกs deram isso ao meu pai para tomar conta. E assim ficou. O dono morreuโ€, explica Paulo. โ€œQuando chove nรฃo consigo estar com o meu filho, estamos um bocadinho e depois ele vai ร  sua vidaโ€, conta. A mรฃe confirma: โ€œO meu filho sรณ nรฃo dorme aqui. Mas faz a vida toda dele aqui, sรณ quando chove รฉ que nรฃo vem porque ele nรฃo tem condiรงรตes para estar com o filhoโ€, explica Sara, que tem uma habitaรงรฃo prรณpria para si e para o filho de oito. De, pasta na mรฃo estรก determinada a salvaguardar a permanรชncia de Paulo e da famรญlia no Cais do Ginjal. โ€œEu jรก chamei a televisรฃoโ€, repete. โ€œDaqui desta barraca, trato eu. Eu resolvo o problemaโ€, diz determinada.

O anรบncio do encerramento do Cais do Ginjal atinge os seus 50 moradores, mas tambรฉm pescadores e artistas que, nos รบltimos anos, tรชm feito deste local a sua casa profissional e, em alguns casos, residencial tambรฉm. Se a restauraรงรฃo do Ginjal nรฃo รฉ afectada, o mesmo nรฃo se pode dizer do espaรงo Gira Ginjal, onde funcionam residรชncias e ateliรชs de artistas, ou do armazรฉm que alberga uma sรฉrie de pescadores. Jรก vamos ร s suas histรณrias, mas importa esta nota agora para realรงar que no Ginjal convivem diferentes realidades e que todas elas estรฃo a ser afectadas por esta situaรงรฃo.

Ao longo do cais, hรก uma fileira de fachadas de antigos espaรงos industriais e comerciais, devolutos hรก muito tempo. ร‰ a chamada โ€œmuralha do Ginjalโ€, como รฉ conhecida popularmente. Algumas dessas fachadas dรฃo acesso a armazรฉns parcialmente intactos que foram transformados em espaรงos de trabalho; outras sรฃo apenas fachadas e, do lado de lรก, nรฃo hรก nada alรฉm de habitaรงรตes auto-construรญdas, vulgo barracas, que assinalam a crise habitacional que atinge a รกrea metropolitana de Lisboa (e nรฃo sรณ). Uma realidade que estรก escondida dos olhares dos turistas que diariamente visitam o Ginjal, que pela vista privilegiada sob Lisboa, o Tejo e a Ponte 25 de Abril se tornou um dos locais mais procurados da รกrea metropolitana.

As barracas fora dos olhares

Atrรกs das ruรญnas do Ginjal, escondem-se habitaรงรตes auto-construรญdas (fotografia LPP)

Ao lado da casa de Paulo e da sua famรญlia, tambรฉm uma habitaรงรฃo auto-construรญda, uma porta entreaberta deixa adivinhar movimento. Neida, cabo-verdiana de 37 anos, estรก ร  entrada. Depois de lhe explicarmos que nรฃo somos da polรญcia nem da Cรขmara, convida-nos a entrar. Estรก em Portugal hรก menos de um ano, a viver no Ginjal. Sem trabalho e sem capacidade de pagar uma renda, restou-lhe construir uma casa. Diz que deu โ€œ5 mil eurosโ€ pela construรงรฃo de uma โ€œbarracaโ€ de tijolo e cimento; estรก agora a pagar essa dรญvida. Diz que foram โ€œamigos e vizinhosโ€ a ajudar na construรงรฃo. 

A barraca onde Neida vive tem um frigorรญfico, uma mesa para comer, um colchรฃo e pouco mais. Tem electricidade e a รกgua vai buscar com cantis a chafarizes pรบblicos ou onde houver. O lixo ou รฉ deitado ali ou acumulado para ser deixado num contentor prรณximo. Ao lado da sua porta, hรก mais duas ou trรชs idรชnticas: รฉ um pequeno edifรญcio nas traseiras do Ginjal. โ€œTenho trรชs filhos, dois filhos menores e um com 19 anos. Estรฃo na escolaโ€, conta, explicando que, sem trabalho, nรฃo tem possibilidade de pagar uma renda.

