Contas feitas pelo ISEG dão conta de que, em 2019, a sinistralidade rodoviária custou 6,4 mil milhões de euros ao país à à sociedade – o equivalente a 69% das despesas do Estado em saúde nesse ano.

A sinistralidade rodoviária custou, em 2019, 6,4 mil milhões de euros ao país e à sociedade portuguesa – mais de 3% do PIB do país e o equivalente a 69% das despesas do Estado em saúde nesse ano. As contas foram feitas pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG) para a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), e constam de um importante relatório divulgado recentemente. A grande maioria das vítimas mortais e de feridos resulta de desastres ocorridos em arruamentos urbanos.
Os acidentes rodoviários registados em Portugal no ano de 2019 tiveram um custo económico e social para o país estimado em 6 422,9 milhões de euros, valor que representa 3,03% da riqueza criada no país nesse ano. Desse custo total, a maior fatia (83,5% do total) é referente a acidentes com vítimas, totalizando 5 362,7 milhões de euros (2,53% do PIB), respeitando os restantes 1 060,1 milhões de euros (0,5% do PIB) a acidentes sem vítimas e que geraram apenas danos patrimoniais. Estas são algumas das principais conclusões retiradas do estudo sobre O Impacto Económico e Social da Sinistralidade Rodoviária em Portugal, desenvolvido pelo Centro de Estudos de Gestão do ISEG, e que foi apresentado pela ANSR na semana passada.
Os acidentes de viação registados em Portugal no ano de 2019 tiveram um custo económico e social para o país estimado em 6 422,9 milhões de euros, um valor que representa 3,03% da riqueza criada no país nesse ano. Desse custo total, a maior fatia (83,5% do total) é referente a acidentes com vítimas, totalizando 5 362,7 milhões de euros (2,53% do PIB), respeitando os restantes 1 060,1 milhões de euros (0,5% do PIB) a acidentes sem vítimas que geraram apenas danos patrimoniais.
– relatório O Impacto Económico e Social da Sinistralidade Rodoviária em Portugal (ISEG/ANSR), Outubro de 2021
Entre os acidentes com vítimas, a maior componente do custo total, representando 64,7% desse valor, respeita aos custos humanos, estimados em 3 471,1 milhões de euros (1,635% do PIB). A segunda componente mais expressiva (representando 26,8% do total) refere-se à perda bruta de produção, estimada em 1 438 milhões de euros (0,677% do PIB) em 2019. No seu conjunto, os custos humanos e a perda bruta de produção representam 91,5% do custo total dos sinistros rodoviários em Portugal.
Os danos na propriedade causados por acidentes rodoviários com vítimas são estimados em 263,9 milhões de euros (0,124% do PIB). Os custos com os tratamentos médicos das vítimas de acidentes rodoviários são estimados em 84,6 milhões de euros (0,04% do PIB), enquanto os custos administrativos são quantificados em 78,5 milhões de euros (0,037% do PIB). O valor dos outros custos ascende a 26,6 milhões de euros (0,013% do PIB). Se considerarmos também os acidentes apenas com danos materiais sem vítimas, os danos na propriedade resultantes de acidentes rodoviários com e sem vítimas são estimados em 1 324,1 milhões de euros (0,62% do PIB).
Apesar destes números, nos últimos 25 anos, assistiu-se a uma significativa redução do custo económico e social da sinistralidade rodoviária com vítimas em Portugal, de um valor anual que chegou a ultrapassar 7% do PIB para um valor que estabilizou nos últimos anos em torno dos 2,5% do PIB a preços correntes de 2019. O principal contributo para a redução anual do custo económico e social dos acidentes rodoviários foi dado pelos ganhos significativos registados na redução do número de vítimas com maior grau de gravidade, assinalando-se em particular a redução de 70% no número de vítimas mortais neste período e a diminuição em 80,7% no número de feridos graves.
O estudo divulgado agora é, segundo a ANSR, um instrumento fundamental para a avaliação do impacto das políticas públicas de segurança rodoviária e do investimento em segurança rodoviária, nomeadamente em infraestruturas mais seguras. Entre 1995 e 2019, Portugal investiu cerca de 33,682 milhões em infraestruturas rodoviárias tendo no mesmo período evitado 174.810 milhões de euros em custos económicos e sociais, valor que corresponde a cerca de 82,3% da riqueza criada em Portugal em 2019, e que é mais de cinco vezes superior ao valor investido. Também neste período foram evitadas a perda de 24 140 vidas, de 170 456 feridos graves e de 211 615 feridos leves.
Outras conclusões do estudo:
- Custos humanos são superiores entre as vítimas (condutores, passageiros, peões) do sexo masculino.
- Custos referentes aos feridos leves representam a maior fatia do custo económico e social dos acidentes com vítimas registados em Portugal em 2019, num total de 2 249,9 milhões de euros (1,06% do PIB).
- Custo económico e social médio de uma vítima mortal de sinistro rodoviário é estimado em 3,06 milhões de euros por fatalidade.
- Custo médio para a sociedade de um ferido grave é estimado em 530 828 euros por vítima.
- Atropelamentos constituem a natureza de sinistro com o custo económico e social médio mais elevado entre as diferentes categorias, com um valor estimado em 161 737 euros por acidente.
- Sinistros com vítimas envolvendo veículos agrícolas são por grande margem aqueles com maior custo para a sociedade, estimado em 466.998 euros por acidente.
- Sinistros verificados em vias em mau estado de conservação têm um custo estimado de 186 477 euros por acidente com vítimas.
- Custo da sinistralidade para a sociedade é mais elevado aos domingos e em Agosto.
- Beja é o distrito onde os acidentes rodoviários com vítimas apresentam um custo económico e social mais elevado, com um valor estimado em 379 098 euros por cada acidente com vítimas.