Entre a confusão do trânsito, o ruído dos motores e a poluição dos carros que procuram o caminho de entrada e de saída da cidade, atravessando a Avenida Estados Unidos da América e o bairro de Alvalade, há um corredor verde para aproveitar ao longo daquela grande avenida e entre os enormes blocos habitacionais dos anos 1950-60 que a ladeiam.
Inspirado nas ideias do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, o Corredor Verde da Avenida Estados Unidos da América desenvolve-se, com poucas interrupções, nos intervalos dos blocos habitacionais da avenida, mais concretamente nos seus logradouros, que, ao contrário de outros, são logradouros abertos à cidade e, por isso, de utilização pública.
O renovado Corredor Verde da Avenida Estados Unidos da América começou a ser preparado em 2017, primeiro num troço da avenida mais próximo à Gago Coutinho. Este ano foi finalizado e já pode ser apreciado a pé, entre a rotunda de Entrecampos e a já referida Avenida Almirante Gago Coutinho, passando pelo cruzamento da Avenida de Roma.
Para gerir expectativas, convém dizer que não é um corredor contínuo e que tem algumas interrupções aqui e ali, mas vale a pena o passeio a pé de uma ponta à outra. A construção deste corredor verde esteve a cargo da Junta de Freguesia de Alvalade (JFA), ao abrigo do contrato de delegação de competências com o município de Lisboa. Numa apresentação do projecto, a JFA apontava os pavimentos degradados, a descontinuidade física e visual, a vegetação desvirtuada, a circulação pedonal condicional e problemas ao nível da segurança rodoviária como principais problemas detectados ao longo da Avenida Estados Unidos da América e que se pretendia resolver com esta intervenção.
A criação do corredor verde envolveu a plantação de novas árvores e arbustos, o desenho de novos percursos pedonais que atravessam as áreas verdes, o estabelecimento de novas áreas de estadia, lazer e recreio ao longo da avenida, a criação de dois parques infantis e de um amplo parque canino – talvez o maior parque canino da cidade. O futuro do Corredor Verde da Avenida Estados Unidos da América dependerá agora da sua manutenção. O Lisboa Para Pessoas encontrou os diferentes espaços verdes que integram este Corredor em bom estado no geral, apesar de alguma acumulação de lixo nos caixotes ou de alguns canteiros – nomeadamente nas partes criadas em 2017 – a precisarem de uma breve manutenção.
O que são corredores verdes?
Um corredor verde é uma unidade linear sobreposta a elementos da estrutura ecológica que permite um continuum naturale,promovendo a articulação de património histórico, cultural e paisagístico e contribuindo para melhorar a qualidade ambiental desse território. Para além da função ecológica, os corredores verdes têm uma importantíssima função social e cultural em contexto urbano ou periurbano.
Se, por um lado, permitem a salvaguarda da biodiversidade e dos elementos naturais, por outro ajudam a resolver problemas como a impermeabilização do solo e a poluição atmosférica. Em termos sociais, os corredores verdes são espaços de excelência para a promoção de actividades recreativas e de lazer ao ar livre, ao mesmo tempo que estimulam os modos de deslocação suaves. Contribuem, ainda, para a promoção da educação informal, a conservação do património cultural e a melhoria do património paisagístico.
De Monsanto ao Oriente, foram criados nove corredores verdes que ligam importantes zonas da cidade, contribuindo não só para a concretização do Plano de Acção Local da Biodiversidade de Lisboa, como também para a mitigação e adaptação climática. O Corredor Verde da Avenida Estados Unidos da América não está mapeado em nenhum dos nove corredores da cidade, mas tem a sua proximidade com o chamado Corredor Verde Central.