ร‰ com o telemรณvel e a ajuda da internet que Neida vai tentando encontrar trabalho โ€“ diz que nรฃo tem tido sorte. Curiosamente, naquele dia, recebeu uma chamada para fazer limpezas na zona do Pragal. A notรญcia trouxe-lhe algum alรญvio, mas Neida ainda nรฃo quer festejar: sรณ no dia seguinte saberรก se a proposta se concretiza e, mesmo que sim, trata-se apenas de algo temporรกrio. Maria Isabel, 45 anos, tambรฉm cabo-verdiana, despacha-se a pedir o contacto ร  vizinha Neida. Estรก hรก trรชs anos em Portugal e hรก um no Ginjal โ€“ dividia casa com a mรฃe mas incompatibilidades familiares empurraram-na para fora desse lar. Tem trabalhado mas sรฃo sempre situaรงรตes temporรกrias e pontuais, que nรฃo lhe dรฃo estabilidade para arrendar uma casa para si. A soluรงรฃo foi construir uma habitaรงรฃo no Ginjal. Soube do local por intermรฉdio de algum conhecido e foi tambรฉm com ajuda que construiu a sua barraca.

A casa de Maria Isabel รฉ mais precรกria que a de Neida. Nรฃo tem tijolo nem cimento, sendo feita de alumรญnio e contraplacado velho. Hรก paus a segurar um dos cantos da barraca. Maria diz que chove lรก dentro. โ€œNinguรฉm quer morar assim. Quem quer? Ninguรฉm querโ€, diz Maria, que trabalha nas limpezas cobrindo horas e fรฉrias de outros. โ€œNunca tive trabalho certo. Quem vai alugar uma casa assim, nestas condiรงรตes a alguรฉm?โ€, refere com tristeza.

O caminho para as habitaรงรตes auto-construรญdas de Neida e Maria Isabel รฉ feito pelo meio de mato โ€“ quando chove, รฉ lama; ร  noite, nรฃo hรก luz. Pelo terreno, vemos mais uma sรฉrie de barracas que as pessoas foram erguendo como conseguiam. Umas sรฃo construรงรตes mais precรกrias que outras.

โ€œA ideia รฉ a sobrevivรชnciaโ€

No Ginjal encontrรกmos vรกrios cรฃes (fotografia LPP)

Neida e Maria Isabel estรฃo hรก pouquรญssimo tempo no Ginjal; histรณria diferente tรชm Paulo, como jรก vimos, e tambรฉm Abel, de 22 anos. Vive com o pai numa casa que atravessou trรชs geraรงรตes, tambรฉm auto-construรญda. โ€œPassou pelo meu avรด, pelo meu pai, e agora vivo eu e o meu paiโ€dit-il. โ€œIsto estava tudo desocupado. Havia aqui um senhor que morava nesta casa, que esta รฉ a casa mais antiga. Isso aรญ hรก uns 30 anos. Ele arranjou este espaรงo ao meu avรด, entendes?โ€ Abel diz que โ€œa Cรขmara sabeโ€ onde ele e o pai estรก a viver. โ€œSabe os nossos nomes, tem os nossos documentos. A nossa morada estรก aqui. Se nรฃo pudรฉssemos estar aqui, porque รฉ que que nos deixaram ficar nestes 20, 30 anos?โ€, argumenta o jovem. โ€œConstruรญmos tudo. Os nossos quartos, tudo. Nรณs criamos as nossas prรณprias condiรงรตes, entendes o que eu estou a dizer?โ€ 

โ€œE elesโ€ โ€“ ou seja, os residentes mais recentes do Ginjal โ€“ โ€œconstruรญram as coisas deles, com as prรณprias mรฃos. Porque a ideia รฉ a sobrevivรชncia, manoโ€, refere Abel, para quem a chegada de novos moradores nรฃo รฉ uma questรฃo. โ€œEstรฃo ali, nรฃo estรฃo a incomodar ninguรฉm. Ninguรฉm passa ali, sรณ eles.โ€ A mesma leitura nรฃo tรชm Paulo e alguns amigos, para quem as novas barracas podem ter empurrado a autarquia a agir.

