
A promessa já tinha sido feita: os autocarros da Área Metropolitana de Lisboa (AML) vão passar a ter uma marca comum – Carris Metropolitana – e a cor amarela que tão bem caracteriza os veículos da Carris. Vai ainda nascer a empresa Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que passará a gerir a Carris Metropolitana e todo o sistema de transportes na AML, incluindo o sistema de bilhética. O concurso público internacional para a aquisição de novos autocarros foi lançado em Fevereiro e existem agora sete propostas em cima da mesa.
O concurso, no valor de 1,2 mil milhões de euros, permitirá um reforço em 40% na oferta de autocarros na AML, que passarão a ser todos iguais, amarelos, e a operar com a marca Carris Metropolitana. O sistema de bilhética será comum e os mapas da rede foram simplificados. Segundo noticiava o jornal Público em Fevereiro, o novo mapa de rede demorou mais de um ano a ser desenhado com o contributo de todos os 18 municípios da AML e com atenção aos movimentos pendulares que existem entre esses concelhos, mas também com os concelhos vizinhos da AML. Contas feitas, vão ser mantidas 127 carreiras das existentes, reforçadas 321 e criadas 130 novas. Municípios como Setúbal, Palmela e Mafra serão dos mais beneficiados com este alargamento da rede, que abrangerá, no total, 2,7 milhões de pessoas.
Para o concurso, a AML foi dividida em quatro lotes, dois na margem Norte e dois na margem Sul do Tejo. Os quatro lotes foram postos a concurso, sendo que, como as empresas vencedores não poderão deter mais de 50% da oferta, não poderão existir dois lotes entregues ao mesmo operador a não ser que um deles seja o lote 4, que tem menor dimensão.
Lotes a concurso
- Lote 1 – Noroeste: carreiras municipais de Amadora, Oeiras e Sintra, e intermunicipais de ligação a Cascais, Lisboa e exterior AML; total de 133 linhas (35 novas); 33% procura (segundo dados do Inquérito à Mobilidade)
- Lote 2 – Nordeste: carreiras municipais de Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, e intermunicipais de ligação a Lisboa e exterior AML; 218 linhas (31 novas); 32% procura
- Lote 3 – Sudoeste: carreiras municipais de Almada, Seixal e Sesimbra, e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa e exterior AML; 116 linhas (43 novas); 18% procura
- Lote 4 – Sudeste: carreiras municipais de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa e exterior AML; 111 linhas (21 novas); 14% procura
Ao concurso lançado puderam concorrer os operadores privados que já operam na AML, mas também outras empresas de fora; por seu lado, as companhias municipais, que já asseguram transportes dentro dos seus municípios – a Carris em Lisboa, a Scotturb em Cascais e a TCB no Barreiro –, não puderam concorrer.
As empresas vencedoras terão um período transitório de dez meses para adaptarem toda a frota às exigências do concurso e à marca Carris Metropolitana. No arranque da operação da nova rede de transportes da AML, não poderão circular autocarros com mais de 16 anos e a idade média exigida é de oito anos; já no quinto ano do contrato, as metas apertam: não poderão circular veículos com mais de 12 anos e a idade média passa para seis.
Quatro vencedores
- Lote 1 – ficará a cargo do consórcio formado pela Scotturb e Vialagus, duas empresas que já estão presentes nesta região (Amadora, Oeiras e Sintra)
- Lote 2 – será operado pela Rodoviária de Lisboa, do grupo Barraqueiro, que já assegura muitos dos percursos nesta zona (Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira)
- Lote 3 – será da responsabilidade da Transportes Sul do Tejo (TST), do grupo Arriva, que também já assegura parte do serviço na região (Almada, Seixal e Sesimbra)
- Lote 4 – ficará nas mãos da Nex Continental Holdings, consórcio formado pela pela Nex Continental/ALSA, pela Transvia e pela Empresa de Transporte Luísa Todi (Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal)
A Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) será responsável por coordenar a ligação entre a Carris Metropolitana com os outros meios de transporte – comboio, metro e barco. A TML passará também a gerir toda a bilhética e plataforma tecnológica associada, substituindo a actual empresa Operadores de Transportes da Região de Lisboa (OTLIS).
O primeiro calendário apontava o arranque da Carris Metropolitana em meados de 2021. Mas o processo atrasou e prevê-se agora que as mudanças passem a visíveis nas ruas no final de 2021 ou início de 2022. De fora da operação da Carris Metropolitana, ficarão as empresas Carris, Scotturb e TCB por serem detidas pelos respectivos municípios – Lisboa, Cascais e Barreiro.