Abel alega que tรชm recebido da autarquia pouca informaรงรฃo e informaรงรฃo confusa. โ€œCada dia รฉ uma razรฃo diferente. Primeiro foi porque havia buraco โ€“ e รฉ um facto que hรก um grande buraco ali, enorme, hรก um ano e tal โ€“, depois disseram-me que as rochas aqui em cima estรฃo em perigo de derrocada por causa da chuva e do mau tempo, e que podem cair a qualquer momentoโ€, afirma. โ€œMas eu acho que a razรฃo para quererem tirar-nos daqui รฉ para fazerem algo novo.โ€ O que, para Abel, โ€œestรก certoโ€, mas รฉ precisa clareza. โ€œChegam aqui e รฉ para sair. Ficamos na escola duas semanas, mas e depois? Como vรฃo ser as nossas vidas? A รบnica coisa que nos disseram รฉ: logo se vรช como vai ser. Hรก falta de informaรงรฃo. Estรก a ser mal feito.โ€

โ€œEra justo haver tempo para sairmos daqui e termos as coisas todas tratadas. Hรก pessoas que estรฃo aqui a viver e que nรฃo tรชm documentos. Se saรญrem daqui, vรฃo para uma escola, e se forem para a rua, nรฃo tรชm como… Vai ser mais difรญcil para terem documentos, trabalho…โ€, explica o jovem.

Enquanto conversamos com os moradores do Ginjal, o movimento mediรกtico vai crescendo naquela manhรฃ de 10 de abril. Jornalistas da RTP, SIC, Lusa e SAPO 24 vรฃo chegando ao local, onde jรก estรฃo vรกrios oficiais da Polรญcia Marรญtima e tรฉcnicos da Cรขmara de Almada. No entanto, os despejos anunciados para esse momento ainda nรฃo comeรงaram. A Polรญcia mantรฉm-se presente, atenta mas em compasso de espera; e os tรฉcnicos municipais parecem focados sobretudo no bem-estar dos animais de companhia dos residentes. A sensaรงรฃo รฉ de que queriam ganhar tempo โ€“ pareciam estar ร  espera de que, perante a ausรชncia de acรงรฃo, os jornalistas se afastassem, permitindo que as pessoas pudessem ser retiradas longe das objectivas.

O despejo inevitรกvel

Nuno e a o seu cรฃo (fotografia LPP)

โ€œO meu nome รฉ Nuno Miguel e estou disponรญvel para dar entrevistaโ€, ouve-se de rompante. Um homem de blazer por cima de uma t-shirt, com barba aparada e o seu cรฃo, Bart, passa pela multidรฃo, e pelas cรขmaras de televisรฃo. โ€œSe nรฃo querem entrevista, peรงo ร  concorrรชnciaโ€, completa. Confiante, Nuno avanรงa atรฉ ร  porta a seguir ร  de Nuno. Serรก a nรบmero 47, a sua. Fomos ao seu encontro. โ€œEsta รฉ a minha casa. Nรฃo รฉ sรณ de agora. Jรก รฉ a minha casa desde 2019โ€nous dit. โ€œEstou registado e a casa tambรฉmโ€, acrescenta para afastar qualquer dรบvida. โ€œPortanto, eu nรฃo estou aqui ร s escuras. Sempre tive o cuidado de regularizar a minha situaรงรฃo. โ€œSou da zona, cresci aqui na zona.โ€

Nuno abre a porta aos tรฉcnicos da Cรขmara antes de falar connosco โ€“ querem saber sobre do seu cรฃo. Depois coloca uma cadeira ร  porta e acende um cigarro. Lรก dentro vemos vรกrias garrafas de vidro vazias amontoadas num pequeno corredor. โ€œEu nรฃo ocupei casa nenhuma. Isto estava tudo destruรญdo, estava abandonado, cheio de lixo, cheio de contaminaรงรฃo. Isto era um antro de droga aqui. E eu รฉ que limpei isto tudoโ€, assegura. Ou seja, era entre ficar na rua e ficar entre paredes. Nรฃo vive sozinho, mas com โ€œadolescentes, jovens adultos que estรฃo na ruaโ€, a quem โ€“ diz โ€“ decidiu dar abrigo โ€œpara nรฃo andarem na ruaโ€ e โ€œse endireitaramโ€. โ€œDepois de se endireitarem, tem que seguir o rumo delesโ€, alega Nuno, sem dar muitos detalhes.

Diz que ganha dinheiro com o que a vida lhe oferece. โ€œTenho as minhas responsabilidades a cumprir, tenho o meu animal para cuidar, tenho que me cuidar de mim. Nรฃo รฉ fรกcil. Nada. Nรฃo tenho subsรญdios de fonte alguma. Nรฃo tenho nenhuma ajuda do Estado. Mas tenho que sobreviverโ€, afirma.

Quanto ao Ginjal, lamenta: โ€œMedidas concretas. Nada. Zero. Vรฃo-nos pรดr onde? Todos juntos a dormir num polidesportivo. Eu vou dormir ao lado de uma mulher com filhos. Nรฃo vou, nรฃo vouโ€garanties. โ€œAgora eu vou para a escola provisรณrio. Quanto tempo? E depois? Daqui a duas semanas, quando comeรงarem as aulas, vou continuar lรก? O que รฉ que vai ser de mim depois? Vou para onde? E as minhas coisas?โ€ Atento ao que โ€œse tem passado no nosso paรญs, noutros concelhosโ€ , Nuno mostra apreensรฃo com soluรงรตes provisรณrias.

A resistรชncia de todas estas pessoas no Ginjal parecia ser em vรฃo. Aos nossos olhos, pelo menos, que jรก tinhamos ouvido da parte da Cรขmara de Almada โ€“ numa conferรชncia de imprensa que detalharemos mais ร  frente โ€“ que as pessoas do Ginjal seriam todas retiradas naquele dia 10 de Abril. E assim aconteceu, da parte da tarde, sem a presenรงa de jornalistas que, por volta das 13 horas, foram postos fora do espaรงo pela assessoria de comunicaรงรฃo da Cรขmara de Almada. Todavia, apesar da inevitabilidade, alguma esperanรงa parecia pairar entre as trรชs dezenas de pessoas que ainda resistiam.ย 

Os despejos contaram com o apoio da Polรญcia Marรญtima (fotografia LPP)

Por nรณs passa, de repente, uma jovem mulher, apressada, sem tempo de se apresentar. Estรก num grupo de pessoas, tambรฉm moradoras. โ€œVamos ร  escola, senhor. Temos uma casa, cinco quartos, temos crianรงas e casaisโ€, diz, meio ofegante e a mostrar, sem desacelerar o passo, a sua identificaรงรฃo e d do seu companheiro. โ€œJรก houve sismos, e nรฃo caiu nada. Nรฃo รฉ agora que tambรฉm deve-te cairโ€, argumenta, contando de forma muito breve que estรก a viver na casa โ€œde um proprietรกrio, que morreuโ€. โ€Depois veio outro senhor que comprou o espaรงo e deu autorizaรงรฃo para nรณs ficarmos lรกโ€, alega.

โ€œA gente jรก gastou muito dinheiro, na luz, na รกgua e a pรดr tudo bem. Agora vem a Cรขmara e a Polรญcia Marรญtima dizer que temos que sair, porque isto pode ruir a qualquer momento. Querem dar-nos duas semanas numa escola, num espaรงo com 50 homens e mulheres a dormir no mesmo sรญtio. Acho isso uma falta de respeitoโ€il conteste. โ€œEu trabalho, o meu marido trabalha e muita gente que vive aqui trabalha. Sรณ nรฃo temos dinheiro para alugar uma casa.โ€ 

A conversa acelerada com esta senhora contrasta com a aparente calma do armazรฉm de pescadores. ร€ porta, dois reformados ajudam a โ€œesticar o fioโ€ da pesca. Quando bem estendido, chega praticamente ao portรฃo que a Cรขmara de Almada instalou para bloquear o acesso ao Ginjal โ€“ portรฃo que vai ficar fechado naquele dia 10 de Abril, com a chave a cargo da Protecรงรฃo Civil. Zรฉ, um dos reformados, explica-nos: โ€œTemos de esticar o fio se nรฃo enrola depois na pesca.โ€ Zรฉ e o amigo, que tambรฉm jรก encerrou a vida profissional activa mas que nรฃo nos deixou o nome, nรฃo sรฃo do Ginjal mas aparecem aqui para โ€œpassar o tempoโ€ โ€“ e ajudar os pescadores, claro. Sobre os despejos, pouco ou nada sabem. โ€œNรฃo sei nada dissoโ€, diz Zรฉ num tom despreocupado.

Quem tambรฉm nรฃo estรก preocupado รฉ um dos pescadores daquele espaรงo, que ficou em terra. โ€œIsto nรฃo รฉ nada com a gente. Vรฃo fechar ali mas tรชm de dar acesso a quem cรก estรกโ€, comeรงa por afirmar. โ€œEu sou pescador, mas sรณ eu estou aqui a ajudรก-los, estรก a perceber? O mestre, os donos dos barcos, esse รฉ que tem que resolver o problema. Eles รฉ que saem sempre prejudicados.โ€

โ€œVenha lรก aquiโ€, diz-nos, levando-nos para um dos pontรตes e apontando para a arriba que estรก por cima do Ginjal e que tambรฉm รฉ uma das preocupaรงรตes da autarquia. โ€œAgora diga-me lรก daqueles prรฉdios ali em cimaโ€, comeรงa, assinalando uma fileira de edifรญcios sob a arriba aparentemente instรกvel. โ€œEstรฃo tรฃo preocupados com o cais, que estรก assim hรก sete ou oito anos…โ€, desabafa, sem terminar a frase. โ€œPassam aqui centenas de milhares de pessoas todos os dias. Isto รฉ o melhor sunset do mundo. E a Cรขmara estรก preocupada agora com um buraco de que nรฃo assume a responsabilidade pela reparaรงรฃo. E depois isto รฉ o jogo do empurra. O Porto de Lisboa tem grande responsabilidade nisto tambรฉm.โ€

Os esclarecimentos da Cรขmara

O acesso ao Ginjal por Cacilhas (fotografia LPP)

โ€œComo sabem, nรฃo foi de รขnimo leve que a Cรขmara Municipal de Almada se viu obrigada a decretar a situaรงรฃo de alerta no รขmbito da Lei de Bases de Proteรงรฃo Civil e que, a partir de hoje, serรก interditada a circulaรงรฃo de pessoas no Cais do Ginjal.โ€ Foi assim que Inรชs de Medeiros, presidente da cรขmara, iniciou a conferรชncia de imprensa marcada para o mesmo dia e ร  mesma hora em que estavam previstos os despejos. โ€œSabemos como este espaรงo รฉ querido de todos os almadenses e de todos aqueles que nos visitam. Esperamos que seja pelo perรญodo mais curto possรญvelโ€

Aos jornalistas, a autarca afirmou que, dado โ€œo estado de degradaรงรฃo extrema desta zona do domรญnio pรบblico hรญdricoโ€, nรฃo houve outra alternativa que nรฃo a interdiรงรฃo de circulaรงรฃo. โ€œQuero deixar bem claro que a interdiรงรฃo do caso de Ginjal รฉ uma decisรฃo tomada com base exclusivamente por motivos de seguranรงa sobre proposta tรฉcnica dos serviรงos competentesโ€, disse. Medeiros explicou que o risco na zona foi agravado pelos โ€œdias consecutivos de chuvaโ€ e โ€œfenรณmenos naturais de intensidade excepcionalโ€, como a tempestade Martinho. โ€œA arriba, que รฉ muito sensรญvel, estรก neste momento encharcada, pelo que ela prรณpria รฉ um fator de riscoโ€a-t-il expliquรฉ. โ€œO estado dos edifรญcios e da arriba agravou-se de tal maneira que, face ao parecer dos serviรงos de Protecรงรฃo Civil, a Cรขmara Municipal de Almada  viu-se obrigada a retirar daquele espaรงo as pessoas que os ocupavam. Volto a sublinhar, o que estรก em causa รฉ uma situaรงรฃo de risco extremo para todos os que ali se encontramโ€, acrescentou, referindo que โ€œos edifรญcios devolutos e em risco de derrocada sรฃo propriedade privada, pelo que os proprietรกrios tรชm sido reiteradamente notificados para a consolidaรงรฃo dos mesmosโ€.

Segundo Inรชs de Medeiros, a autarquia tem feito o acompanhamento da populaรงรฃo do Ginjal, referindo que โ€œestamos perante realidades muito diversas e uma populaรงรฃo muito flutuanteโ€, โ€œentre a qual se encontravam crianรงasโ€; e referiu a activaรงรฃo da Zona de Concentraรงรฃo de Apoio ร  Populaรงรฃo (ZCAP) na Escola Secundรกria de Anselmo de Andrade, onde as pessoas poderรฃo pernoitar e onde โ€œterรฃo alimentaรงรฃo, instalaรงรตes sanitรกrias, apoio psicolรณgico e todo o apoio social possรญvelโ€. โ€œNos รบltimos dias, os serviรงos da autarquia tรชm mantido contacto com estas pessoas com o objectivo de as ajudar a encontrar, desde jรก, uma soluรงรฃo definitivaโ€, acrescentou a responsรกvel, referindo que esse trabalho serรก feito โ€œdurante as prรณximas duas semanasโ€

Inรชs de Medeiros esclareceu ainda: โ€œNรณs jรก tรญnhamos identificado espaรงos para acolher quatro famรญlias com crianรงas que jรก tinham aceite e tinham concordado serem retiradas ainda ontem [9 de Abril] para nรฃo irem para um pavilhรฃo.โ€ Segundo a Presidente da Cรขmara afirmou que algumas pessoas โ€œforam dissuadidasโ€ de aceitar a resposta temporรกria dada pelo Municรญpio. โ€œInfelizmente, quando os nossos serviรงos sociais lรก foram, as pessoas disseram que tinham sido convencidas por associaรงรตes a nรฃo aceitarem esta retirada enquanto nรฃo houvesse garantias de realojamento. Eu devo dizer que, ao nรฃo aceitarem, as prรณprias pessoas e as suas crianรงas estรฃo a expรดr-se a uma situaรงรฃo de riscoโ€, reforรงou, clarificado que โ€œsempre houve alguรฉm a pรดr em causa a seguranรงa โ€“ nomeadamente pela concentraรงรฃo de pessoas, em especial menores, como sucedeu โ€“ tomaremos todas as medidas necessรกrias, incluindo apresentar queixa ร s entidades competentesโ€

Oficiais da Polรญcia Marรญtima e tรฉcnicos da Cรขmara de Almada no contacto com a populaรงรฃo no dia 10 de Abril (fotografia LPP)

Inรชs de Medeiros referiu que foi marcada para 14 de Abril, esta passada segunda-feira, uma reuniรฃo com a Administraรงรฃo do Porto de Lisboa (APL), que tem a jurisdiรงรฃo do espaรงo pรบblico e portuรกrio do do Cais do Ginjal mas que, numa declaraรงรฃo ร  Lusa, parecia estar a esquivar-se de responsabilidade. Confrontada pela agรชncia noticiosa sobre a degradaรงรฃo em que se encontrava o Ginjal, a APL respondeu que โ€œapesar de a รกrea em questรฃo se encontrar sob jurisdiรงรฃo portuรกria, nรฃo se trata de domรญnio pรบblico marรญtimoโ€, indicava ร  Lusa, esclarecendo que apenas lhe compete โ€œadministrar, licenciar e fiscalizar os bens do domรญnio pรบblico que lhe estรฃo afectosโ€. No esclarecimento da APL, โ€œo Cais do Ginjal, incluindo o arruamento a sul e a muralha, constituem propriedade privada, embora limitada pela existรชncia de uma servidรฃo de uso pรบblico, pelo que a intervenรงรฃo que serรก necessรกria efectuar nรฃo integra o รขmbito das competรชncias desta Administraรงรฃo Portuรกriaโ€, podia ler-se, dizendo, no entanto que assumiu o compromisso de โ€œprestar toda a colaboraรงรฃo tรฉcnica ร  Cรขmara Municipal de Almadaโ€ e de โ€œapresentar uma soluรงรฃo tรฉcnica para intervenรงรฃo no localโ€.

โ€œEu devo dizer que atรฉ agora a APL nรฃo rejeita que tem jurisdiรงรฃo sobre aquela questรฃo O comunicado apenas rejeita que tenha que pagar qualquer factura, mas isso รฉ outra matรฉria e รฉ isso que nรณs iremos clarificar com a APLโ€, dizia Medeiros, referindo-se ร  reuniรฃo que terรก decorrido nesta segunda.

Na conferรชncia de imprensa, que durou cerca de 20 minutos, a Presidente da Cรขmara destacou que a prioridade รฉ โ€œgarantir as condiรงรตes de seguranรงa daquele local e abri-lo tรฃo breve quanto possรญvelโ€ e referiu que, para tal, vai ser encontrada โ€œuma alternativa a curto prazoโ€, pois o projecto definitivo de reabilitaรงรฃo do Cais, que รฉ conhecido e que destacamos mais ร  frente, seria incomportรกvel de realizar em curto espaรงo de tempo. 

โ€œUma obra estrutural nรฃo se faz em curto espaรงo de tempo e estรก dependendo, como sabem, de um Plano de Pormenor aprovado. Uma obra que seja mais pontual e que permita restabelecer uma circulaรงรฃo em seguranรงa, รฉ isso que tambรฉm estรก a ser analisado e tem que ser articulado com o Porto de Lisboaโ€, deixou bem claro. Segundo a autarca, jรก nรฃo hรก mais remendos que se podem fazer no cais. Atรฉ lรก, o Ginjal estarรก encerrado, mais concretamente no troรงo entre o cais de Cacilhas e a zona de restauraรงรฃo, onde estรก o conhecido Ponto de Encontro. Duas barreiras de chapa metรกlica com uma porta vรฃo garantir que ninguรฉm passa para o local temporariamente interdito. โ€œA porta estarรก fechada e a chave estarรก a cargo da Proteรงรฃo Civilโ€, referiu Medeiros, lamentando que as barreiras e sinalizaรงรฃo previamente colocadas nรฃo tenham surtido efeito. โ€œAs pessoas nรฃo sรฃo muito respeitadoras das vaias; teve de se tomar uma medida mais eficaz.โ€

Uma zona ร  espera de respostas

O Cais do Ginjal aguarda hรก dรฉcadas por reabilitaรงรฃo. Desde 2008, pelo menos. Foi nesse ano que se iniciou a elaboraรงรฃo de um Plano de Pormenor que definiria o futuro do local e que sรณ ficaria pronto em 2018, tendo, nesse ano, sido apresentado ร  populaรงรฃo no Fรณrum Romeu Correia com um perรญodo aberto de discussรฃo; depois dessa consulta pรบblica, o plano foi concluรญdo e aprovado definitivamente em 2020/21. Desde entรฃo, nada mudou no Ginjal.

O Plano de Pormenor prevรช a transformaรงรฃo da zona com habitaรงรฃo, comรฉrcio, serviรงos e um hotel. As obras ficaram quase todas a cargo de um grupo imobiliรกrio madeirense, a AFA, proprietรกrio da maioria dos terrenos e edifรญcios do Ginjal, adquiridos entre o final dos anos 1990 e o inรญcio deste sรฉculo. As obras de reabilitaรงรฃo do Ginjal, estimadas em 300 milhรตes de euros e com uma duraรงรฃo de cerca de 10 anos, criariam  um hotel com 160 quartos, cerca de 300 habitaรงรตes, comรฉrcio, serviรงos, equipamentos culturais e sociais e um silo automรณvel para 500 carros numa รกrea bruta de construรงรฃo de 90 mil metros quadrados. O projecto, detalhado num artigo de 2023 do jornal Mensagem de Lisboa, alargaria o espaรงo pรบblico, permitindo que o espaรงo pudesse ser apropriado tambรฉm pela populaรงรฃo nรฃo residente.

Excerto do Plano de Pormenor do Cais do Ginjal (via CMA)

Segundo a Cรขmara de Almada, o Plano de Pormenor do Cais do Ginjal, que abrange uma superfรญcie de aproximadamente 8,44 hectares, prevรช nรฃo sรณ a โ€œrequalificaรงรฃo, recuperaรงรฃo e revitalizaรงรฃoโ€ do espaรงo, โ€œassente na manutenรงรฃo do carรกter e das particularidades espaciais existentes, nomeadamente as proporรงรตes volumรฉtricas da primeira linha de fachadaโ€, como tambรฉm a โ€œestabilizaรงรฃo sustentรกvel da arriba, mantendo o espaรงo o mais naturalizado possรญvelโ€, e salvaguardando โ€œa seguranรงa das pessoas e bens e as acessibilidades ao localโ€. Previa ainda a โ€œdinamizaรงรฃo cultural, patrimonial e turรญsticaโ€ do Ginjal, nomeadamente com a โ€œcriaรงรฃo de condiรงรตes favorรกveis ร  atraรงรฃo de indรบstrias criativasโ€.

O Plano de Pormenor do Cais do Ginjal pode ser consultado ici.

A desactivaรงรฃo da ZCAP

A Zona de Concentraรงรฃo e Apoio ร  Populaรงรฃo (ZCAP) estabelecida na Escola Secundรกria de Anselmo de Andrade foi desactivada no final de dia desta terรงa-feira, 15 de Abril. O anรบncio foi feito pela Cรขmara de Almada, indicando que foram โ€œencontradas respostas temporรกrias de emergรชncia mais adequadas para 18 pessoas que ainda precisam de apoioโ€

โ€œA autarquia continuarรก a fornecer refeiรงรตes e a apoiar estas pessoas no seu processo de autonomizaรงรฃo, enquanto durar a Situaรงรฃo de Alertaโ€, indica a mesma nota, acrescentando que o serviรงo de apoio e atendimento social da Cรขmara vai continuar โ€œactivo e em articulaรงรฃoโ€. โ€œRecorde-se que a CMA referiu, desde a primeira hora, que a ZCAP era uma soluรงรฃo de emergรชncia temporรกria que, sublinhe-se, cumpriu na รญntegra os critรฉrios definidos na Lei de Bases de Proteรงรฃo Civilโ€, termina assim o comunicado.

Gostaste deste artigo? Foi-te รบtil de alguma forma?

Considera fazer-nos um donativo:

  • IBAN: PT50 0010 0000 5341 9550 0011 3
  • MB Way: 933 140 217 (indicar “LPP”)
  • Ou clica aqui.

Podes escrever-nos para mail@lisboaparapessoas.pt.